Negociações em Madri definem estrutura para transferência da plataforma a controle norte-americano
Os Estados Unidos e a China anunciaram nesta segunda-feira (15) um avanço significativo nas negociações sobre o futuro do TikTok. Após dois dias de encontros em Madri, autoridades de ambos os países confirmaram que um acordo-quadro foi alcançado para que a rede social de vídeos curtos tenha sua operação americana transferida para uma propriedade controlada por norte-americanos.
O anúncio ocorre em meio a uma série de disputas comerciais e tecnológicas entre as duas maiores economias do mundo.
Estrutura do acordo
Segundo o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, o entendimento estabelece uma “estrutura clara” para que a operação americana do TikTok seja controlada dentro do país, atendendo às exigências de segurança nacional.
“Não vamos falar dos termos comerciais. Isso é entre duas partes privadas, mas os termos foram acordados”, disse Bessent à imprensa em Madri.
Representantes chineses confirmaram a existência de um “marco básico de consenso”, mas ressaltaram que nenhum acordo será feito às custas dos interesses das empresas chinesas.
Trump e Xi vão concluir negociação
O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou em sua rede Truth Social que as negociações “correram muito bem” e adiantou que discutirá os detalhes diretamente com o presidente chinês, Xi Jinping, em uma conversa marcada para sexta-feira (26).
“Um acordo também foi fechado sobre uma certa empresa que os jovens do nosso país queriam muito salvar. Eles ficarão muito felizes!”, escreveu Trump.
Prazo para decisão
O TikTok, de propriedade da chinesa ByteDance, enfrenta um prazo apertado. Uma lei aprovada em 2024 determinou que a rede social seria proibida nos EUA caso não fosse vendida a um grupo controlado por norte-americanos.
Esse prazo já foi prorrogado três vezes e está previsto para expirar em 17 de setembro. Caso não haja a conclusão do acordo até lá, o aplicativo pode ser suspenso no país.
Impasse de segurança nacional
O Departamento de Justiça dos EUA afirma que o acesso do TikTok a dados de 170 milhões de usuários americanos representa uma “ameaça à segurança nacional de imensa profundidade e escala”.
Já a ByteDance insiste que suas operações nos EUA são independentes e que nenhum dado foi compartilhado com o governo chinês. A empresa argumenta ainda que a proibição violaria a liberdade de expressão de seus usuários.
Possíveis compradores e bastidores
Ao longo das negociações, nomes como Elon Musk, o criador do YouTube MrBeast e o bilionário Frank McCourt já apareceram como potenciais compradores do TikTok nos EUA.
Nos bastidores, autoridades americanas dizem que a ameaça de banimento foi essencial para forçar Pequim a recuar de demandas comerciais adicionais, como cortes de tarifas.
Guerra comercial em pano de fundo
As conversas sobre o TikTok ocorreram durante uma rodada mais ampla de negociações comerciais entre EUA e China, que buscam encerrar a guerra tarifária iniciada em anos anteriores.
No auge do confronto, Washington chegou a impor tarifas de 145% sobre produtos chineses, enquanto Pequim respondeu com taxas de 125% sobre mercadorias americanas. Uma trégua temporária foi firmada e expira em novembro.
O que esperar agora
Analistas avaliam que o timing da investigação chinesa contra a Nvidia, anunciada no mesmo período, mostra como Pequim e Washington estão usando empresas estratégicas como peças em uma disputa maior.
O desfecho do caso do TikTok pode servir como termômetro para os próximos capítulos da relação bilateral. Para Trump, que voltou à Casa Branca em 2025, o resultado terá impacto direto na política digital, no comércio e também em sua base de jovens eleitores que usam a plataforma diariamente.