Trump surpreende na ONU: elogia Lula, mantém críticas e anuncia encontro

Trump surpreende na ONU: elogia Lula, mantém críticas e anuncia encontro
Presidente dos EUA, Donald Trump. Foto: ANGELA WEISS/Getty Images

Nova York — A 80ª Assembleia Geral da ONU, realizada nesta terça-feira (23), se tornou palco de fortes declarações entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump (EUA). Enquanto Lula defendeu a democracia brasileira e criticou sanções norte-americanas, Trump surpreendeu ao elogiar o petista e anunciar que os dois terão uma reunião na próxima semana para discutir a crise comercial que envolve tarifas impostas contra o Brasil.

Trump elogia Lula, mas reforça tarifas pesadas

No plenário da ONU, Trump disse ter tido “uma química excelente” com Lula após um breve encontro de 20 segundos nos corredores. O norte-americano afirmou: “Ele parece um homem muito agradável, eu gosto dele e ele gosta de mim. E eu gosto de fazer negócios com pessoas de quem gosto”.

Apesar do tom conciliador, o republicano voltou a justificar as tarifas de 50% aplicadas a produtos brasileiros desde julho, como resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Trump acusou o Brasil de “censura, repressão, corrupção judicial e perseguição a críticos políticos”, reforçando que o tarifaço só será revertido se houver um entendimento direto com o governo brasileiro.

Fontes do Planalto confirmaram que Lula e Trump realmente se reunirão na próxima semana, mas ainda não se sabe se o encontro será presencial ou por telefone.

Lula defende democracia e critica sanções dos EUA

Lula, que abriu os trabalhos da Assembleia Geral conforme a tradição desde 1955, usou seu discurso para defender o multilateralismo e a soberania nacional. Sem citar Trump nominalmente, criticou as sanções unilaterais impostas ao Brasil e acusou setores da extrema direita de conspirarem contra a democracia.

O presidente destacou que o julgamento e a condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado em 2022 demonstram a força das instituições brasileiras. “Não há pacificação com impunidade. Nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis”, afirmou.

A polêmica sobre Gaza: versões conflitantes

Um dos pontos mais polêmicos da fala de Lula foi a acusação de “genocídio em curso em Gaza”. Segundo o presidente, “nada justifica o massacre de mulheres e crianças palestinas”.

Entretanto, essa narrativa é fortemente contestada. Israel sustenta que o Hamas manipula a opinião pública internacional com vídeos forjados e encenações de vítimas. O porta-voz do Exército de Israel, Rafael Rozenszajn, afirma que grande parte das mortes civis em Gaza é responsabilidade direta do próprio Hamas, que utiliza a população como escudo humano.

Israel também destaca que avisa com antecedência sobre ataques militares para reduzir danos à população civil, mas que o Hamas se aproveita dessas informações para produzir vídeos encenados. Há registros de imagens que mostram homens aparecendo em cenas forjadas por grupos de mídia controlados pelo Hamas, fingindo ajudar crianças em meio aos ataques, além de casamentos e festas em meio à guerra. Além disso, o grupo terrorista controla a distribuição da ajuda humanitária, reforçando seu poder sobre os civis.

A divergência de narrativas expõe como o conflito em Gaza continua sendo uma das principais pautas de divisão no cenário internacional.

Reações políticas no Brasil

A fala de Trump gerou repercussão imediata no Brasil. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), nos EUA para acompanhar a Assembleia, afirmou que o discurso do republicano foi um exemplo de “firmeza estratégica” e “genialidade de negociação”. Para ele, Lula agora estaria na “obrigação de extrair algo positivo da reunião” com o norte-americano.

Impactos globais e riscos de escalada

O encontro entre Lula e Trump pode representar uma oportunidade de reduzir tensões comerciais e diplomáticas, que já impactam a economia brasileira. Porém, também existe o risco de ampliar as divisões, caso o tom beligerante se mantenha.

Com a ONU completando 80 anos, a Assembleia de 2025 se tornou um retrato da nova ordem mundial: marcada por crises comerciais, conflitos armados, disputas de narrativas e o enfraquecimento das instituições multilaterais.

O desfecho da reunião entre Brasil e EUA será crucial para saber se o diálogo pode abrir caminhos de cooperação — ou se será mais combustível em uma panela já em ebulição no cenário geopolítico global.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Lagoa News

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Gabriel - diretor do Lagoa News

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