Terremoto no Afeganistão deixa mais de 1.400 mortos e expõe crise humanitária sob governo do Talibã

Terremoto no Afeganistão deixa mais de 1.400 mortos e expõe crise humanitária sob governo do Talibã
Foto: Reprodução - Reuters/ Stringer

Tremor de magnitude 6,0 destruiu milhares de casas e deixou mais de 3 mil feridos

O Afeganistão enfrenta mais uma tragédia: um terremoto de magnitude 6,0 atingiu o leste do país no último domingo (30), deixando ao menos 1.411 mortos e mais de 3.200 feridos, segundo informações do governo do Talibã e da Sociedade do Crescente Vermelho Afegão. O abalo sísmico, considerado um dos mais fortes dos últimos anos, devastou vilarejos inteiros e reduziu a escombros mais de 8.000 casas em províncias montanhosas de difícil acesso.

Onde o terremoto atingiu

De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), o epicentro ocorreu a apenas oito quilômetros de profundidade, o que potencializou os efeitos do tremor. A região mais atingida foi a província de Kunar, próxima à fronteira com o Paquistão, além de áreas em Nangarhar, Laghman, Nuristan e Panjshir.

A proximidade de Jalalabad,  uma das maiores cidades afegãs, com cerca de 200 mil habitantes, fez com que milhares de pessoas também sentissem os tremores. Moradores da capital, Cabul, a mais de 150 km do epicentro, relataram que correram para fora de suas casas temendo desabamentos.

Situação humanitária agravada pela crise política

O terremoto atingiu o Afeganistão em um momento de profunda crise humanitária. Desde a retomada do poder pelo Talibã em 2021, após a retirada das tropas dos Estados Unidos, o país enfrenta isolamento internacional, cortes severos de ajuda externa e restrições sociais impostas pelo regime.

Organizações humanitárias têm reduzido suas operações diante das regras rígidas do Talibã, principalmente em relação às mulheres, o que dificulta ainda mais o atendimento às populações vulneráveis. A ajuda humanitária ao país caiu drasticamente de US$ 3,8 bilhões em 2022 para apenas US$ 767 milhões em 2025, segundo levantamento da agência Reuters.

Dificuldades no resgate e ajuda internacional limitada

Equipes de resgate relatam chuvas intensas, deslizamentos e estradas destruídas, fatores que atrasam a chegada de socorristas às áreas mais remotas. Muitas vítimas ainda aguardam atendimento em regiões isoladas, onde casas de argila e construções precárias desabaram com facilidade.

Apesar do apelo do Talibã por ajuda internacional, a resposta tem sido limitada. O Reino Unido anunciou financiamento emergencial de £1 milhão (cerca de US$ 1,3 milhão), enquanto a União Europeia e países como Índia, China e Emirados Árabes Unidos enviaram barracas, alimentos e suprimentos médicos. Já os Estados Unidos, embora tenham manifestado condolências, não confirmaram envio de ajuda direta.

Tragédia recorrente no país

O Afeganistão está localizado em uma das regiões sísmicas mais instáveis do mundo e já sofreu com outros tremores devastadores nos últimos anos. Entre 2022 e 2023, terremotos em Paktika e Herat mataram mais de 3.000 pessoas, somando-se a um histórico de tragédias naturais que se agravam diante da pobreza, conflitos e instabilidade política.

Segundo a ONU, só em 2024, mais de 1.000 afegãos morreram em terremotos. Especialistas alertam que a falta de infraestrutura, a precariedade das moradias e a ausência de um sistema de resposta rápida ampliam o número de vítimas em cada desastre.

Solidariedade e incertezas

Enquanto sobreviventes buscam familiares sob os escombros, a população enfrenta uma dura realidade: escassez de alimentos, falta de medicamentos, crise econômica e restrições sociais severas. A combinação de tragédia natural e instabilidade política coloca o Afeganistão diante de uma das piores crises humanitárias da atualidade.

O Itamaraty, em nota oficial, lamentou as perdas humanas e informou que não há brasileiros entre as vítimas.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Lagoa News

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Gabriel - diretor do Lagoa News

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