Paralisação começou na madrugada desta segunda-feira (15) e afeta refinarias e plataformas em diversos estados. Categoria rejeita proposta de Acordo Coletivo e cobra soluções para o fundo de pensão Petros.
Trabalhadores do Sistema Petrobras deflagraram, na madrugada desta segunda-feira (15), uma greve nacional por tempo indeterminado. O movimento, convocado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e pela Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), ocorre após a rejeição da segunda contraproposta da estatal para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) de 2025. A paralisação já impacta operações em refinarias, terminais e plataformas de exploração em diferentes regiões do país.
O que motivou a greve
A decisão de cruzar os braços foi aprovada em assembleias realizadas ao longo das últimas semanas. O impasse nas negociações gira em torno de divergências econômicas e sociais profundas entre a categoria e a gestão da companhia.
Segundo as lideranças sindicais, a proposta apresentada pela Petrobras foi considerada “insuficiente” e, em alguns pontos, uma “provocação”. Entre as principais reivindicações dos petroleiros estão:
- Reajuste Salarial: A categoria critica a oferta de apenas 0,5% de ganho real nos salários. A FUP argumenta que o índice é desproporcional aos lucros exorbitantes da empresa, que distribuiu R$ 37,3 bilhões em dividendos aos acionistas apenas nos primeiros nove meses de 2025.
- Fim dos Equacionamentos da Petros: Uma das pautas centrais é a solução para os déficits bilionários do fundo de pensão (Petros), que geram descontos mensais pesados nos contracheques de aposentados e da ativa através dos Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs).
- Condições de Trabalho: O movimento exige o fim dos “desimplantes” (redução de efetivo) em plataformas offshore e melhorias nas condições de segurança, além de se posicionar contra a terceirização de atividades-fim.
Impacto nas operações e unidades afetadas
O movimento grevista registrou forte adesão já nas primeiras horas do dia. De acordo com balanços preliminares das federações, não houve troca de turno — procedimento essencial para a continuidade segura das operações — em diversas unidades estratégicas.
As paralisações foram confirmadas em importantes refinarias, incluindo:
- Regap (Betim/MG)
- Reduc (Duque de Caxias/RJ)
- Replan (Paulínia/SP)
- Recap (Mauá/SP)
- Revap (São José dos Campos/SP)
- Repar (Araucária/PR)
Além do refino, a greve atinge o setor de Exploração e Produção (E&P), com impactos relatados em plataformas na Bacia de Campos (Norte Fluminense) e no Espírito Santo, bem como no Terminal Aquaviário de Coari, no Amazonas.
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Posicionamento da Petrobras e riscos ao abastecimento
A Petrobras informou que acionou suas equipes de contingência para garantir a continuidade das atividades essenciais e minimizar os impactos na produção. A estatal afirma que não há risco imediato de desabastecimento de combustíveis no mercado nacional.
Em nota, a companhia reiterou que mantém canais de diálogo abertos com as entidades sindicais e defende que a proposta apresentada na mesa de negociação traz avanços significativos. A empresa ressaltou que respeita o direito de greve, mas tomará as medidas necessárias para preservar suas instalações e garantir a segurança das operações.
O cenário para os próximos dias
A greve dos petroleiros coloca pressão adicional sobre a diretoria da estatal e o governo federal. Enquanto a categoria afirma que só retomará as atividades normais mediante uma proposta que atenda aos pleitos históricos — especialmente sobre a Petros e a recomposição salarial —, a empresa busca evitar que a paralisação se prolongue a ponto de afetar a distribuição de diesel, gasolina e gás de cozinha para a população.
Novas assembleias e reuniões de avaliação devem ocorrer ao longo da semana para definir os rumos do movimento paredista.













