Caso Leandro Lo: como funcionam as absolvições no Tribunal do Júri e o que acontece após o veredito

Caso Leandro Lo: como funcionam as absolvições no Tribunal do Júri e o que acontece após o veredito
Fotos: Reprodução/Francisco Lima Neto/Folhapress

O ex-tenente da Polícia Militar Henrique Otávio Oliveira Velozo foi absolvido pelo Tribunal do Júri de São Paulo da acusação de homicídio do lutador Leandro Lo. A decisão foi tomada por maioria dos sete jurados que compõem o Conselho de Sentença, após três dias de julgamento no Fórum Criminal da Barra Funda.

A absolvição ocorreu com base na tese apresentada pela defesa, que alegou legítima defesa. O caso gerou forte reação entre familiares do atleta, que anunciaram que irão recorrer.

Como funciona o Tribunal do Júri no Brasil

O Tribunal do Júri é responsável por julgar crimes dolosos contra a vida, como homicídio. Ele é composto por um juiz presidente e 25 jurados alistados, sendo que sete são sorteados para formar o Conselho de Sentença. As decisões são tomadas por maioria simples de votos.

Durante o julgamento, após a apresentação das provas, interrogatórios e debates entre defesa e acusação, os jurados respondem a uma série de quesitos previstos no Código de Processo Penal. Entre eles estão:

  • se o crime existiu,
  • se o acusado foi o autor,
  • e se ele deve ser absolvido ou condenado.

A absolvição ocorre quando mais de três jurados votam a favor da tese absolutória, como legítima defesa, estado de necessidade ou outras excludentes previstas em lei.

O que pode ser feito após uma absolvição

Mesmo após o veredito do júri, existe possibilidade de recurso. A família de Leandro Lo, representada por seus advogados, informou que irá recorrer da decisão.

O recurso cabível é a apelação, utilizada quando a parte entende que a decisão do júri foi “manifestamente contrária à prova dos autos”. Se o Tribunal de Justiça acolher o pedido, o réu não é condenado automaticamente; o processo retorna para um novo julgamento, com outro Conselho de Sentença.

Resumo do caso

O crime ocorreu em agosto de 2022, durante um evento no Clube Sírio, na zona sul de São Paulo. Segundo as investigações e a denúncia apresentada pelo Ministério Público:

  • Leandro Lo, octacampeão mundial de jiu-jitsu, discutiu com o então tenente Henrique Velozo.
  • Testemunhas relataram que Lo derrubou o policial durante a confusão.
  • Velozo teria deixado o local e retornado armado, efetuando um disparo que atingiu a cabeça do atleta.
  • Após o tiro, o policial ainda teria desferido chutes no lutador, que já estava desacordado.
  • Velozo fugiu do local e se apresentou à Corregedoria da PM no dia seguinte.
  • Ele foi preso preventivamente e permaneceu detido até a absolvição.

A defesa, por sua vez, sustentou que o policial agiu em legítima defesa, apresentando argumentos técnicos e contestando versões de testemunhas. O júri acatou essa tese.

Situação atual do réu

Após a sentença absolutória, a Secretaria de Segurança Pública confirmou que Henrique Velozo foi liberado na manhã do último sábado (15), seguindo determinação judicial.

E os próximos passos?

Com a intenção da família de recorrer e a possibilidade de revisão pelo Tribunal de Justiça, o caso segue aberto no âmbito jurídico. O processo agora entra na fase de análise de eventuais recursos, que podem levar a um novo julgamento.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Lagoa News

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