Viver até 150 anos? Especialista de Harvard afirma que o futuro da longevidade já pode ter começado

Viver até 150 anos? Especialista de Harvard afirma que o futuro da longevidade já pode ter começado
Juntos para sempre no amor e na longevidade. Foto: Divulgação/ Getty Images Signature

Um renomado biólogo da Universidade de Harvard sustenta que avanços científicos podem não apenas retardar, mas reverter o envelhecimento, afirmando que a primeira pessoa a alcançar um século e meio de vida já está entre nós. Entenda os fundamentos dessa previsão e o que ela significa para o futuro da humanidade.

A possibilidade de estender a vida humana para além dos limites conhecidos sempre foi um tema relegado à ficção científica. No entanto, para o Dr. David Sinclair, biólogo e professor de genética na Harvard Medical School, essa realidade está mais próxima do que se imagina. Segundo ele, a pessoa que viverá até os 150 anos já nasceu, uma afirmação ousada baseada em décadas de pesquisa sobre os mecanismos biológicos do envelhecimento.

A base de sua convicção não está em uma fórmula mágica, mas em uma nova compreensão do porquê envelhecemos. Sinclair é um dos principais proponentes da “Teoria da Informação do Envelhecimento”, que propõe uma mudança de paradigma: o envelhecimento não é causado pelo acúmulo de danos ao nosso DNA, mas sim pela perda de informação epigenética.

A teoria da informação: reiniciando o relógio biológico

A teoria de Harvard sobre longevidade
Foto: Divulgação/Pexels

Para entender a teoria de Sinclair, é útil pensar no corpo como um sistema computacional. O nosso DNA seria o “hardware”, o código genético fundamental que permanece relativamente estável ao longo da vida. A informação epigenética, por sua vez, seria o “software”, o conjunto de instruções que diz a cada célula como ler e utilizar o DNA.

Com o tempo, devido a fatores como estresse, dieta e danos ambientais, esse “software” começa a se corromper. As células perdem a capacidade de ler as instruções corretas, levando à perda de identidade celular e, consequentemente, ao processo que conhecemos como envelhecimento.

Segundo Sinclair, a grande descoberta é que, assim como um software com falhas, o sistema epigenético pode ser “reiniciado”. Ele afirma que o corpo possui uma cópia de segurança dessa informação original, e a ciência está descobrindo como acessá-la.

Evidências promissoras em laboratório

As alegações do pesquisador não são meramente teóricas. Sua equipe em Harvard já demonstrou resultados concretos em experimentos com camundongos, alcançando feitos notáveis que apoiam a Teoria da Informação. Em um dos estudos mais impactantes:

  • Reversão da Cegueira: Cientistas conseguiram reverter a perda de visão em camundongos idosos e em animais com uma condição semelhante ao glaucoma. Ao “reiniciar” as células do nervo óptico, a equipe restaurou a função visual sem a necessidade de regenerar novos neurônios.
  • Aumento da Capacidade Cognitiva: A mesma abordagem foi utilizada para rejuvenescer células cerebrais, demonstrando uma melhora na capacidade cognitiva dos animais mais velhos.

Esses experimentos, que utilizam um coquetel de genes associados ao desenvolvimento embrionário para reprogramar as células, mostram que é possível reverter os sinais do envelhecimento e restaurar a função de tecidos e órgãos.

O futuro da longevidade e suas implicações

Embora a aplicação dessas tecnologias em humanos ainda dependa de mais pesquisas e testes de segurança, especialmente em primatas, Sinclair acredita que as primeiras terapias poderiam estar disponíveis em um futuro próximo. O objetivo final não é apenas prolongar a vida, mas estender a “healthspan” — o período em que vivemos com saúde e vitalidade.

A perspectiva de uma vida superlonga levanta questões profundas para a sociedade, desde a reestruturação de carreiras e sistemas de aposentadoria até os dilemas éticos sobre o acesso a essas tecnologias. No entanto, o trabalho de cientistas como David Sinclair sinaliza uma mudança fundamental na forma como a medicina encara o envelhecimento: não mais como uma sentença inevitável, mas como uma condição que pode ser tratada e, talvez, revertida.

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