Venezuela nega buscar conflito militar com EUA em meio a tensões no Caribe

Venezuela nega buscar conflito militar com EUA em meio a tensões no Caribe
Presidente Nicolás Maduro, da Venezuela, em imagem de 2023 • Reprodução/Prensa Presidencial

Trump acusa Caracas de enviar drogas e membros de gangues; governo Maduro responde que está preparado para defender o país, mas descarta escalada militar

As tensões entre Estados Unidos e Venezuela voltaram a crescer após novas declarações do presidente americano Donald Trump, que acusou Caracas de estar enviando drogas e membros de gangues para o território norte-americano. Segundo o republicano, a situação é “inaceitável” e pode levar a novas ações militares na região do Caribe.

A declaração de Trump ocorre após a Marinha dos EUA ter afundado um barco suspeito de transportar drogas a partir da Venezuela, resultando na morte de 11 tripulantes. Especialistas jurídicos apontaram que o ataque, realizado em 2 de setembro, pode ter violado o direito internacional.

Resposta da Venezuela: “Não buscamos conflito”

O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, afirmou em entrevista à CNN que o país não está buscando confronto militar com os Estados Unidos ou qualquer outra nação.

“Não estamos apostando em conflito, nem queremos conflito. Estamos preparados para defender nossa pátria, mas não buscamos escalada militar”, declarou Gil, direto da Casa Amarilla, sede da chancelaria em Caracas.

Apesar de descartar guerra, o governo de Nicolás Maduro mobilizou cerca de 4,5 milhões de civis em milícias como forma de preparação contra o que chama de “movimento imperialista” dos EUA.

Navios, caças e submarinos no Caribe

A crise se intensificou com o envio de oito navios de guerra, caças F-35 e um submarino nuclear por parte dos Estados Unidos para o Caribe, sob justificativa de operações antinarcóticos.

Como resposta simbólica, a Venezuela sobrevoou caças F-16 em direção a um contratorpedeiro americano, gesto que levou Trump a ameaçar: qualquer aeronave venezuelana que colocasse as forças dos EUA em “situação de risco” seria abatida.

Além disso, Caracas acusa Washington de interceptar e reter ilegalmente barcos venezuelanos, classificando tais ações como tentativas de criar incidentes para justificar uma escalada militar.

Eleições e acusações de narcotráfico

As tensões políticas entre os dois países também alimentam o conflito militar. Os EUA e aliados como Reino Unido e União Europeia não reconheceram a reeleição de Nicolás Maduro em julho de 2024, apoiando o opositor Edmundo González, apontado pela oposição como o real vencedor.

Washington ainda acusa Maduro de liderar o Cartel de los Soles, organização criminosa ligada ao narcotráfico. O governo dos EUA oferece US$ 50 milhões por informações que levem à captura do líder venezuelano.

Caracas rejeita as acusações, classificando-as como parte de uma “narrativa imperialista” para justificar uma mudança de regime.

Zona de paz em risco

A CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) expressou preocupação com a escalada militar na região e reafirmou a declaração de 2014 que estabelece a América Latina e o Caribe como uma “zona de paz”.

Apesar das declarações de Trump e das movimentações militares, tanto especialistas quanto organismos internacionais defendem que a solução para a crise deve ser política e diplomática, não bélica.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Lagoa News

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Gabriel - diretor do Lagoa News

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