Mulheres que têm voz: O novo coletivo cultural de Lagoa Santa

Mulheres que têm voz: O novo coletivo cultural de Lagoa Santa
Meta título Mulheres Que Têm Voz: Empoderamento Feminino Através da Arte. Foto: Thamires Siqueira/Divulgação

O movimento cultural feminino ganha nova expressão em Lagoa Santa, Minas Gerais, com o surgimento do coletivo “Mulheres Que Têm Voz“. Liderado pela experiente artista Bel Macedo, este grupo representa mais que uma simples reunião de talentos musicais — é um manifesto artístico que busca amplificar vozes femininas historicamente silenciadas na sociedade e na arte brasileira.

O coletivo emerge como resposta direta ao cenário desigual que ainda permeia o mercado artístico nacional, onde mulheres enfrentam menor visibilidade, menos oportunidades de gravação e reduzida representação em festivais e eventos culturais. Através da música, poesia e narrativas pessoais, essas artistas transformam experiências individuais em um coro coletivo poderoso, capaz de inspirar mudanças sociais significativas.

Com sua estreia oficial marcada para a Casa da Orla, durante a abertura da Estação Primavera, o movimento promete estabelecer Lagoa Santa como um novo polo de empoderamento feminino através das artes, criando ondas que podem se estender muito além das fronteiras mineiras.

A origem do movimento: da experiência ao coletivo

A trajetória de Bel Macedo serve como fundamento sólido para o coletivo “Mulheres Que Têm Voz”. Com mais de quatro décadas dedicadas às artes, ela iniciou sua jornada nos anos 1980, participando dos grupos de teatro de criação coletiva de Belo Horizonte — espaços experimentais onde a colaboração democrática moldou sua visão artística.

Durante 35 anos no Rio de Janeiro, Bel construiu uma carreira multifacetada que abrangeu mais de 40 produções artísticas. Trabalhou com diretores renomados como Buza Ferraz, Antônio Grassi e Tim Rescala, apresentando-se em teatros icônicos como Villa Lobos, Ipanema e Gláucio Gil. Sua versatilidade a levou também ao cinema e televisão, onde preparou vozes para atores como Malu Mader e Eri Johnson.

“A voz é o eco da alma”, afirma Bel, demonstrando sua filosofia de que o canto transcende o entretenimento para se tornar ferramenta de cura e empoderamento, especialmente para mulheres que enfrentaram silenciamento histórico.

O retorno às raízes mineiras

Em 2020, Bel decidiu retornar a Minas Gerais, estabelecendo-se em Lagoa Santa. A mudança proporcionou um ambiente mais sereno para explorar novas formas de expressão artística, rapidamente integrando-se à cena local através de apresentações em espaços como Casa Crioula, Giro Prime Food e Santa Lagoinha.

Junto com sua parceira musical Can Matheus, Bel criou o “Estúdio CurArTe” no bairro Lapinha — um espaço que brinca com as palavras “curar” e “arte”, refletindo a visão da arte como processo terapêutico e transformador. Foi neste ambiente acolhedor que as sementes do coletivo começaram a germinar.

O espetáculo “Donas da Voz”: o catalisador

O sucesso do espetáculo “Donas da Voz”, apresentado no Teatro do Hotel CEP Lago no início de 2025, serviu como catalisador para a criação do coletivo. O show homenageava compositoras brasileiras através de histórias intercaladas com canções que celebravam a força feminina na música nacional.

A recepção calorosa do público, especialmente às músicas inéditas de Bel e Can, revelou uma demanda reprimida por narrativas femininas autênticas. “Foi um momento mágico”, recorda Bel. “As pessoas se conectaram profundamente com as letras que falavam de experiências reais, de dores e vitórias compartilhadas por muitas mulheres.”

Este sucesso imediato inspirou a dupla a expandir o projeto, publicando uma chamada aberta nas redes sociais para compositoras locais interessadas em compartilhar suas criações inéditas.

As vozes do coletivo: diversidade e autenticidade

Carla Emanuelle: Identidade e Pertencimento

Carla Emanuelle contribui ao coletivo com sua sensibilidade poética, explorando temas de identidade e pertencimento em letras que misturam lirismo com elementos do cotidiano. Suas composições refletem a experiência feminina contemporânea, abordando questões de autoestima, relacionamentos e lugar social da mulher.

Rose Carvalho: Ancestralidade e resistência

Rose Carvalho, reconhecida por sua voz potente, traz composições que dialogam profundamente com as raízes afro-brasileiras. Suas canções celebram a ancestralidade e a resistência, conectando as lutas históricas das mulheres negras com os desafios contemporâneos, criando pontes entre passado e presente.

Zaida Anaconda: Experimentação e mistério

Com um pseudônimo que evoca força primitiva, Zaida Anaconda introduz elementos experimentais ao coletivo. Suas criações fundem ritmos indígenas com sonoridades contemporâneas, explorando territórios musicais menos convencionais e expandindo as fronteiras estéticas do grupo.

Pollyanna: Intimismo e vulnerabilidade

Pollyanna complementa o espectro emocional do coletivo com melodias intimistas que retratam amor e vulnerabilidade feminina. Suas composições exploram os aspectos mais delicados da experiência emocional, oferecendo espaço para reflexão e conexão íntima com o público.

A Casa da Orla: O palco ideal para a estreia

A escolha da Casa da Orla como local para a estreia oficial não é casual. Este espaço, conhecido por acolher talentos locais com dedicação especial, oferece a atmosfera íntima necessária para um evento que prioriza conexão emocional sobre grandiosidade.

Localizada à Avenida Getúlio Vargas, 1732, no Bairro Joana d’Arc, a Casa da Orla se estabeleceu como refúgio cultural em Lagoa Santa, hospedando diversos eventos que valorizam artistas regionais. O ambiente à beira da lagoa proporciona cenário natural que harmoniza com a proposta orgânica e autêntica do coletivo.

A estreia, marcada para as 16h de sábado, 13 de setembro, durante a abertura da Estação Primavera, simboliza renascimento e florescimento — temas que ressoam perfeitamente com a missão do grupo de dar nova vida a vozes femininas.

Impacto social e cultural do movimento

O coletivo “Mulheres Que Têm Voz” posiciona-se como agente de mudança social, confrontando diretamente o silenciamento histórico das mulheres na arte e sociedade. Em um contexto onde dados revelam disparidade significativa na representação feminina em festivais musicais e gravadoras, iniciativas como esta ganham relevância especial.

O movimento vai além do entretenimento, funcionando como plataforma educativa que incentiva outras mulheres a expressarem suas verdades sem receio de julgamento ou rejeição. “Nossas vozes não são apenas sons; são histórias que precisam ser ouvidas”, afirma Bel, destacando a dimensão narrativa e social do projeto.

Fortalecimento da cena cultural local

Lagoa Santa, cidade em crescimento cultural acelerado devido à proximidade com Belo Horizonte e o Aeroporto Internacional de Confins, ganha com o coletivo um elemento diferenciador em sua identidade artística. O movimento contribui para posicionar a cidade como destino cultural, atraindo público de regiões vizinhas e fortalecendo a economia criativa local.

A Casa da Orla, já estabelecida como ponto de referência cultural, beneficia-se da associação com um movimento que promete repercussão além das fronteiras municipais. A expectativa de casa cheia para a estreia demonstra o interesse regional pelo projeto.

Perspectivas futuras e expansão do movimento

O sucesso esperado na Casa da Orla deve impulsionar planos de gravação das composições originais do coletivo. A experiência de Bel no mercado musical carioca oferece conhecimento valioso sobre distribuição, marketing e posicionamento artístico.

As gravações planejadas incluem não apenas as canções individuais de cada compositora, mas também arranjos coletivos que demonstrem a sinergia do grupo. A estratégia visa criar material que funcione tanto em apresentações ao vivo quanto em plataformas digitais.

Turnês e parcerias artísticas

O horizonte inclui turnês por cidades mineiras e outros estados, expandindo o alcance do movimento além de Lagoa Santa. Parcerias com outros coletivos femininos e artistas estabelecidos estão em negociação, criando rede de apoio mútuo que fortalece o movimento cultural feminino brasileiro.

A experiência de Bel com teatro musical abre possibilidades para espetáculos temáticos que combinem música, narrativa e performance, oferecendo formatos diversificados para diferentes públicos e espaços culturais.

Formação de novos coletivos

O modelo desenvolvido em Lagoa Santa pode ser replicado em outras cidades, criando rede nacional de coletivos “Mulheres Que Têm Voz”. Esta expansão multiplicaria o impacto social do movimento, oferecendo plataforma para centenas de compositoras em busca de visibilidade.

A metodologia já testada no Estúdio CurArTe serve como base para franquias culturais que mantenham a essência do projeto original enquanto se adaptam às particularidades regionais de cada localidade.

Relevância no contexto cultural contemporâneo

O coletivo surge em momento histórico de fortalecimento dos movimentos feministas e busca por representatividade em todos os setores sociais. A música, como linguagem universal, oferece plataforma particularmente eficaz para transmitir mensagens de empoderamento e transformação social.

A iniciativa dialoga com movimentos similares em outras regiões do Brasil e do mundo, contribuindo para um fenômeno global de valorização das vozes femininas na arte e sociedade. Esta conexão com tendências internacionais confere relevância contemporânea ao projeto.

Economia criativa e sustentabilidade cultural

O movimento contribui para o desenvolvimento da economia criativa regional, gerando oportunidades de trabalho para músicos, técnicos de som, produtores culturais e outros profissionais do setor. A sustentabilidade financeira do projeto é fundamental para sua longevidade e impacto social.

A estratégia inclui diversificação de receitas através de apresentações, workshops, venda de produtos artísticos e parcerias comerciais que não comprometam a integridade artística do coletivo.

Uma nova Primavera para as vozes femininas

O coletivo “Mulheres Que Têm Voz” representa mais que um grupo musical — é símbolo de resistência, empoderamento e transformação social através da arte. Sua estreia na Casa da Orla marca o início de um movimento que promete ecoar muito além de Lagoa Santa.

A combinação de experiência profissional, talento emergente e propósito social sólido cria base consistente para um projeto de impacto duradouro. As vozes que se unirão no palco não cantam apenas por entretenimento; cantam por cura, representação e mudança.

Este sábado, 13 de setembro, às 16h, Lagoa Santa testemunhará o florescimento de vozes que há muito tempo merecem ser ouvidas. Que esta estreia seja o primeiro acorde de uma sinfonia eterna de empoderamento feminino através da música.

Para aqueles interessados em testemunhar este momento histórico, os ingressos gratuitos estão disponíveis na plataforma Sympla. A Casa da Orla espera receber um público que compreende a importância de apoiar iniciativas que valorizam e amplificam as vozes femininas em nossa sociedade.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Lagoa News

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