Retrocesso na agenda global de sustentabilidade exige ações urgentes até 2030

Retrocesso na agenda global de sustentabilidade exige ações urgentes até 2030
Foto: Reprodução/ PeopleImages de Getty Images Signature

A promessa de um futuro mais verde e justo, consolidada na agenda de sustentabilidade global, enfrenta hoje seu teste mais crítico. Longe do otimismo de anos anteriores, um crescente sentimento de urgência toma conta de especialistas diante de um perigoso retrocesso.

Os compromissos firmados para 2030, que deveriam guiar a transformação dos negócios e das políticas públicas sob a ótica ASG (ambiental, social e governança), estão sob sério risco, com governos e empresas falhando em traduzir discursos em ações concretas. Este cenário exige uma análise honesta sobre onde erramos e o que precisa ser feito para retomar o caminho certo.

Um alerta que não pode ser ignorado

A agenda de sustentabilidade global, que há poucos anos parecia avançar com força, hoje enfrenta sinais claros de retrocesso. O conceito de ASG — ambiental, social e governança — tornou-se fundamental para orientar práticas corporativas e decisões políticas. No entanto, a implementação dessas diretrizes ainda está longe do esperado. Pesquisas recentes apontam que governos e empresas estão falhando em manter o ritmo necessário para atingir os compromissos estabelecidos até 2030. O cenário acende um sinal de alerta em escala mundial e pressiona todos os setores a buscar medidas mais efetivas.

Desafios ambientais em evidência

Entre os pontos mais críticos, a questão ambiental ocupa lugar de destaque. O aumento da temperatura global, a frequência cada vez maior de eventos climáticos extremos e a perda acelerada da biodiversidade reforçam a urgência de ações coordenadas. Apesar dos avanços em energias renováveis e em soluções de economia circular, o ritmo ainda é insuficiente. A dependência de combustíveis fósseis continua elevada e compromete diretamente as metas de redução de emissões de carbono. Esse cenário mostra que os discursos em conferências internacionais ainda não se traduziram em mudanças estruturais no cotidiano de muitas economias.

Desigualdade social como barreira

O pilar social do ASG também apresenta desafios complexos. A desigualdade econômica e o acesso limitado a serviços básicos dificultam a construção de sociedades mais justas. Em muitos países, a falta de políticas de inclusão e a ausência de oportunidades de trabalho decente aumentam a pressão sobre comunidades vulneráveis. Questões como equidade de gênero, diversidade e combate ao trabalho precário avançaram em algumas empresas, mas ainda não representam uma transformação estrutural. O retrocesso na agenda global de sustentabilidade, portanto, não é apenas ambiental, mas também social.

Governança precisa de mais transparência

No campo da governança, a necessidade de transparência e responsabilidade corporativa nunca foi tão evidente. Empresas que não integram boas práticas de governança correm riscos crescentes de reputação, além de sofrer impactos financeiros. Investidores exigem relatórios claros, indicadores auditáveis e compromissos verificáveis. Ainda assim, muitas organizações insistem em práticas superficiais de marketing verde ou social, conhecidas como greenwashing. Essa postura prejudica a credibilidade do movimento e reforça a percepção de que há um abismo entre o discurso e a prática.

O papel das empresas no cenário atual

As empresas têm papel fundamental para reverter esse quadro. Organizações que adotam práticas de ASG de forma consistente tendem a conquistar maior confiança de consumidores e investidores. Além disso, ao reduzir impactos ambientais, promover diversidade e adotar governança transparente, criam condições mais sólidas para o crescimento de longo prazo. O retrocesso atual mostra que é hora de abandonar iniciativas isoladas e adotar estratégias sistêmicas. Grandes companhias globais já perceberam que a sustentabilidade deixou de ser uma opção e tornou-se requisito para a competitividade.

Responsabilidade compartilhada

Não se trata apenas de uma responsabilidade das empresas. Governos, sociedade civil e instituições financeiras precisam atuar em conjunto para acelerar os avanços. Políticas públicas de incentivo a energias limpas, regulação mais rígida contra a degradação ambiental e programas de inclusão social são fundamentais. Do lado da sociedade, consumidores e cidadãos também exercem pressão por escolhas mais responsáveis. O engajamento coletivo é essencial para transformar compromissos em resultados concretos. O retrocesso só poderá ser revertido se houver colaboração em múltiplas frentes.

Caminhos até 2030

Para atingir as metas de sustentabilidade estabelecidas até 2030, é necessário redobrar os esforços. Isso envolve ampliar investimentos em inovação, estimular cadeias produtivas circulares, fortalecer mecanismos de fiscalização e criar ambientes de negócios que premiem práticas responsáveis. Empresas que integram métricas ambientais e sociais em seus relatórios de desempenho estão mais preparadas para enfrentar crises e se adaptar às mudanças de mercado. Além disso, o desenvolvimento de tecnologias limpas e de modelos de negócio sustentáveis abre espaço para novas oportunidades econômicas e sociais.

Exemplos de transformação positiva

Apesar das dificuldades, existem exemplos que mostram ser possível avançar. Setores como o de energia renovável, agricultura sustentável e mobilidade elétrica demonstram crescimento constante. Empresas que adotaram metas claras de neutralidade de carbono e investiram em diversidade de gênero e inclusão social colhem resultados em reputação e competitividade. Esses casos servem de inspiração e mostram que, mesmo em meio a retrocessos, há iniciativas que apontam caminhos viáveis. O desafio é replicar e ampliar essas práticas para que se tornem padrão em vez de exceção.

Um futuro em disputa

O cenário global deixa claro que os próximos anos serão decisivos. O retrocesso percebido na agenda de sustentabilidade não significa desistência, mas um alerta de que o ritmo precisa mudar. Até 2030, resta pouco tempo para alcançar os compromissos assumidos. O mundo corporativo, os governos e a sociedade civil têm a chance de transformar intenções em ações. A diferença entre avançar ou fracassar nessa trajetória definirá não apenas a competitividade das empresas, mas também a qualidade de vida das futuras gerações.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Lagoa News

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