O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta quinta-feira (11) que não aceitará a criação de um Estado palestino, ao mesmo tempo em que assinou um acordo que permite a expansão de assentamentos israelenses na Cisjordânia, região considerada ocupada pela comunidade internacional.
A declaração ocorre em meio à escalada de tensões no Oriente Médio e à preparação de uma ampla operação militar israelense contra o grupo Hamas na Faixa de Gaza.
Declaração de Netanyahu
Durante um evento em Maale Adumim, assentamento localizado a leste de Jerusalém, Netanyahu afirmou:
“Cumpriremos a nossa promessa: nunca haverá um Estado palestino; este lugar nos pertence. Nós protegeremos nossa herança, nossa terra e nossa segurança.”
Ele esteve acompanhado por membros nacionalistas de sua coalizão, incluindo o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich. Em agosto, Smotrich já havia declarado que a ideia de um Estado palestino “está sendo apagada da mesa, não com slogans, mas com ações”.
Planos de anexação e expansão
O governo israelense já havia anunciado em maio a criação de 22 novas colônias na Cisjordânia, decisão considerada a maior expansão de assentamentos desde os Acordos de Oslo (1993), quando Israel se comprometeu a não avançar nesse tipo de medida.
No mês passado, o projeto E1, que prevê a ligação de assentamentos e a fragmentação da Cisjordânia, recebeu aprovação final de uma comissão do Ministério da Defesa. O investimento é estimado em quase US$ 1 bilhão, incluindo estradas e infraestrutura.
Segundo Smotrich, Israel pretende aplicar soberania sobre 82% da Cisjordânia, medida que inviabilizaria completamente a formação de um Estado palestino viável. O ministro declarou que o objetivo é consolidar o controle israelense com o princípio de “máxima terra com mínima população árabe”.
Reações internacionais e regionais
A proposta de anexação tem gerado forte reação. Os Emirados Árabes Unidos advertiram que a decisão ultrapassaria uma “linha vermelha” e poderia comprometer os Acordos de Abraão, firmados em 2020 para normalizar relações diplomáticas com Israel.
A Autoridade Palestina classificou o plano como uma ameaça direta às esperanças de independência e à solução de dois Estados. Atualmente, cerca de 3,3 milhões de palestinos vivem na Cisjordânia, enquanto mais de 700 mil israelenses ocupam assentamentos construídos na região desde a guerra de 1967.
Impasse diplomático
Os assentamentos israelenses na Cisjordânia são considerados ilegais pelo direito internacional. A ONU e a maioria da comunidade internacional defendem a solução de dois Estados como único caminho viável para uma paz duradoura.
Em julho, a Conferência Internacional das Nações Unidas reafirmou que a criação de uma Palestina soberana, composta por Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental, é condição essencial para encerrar o conflito.
Apesar da pressão externa, Netanyahu e membros de sua coalizão endurecem o discurso contra qualquer concessão territorial. A postura aumenta a tensão entre Israel e países que defendem o reconhecimento oficial do Estado palestino.