Primeiro país da aliança a abrir fogo desde o início da guerra na Ucrânia
VARSÓVIA, 10 de setembro de 2025 – A Polônia confirmou nesta quarta-feira (10) ter derrubado drones em seu espaço aéreo, com o apoio de aeronaves militares da OTAN, em meio a um massivo ataque aéreo russo contra a Ucrânia. Esse é o primeiro episódio conhecido em que um país da aliança militar ocidental abre fogo diretamente contra equipamentos de origem russa desde o início da guerra em 2022.
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, classificou o episódio como “a mais grave ameaça desde a Segunda Guerra Mundial”. Segundo ele, embora não haja sinais imediatos de escalada direta, a violação representou uma provocação “em larga escala”.
Operação conjunta da OTAN
De acordo com autoridades militares, 19 objetos não tripulados entraram no espaço aéreo polonês durante a madrugada. Caças F-16 poloneses, F-35 holandeses, aviões de vigilância AWACS italianos e aeronaves de reabastecimento da OTAN foram mobilizados.
A Polônia fechou temporariamente quatro aeroportos, incluindo o Aeroporto Internacional Chopin, em Varsóvia, principal ponto de entrada de suprimentos ocidentais para a Ucrânia. Regiões no leste do país, como Podlaskie, Mazowieckie e Lublin, foram colocadas em alerta máximo.
Um porta-voz da OTAN declarou que o secretário-geral da aliança, Mark Rutte, mantém contato constante com a liderança polonesa. Apesar da gravidade, a aliança trata o episódio como “incursão intencional”, não como um ataque formal.
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Reações internacionais
Moscou negou qualquer responsabilidade. O diplomata russo Andrey Ordash afirmou que as acusações são “infundadas” e que Varsóvia não apresentou provas de que os drones abatidos eram russos.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy acusou Moscou de ter lançado 415 drones e 40 mísseis contra seu país na mesma noite, incluindo oito drones direcionados à Polônia. “É um precedente extremamente perigoso para a Europa. A resposta precisa ser conjunta”, declarou.
Nos Estados Unidos, parlamentares divergiram: o democrata Chris Murphy alertou para a gravidade da situação, enquanto o republicano Joe Wilson classificou o episódio como um “ato de guerra”, pedindo ao presidente Donald Trump sanções mais duras contra Moscou.
Polônia: um país marcado pela guerra
O episódio reacende a memória de um país historicamente vulnerável em conflitos europeus. Durante a Segunda Guerra Mundial, a invasão da Polônia por Hitler em 1939 foi o estopim para o conflito global. O país foi palco de batalhas devastadoras e sofreu milhões de perdas humanas.
Agora, mais de 80 anos depois, novamente a Polônia se encontra no epicentro das tensões entre o Ocidente e a Rússia.
Risco de uma Terceira Guerra Mundial?
A escalada preocupa analistas, que veem a possibilidade de um confronto direto entre Rússia e OTAN. Especialistas alertam que, diferente das guerras do século XX, um conflito em larga escala hoje teria consequências muito mais devastadoras devido ao arsenal nuclear e ao avanço tecnológico bélico.