Investigação aponta que servidora desviava armas de delegacia de BH para vender ao Terceiro Comando Puro e a outras facções

Investigação aponta que servidora desviava armas de delegacia de BH para vender ao Terceiro Comando Puro e a outras facções
Foto: Reprodução

Cerca de 220 armas apreendidas em operações da Polícia Civil de Minas Gerais foram desviadas da 1ª Delegacia do Barreiro; defesa diz que prisão foi desproporcional

A investigação da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) aponta que aproximadamente 220 armas de fogo apreendidas em operações realizadas em Belo Horizonte foram desviadas da 1ª Delegacia do Barreiro (bairro Barreiro) e comercializadas para organizações criminosas, incluindo o Terceiro Comando Puro (TCP), segundo fontes próximas ao caso.

O esquema teria sido descoberto após uma abordagem de rotina em Contagem, na Região Metropolitana de BH, quando os agentes constataram que uma arma apreendida já constava como guardada na delegacia, fato que desencadeou uma auditoria e que permitiu identificar o desvio seriado de armas.

Como teria funcionado o esquema

Fontes policiais informam que o material apreendido, de diversas operações, era acumulado na 1ª Delegacia do Barreiro, sob responsabilidade da PCMG, e aos poucos desaparecia do local. Durante meses, o cadastro interno apresentou divergências: armas que estavam registradas como retidas pela delegacia não eram encontradas no estoque físico. A revelação da situação ocorreu quando uma arma apreendida apresentou-se “em duplicidade” no sistema durante uma abordagem.

Segundo a apuração, o material incluía armas de calibre reduzido e, em parte, peças consideradas obsoletas, o que levou a corporação a considerar inicialmente que poderia não haver vínculo direto com facções. A PCMG, porém, continua investigando o destino final das armas, inclusive para confirmar se criminosos de facções as utilizaram em crimes ou comércio ilegal.

Defesa questiona medida de prisão

A servidora pública lotada na unidade é alvo da investigação e chegou a ter prisão decretada. Em sua defesa, a acusada argumenta que a medida foi desproporcional e que não há comprovação de participação direta na comercialização das armas.

A defesa também aponta falhas estruturais no controle de armamento e custódia da PCMG, como a ausência de uma Central de Cadeia de Custódia, mecanismo previsto em lei para abrigar o armazenamento e controle de materiais apreendidos.

Gravidade do ocorrido e falhas institucionais

Analistas de segurança pública avaliam que o episódio evidencia uma grave falha de controle interno: armas que deveriam estar sob guarda da polícia acabaram sendo desviadas para o crime organizado. O fato suscita questionamentos sobre a responsabilidade institucional, a segurança das apreensões e os protocolos de custódia na PCMG. O sindicato dos servidores afirma que Minas Gerais ainda não instalou as Centrais de Cadeia de Custódia previstas pela legislação, agravando o risco de extravio.

Impactos tendem a repercutir

O desvio sistemático de armas apreendidas fortalece a atuação de facções criminosas, eleva os níveis de violência e mina a credibilidade das instituições responsáveis por combatê-las. Em um momento em que Minas Gerais busca intensificar as operações de segurança pública, o episódio lança uma sombra sobre os esforços de controle e prevenção.

Próximos passos na investigação

A PCMG segue com as apurações na Corregedoria e investiga tanto os responsáveis internos quanto as rotas externas que teriam sido usadas para a comercialização das armas. A corporação ainda não apresentou um balanço oficial da contagem completa do material desviado ou sobre se há ligação com outros estados ou redes de crime organizado.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Lagoa News

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Gabriel - diretor do Lagoa News

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