Denúncia de maus-tratos em transporte escolar de Lagoa Santa mobiliza pais e causa indignação

Denúncia de maus-tratos em transporte escolar de Lagoa Santa mobiliza pais e causa indignação
Fotos: Divulgação/ Gabriel - Jornal Lagoa News

“Nós devemos nos unir para  tirar pessoas assim das escolas e colocar pessoas que querem trabalhar de verdade com as crianças. Não pode ser apenas pelo salário.”

A declaração é de Gabriela, uma das mães que procurou o Jornal Lagoa News para denunciar supostos casos de maus-tratos cometidos por uma funcionária pública municipal contra crianças durante o transporte escolar.

O início das denúncias

O caso teve início no dia 24 de setembro, quando o filho mais velho de Juliana contou à mãe que ele e a irmã estariam sofrendo agressões dentro do transporte público municipal responsável por levar os alunos até as escolas da cidade.

No dia seguinte, 25 de setembro, Juliana procurou a diretora da Escola Municipal Antônio de Castro Figueiredo para relatar o ocorrido. Segundo ela, a diretora afirmou que o caso seria “neutralizado” e não voltaria a acontecer. No entanto, nada foi feito.

Juliana relatou ainda que voltou à escola em outra ocasião e também procurou a Secretaria Municipal de Educação (Semed), mas não obteve retorno até o dia 27 de outubro, data em que concedeu entrevista ao Lagoa News.

Comentários e situações constrangedoras

Outro episódio relatado pela mãe envolve um comentário feito pela monitora ao filho mais velho: ela teria dito que o menino deveria “voltar ao psiquiatra”, pois “o remédio que toma não está surtindo efeito” e que “a dose deveria ser aumentada”.

A fala gerou indignação entre os familiares, que consideraram o comentário desrespeitoso e invasivo.

Juliana contou um outro relato que aconteceu com a própria filha.

 “Quando minha filhinha chegou em casa com hematomas, perguntei o que havia acontecido. Ela conseguiu dizer que tinha sido a professora do turno integral, à tarde”, relatou. “Já mandei diversas fotos para a diretora e nada foi feito até o momento. Levei a Luiza à escola e também à Semed, e desde o dia 25 de setembro aguardo um retorno.”

Mãe relata comportamento agressivo no transporte

Denúncia de maus-tratos em transporte escolar de Lagoa Santa mobiliza pais e causa indignação
Fotos: Divulgação/ Gabriel – Jornal Lagoa News

De acordo com Juliana, no dia 23 de outubro, ao buscar o filho no ponto do escolar, presenciou a mesma monitora dirigindo olhares ríspidos e expressões duras aos alunos. Ao questionar o filho, ele disse que o comportamento era direcionado a outro estudante, um menino de quatro anos que havia deixado o chinelo cair do pé.

O garoto em questão é filho de Sabrina, outra mãe que também denuncia atitudes agressivas da monitora. Ela explicou que o filho é uma criança mais agitada e faz acompanhamento com psicólogos, fonoaudiólogos e neurologistas, além de fazer uso de medicação contínua.

“Chamou meu filho de idiota”, diz mãe de aluno

Sabrina afirmou que foi informada por Juliana de que a monitora teria chamado seu filho de “idiota” após o incidente do chinelo.

 “Essa funcionária também atua como auxiliar de turma na Escola Municipal Antônio de Castro Figueiredo”, contou.

“Tem outros casos de maus-tratos como esse, e parece que todos estão sendo varridos para debaixo do tapete”, afirmou Sabrina durante a entrevista. “Eu espero justiça. Eles são apenas crianças, não podem ser tratados dessa maneira.”

Escola confirma afastamento da funcionária

Juliana contou ainda que foi orientada a solicitar as imagens das câmeras tanto do transporte público quanto da escola. Entretanto, ela foi informada de que as câmeras do transporte não estão funcionando. Quando foi na escola saber sobre as câmeras das salas de aula, ela ouviu da diretora da escola que ao ver nas imagens, não tinha visto nada demais. Ao pedir para ver as imagens das câmeras também, ela foi informada que os funcionários da escola não têm acesso às gravações.

De acordo com informações fornecidas pela diretora da Escola Municipal Antônio de Castro Figueiredo, “em relação a Rota do Joá, informo que as devidas providências foram adotadas em 09/10/2025, com a substituição da monitora em questão”.

Casos como esse têm deixado diversos pais apreensivos. “Nós mandamos nossos filhos para a escola com uma situação, mas chegam lá e sofrem bullying. As pessoas que trabalham na escola, tem um domínio maior sobre as crianças, então acho que eles devem saber como trazer as crianças para mais perto deles. Já que o caminho é uma troca, todos devem fazer sua parte, até mesmo as crianças”, finalizou Gabriela.

O Pedido de uma mãe ao governo da Cidade

Juliana faz uma declaração pedindo um olhar mais apurado em relação a educação municipal de Lagoa Santa: “ quanto ao prefeito, sempre vejo ele fazendo vistorias na lagoa falando sobre esporte, mas nunca o vejo dentro das escolas para saber como nossos filhos estão sendo tratados. Nunca vi ele fazendo vistorias dentro dos escolares para saber se as câmeras estão funcionando. E esse serviço é essencial. Isso que deve ser  fiscalizado e não a lagoa”

O que diz a lei: direitos das crianças e adolescentes na escola

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), toda criança e adolescente tem direito à proteção contra qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (art. 5º).

No ambiente escolar, isso significa que:

  • Nenhuma criança pode ser submetida a castigos físicos, humilhações ou constrangimentos por parte de servidores, professores ou colegas;
  • Os responsáveis têm direito de acompanhar o desenvolvimento escolar dos filhos e de serem informados sobre qualquer ocorrência que envolva a segurança e o bem-estar da criança;
  • A escola tem o dever de comunicar ao Conselho Tutelar, Ministério Público ou autoridade competente qualquer suspeita ou confirmação de maus-tratos;
  • Toda denúncia deve ser investigada com prioridade, garantindo a integridade física e emocional dos alunos.

O ECA reforça que educar é um ato de cuidado e respeito, e que o ambiente escolar deve ser um espaço seguro e acolhedor, no qual cada criança possa se desenvolver plenamente.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Lagoa News

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