Retrospectiva de 2024: o que marcou a mídia ao longo do ano

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Lucas Machado

O ano de 2024 foi repleto de transformações e acontecimentos que moldaram a forma como consumimos e produzimos conteúdo midiático. Da ascensão de novas plataformas digitais à repercussão de escândalos que dominaram os noticiários, a mídia consolidou ainda mais seu papel central na sociedade contemporânea.

Neste texto, revisitamos os temas mais discutidos no cenário da mídia em 2024, explorando seus impactos na cultura, na política, na economia e na maneira como nos conectamos com o mundo.

A força das redes sociais e os desafios da desinformação

A força das redes sociais e os desafios da desinformação

As redes sociais permaneceram como um dos pilares do consumo de informação em 2024. Plataformas como Instagram, TikTok, Twitter (ou X) e Threads consolidaram suas posições, enquanto outras, como Bluesky e Mastodon, atraíram novos públicos em busca de experiências diferenciadas. No entanto, a popularidade dessas redes também intensificou os desafios relacionados à desinformação.

Notícias falsas continuaram a se espalhar rapidamente, especialmente durante eventos políticos importantes, como as eleições presidenciais nos Estados Unidos e debates sobre mudanças climáticas. Em resposta, plataformas implementaram novas políticas de verificação de fatos, ampliaram parcerias com organizações independentes e introduziram algoritmos mais rigorosos para conter conteúdos enganosos.

Ainda assim, o equilíbrio entre controle e liberdade de expressão foi amplamente debatido, envolvendo governos, empresas de tecnologia e a sociedade civil.

Jornalismo e a busca por credibilidade

Jornalismo e a busca por credibilidade

Em meio à avalanche de informações disponíveis, 2024 destacou a importância do jornalismo profissional como fonte confiável de notícias. Grandes veículos como The New York Times, BBC e Folha de S.Paulo adaptaram suas estratégias para competir com as novas mídias, apostando em reportagens investigativas, podcasts e assinaturas digitais.

Paralelamente, o jornalismo local também ganhou destaque, principalmente em regiões onde os impactos de políticas públicas e crises ambientais exigiam uma cobertura mais próxima e detalhada.

Contudo, a luta pela credibilidade enfrentou desafios significativos, incluindo ataques à imprensa em contextos autoritários e a dificuldade de manter modelos financeiros sustentáveis em um cenário onde a publicidade se concentra nas grandes plataformas digitais.

A era dos influenciadores digitais

A era dos influenciadores digitais

Os influenciadores digitais seguiram como protagonistas na construção de narrativas e tendências em 2024. De grandes campanhas publicitárias a movimentos sociais, o impacto dessas figuras cresceu exponencialmente. Criadores de conteúdo tornaram-se marcas por si só, moldando o comportamento de milhões de seguidores em áreas como moda, saúde, tecnologia e entretenimento.

No entanto, o ano também trouxe reflexões sobre o impacto ético e social dessa influência. A discussão sobre o uso de filtros e edição excessiva de imagens, a disseminação de produtos duvidosos e a falta de transparência em parcerias comerciais estiveram no centro das atenções, levando a uma maior regulação e fiscalização do mercado de influenciadores em países como Brasil e União Europeia.

O avanço dos podcasts e vídeos curtos

O consumo de conteúdo em áudio e vídeo atingiu novos patamares em 2024. Podcasts continuaram sua ascensão, com formatos que variam de entrevistas a séries documentais. Plataformas como Spotify, YouTube e Apple Podcasts investiram pesado em produções originais, atraindo grandes nomes da mídia e das artes para seus catálogos.

Enquanto isso, os vídeos curtos consolidaram sua hegemonia com o TikTok e o Instagram Reels dominando a atenção do público jovem. Empresas de mídia tradicional começaram a explorar esse formato como forma de alcançar novos públicos, criando conteúdos rápidos, informativos e de alto impacto visual.

Inteligência artificial na produção de conteúdo

Empresas Brasileiras Integram IA em Seus Processos de Comunicação

A inteligência artificial (IA) foi um dos temas mais discutidos na mídia em 2024, especialmente devido ao seu impacto na criação de conteúdo. Ferramentas como ChatGPT, MidJourney e DALL-E continuaram a ser amplamente utilizadas, permitindo que empresas e indivíduos criassem textos, imagens e vídeos de maneira rápida e eficiente.

Contudo, a questão da autoria e dos direitos sobre esses conteúdos gerados por IA gerou controvérsias legais e éticas. Além disso, a possibilidade de criar deepfakes e falsificações hiper-realistas tornou-se uma preocupação global, especialmente em cenários eleitorais e no combate à desinformação.

O papel da mídia no combate às mudanças climáticas

As mudanças climáticas foram um dos tópicos centrais na mídia em 2024, com eventos extremos, como ondas de calor e enchentes, dominando as manchetes em todo o mundo.

Veículos de comunicação desempenharam um papel crucial ao informar o público sobre as causas e consequências dessas crises, além de pressionar governos e corporações por ações mais contundentes.

Campanhas de conscientização e reportagens investigativas sobre crimes ambientais ganharam visibilidade, enquanto jornalistas especializados em sustentabilidade se tornaram vozes influentes nas discussões globais.

Escândalos e impactos na confiança do público

O ano de 2024 também foi marcado por escândalos envolvendo grandes veículos e personalidades da mídia. Vazamentos de informações confidenciais, acusações de parcialidade e casos de assédio sexual nas redações abalaram a confiança do público em alguns setores.

Esses episódios reforçaram a necessidade de maior transparência e ética no jornalismo, além de medidas internas para proteger os profissionais e garantir um ambiente de trabalho seguro e inclusivo.

Novos modelos de monetização

Diante das dificuldades econômicas enfrentadas por muitos veículos de comunicação, 2024 foi um ano de experimentação em busca de novos modelos de monetização.

Além das assinaturas digitais, que se consolidaram como uma fonte importante de receita, plataformas como YouTube e Twitch passaram a oferecer ferramentas mais avançadas de financiamento direto por parte dos espectadores, como assinaturas premium e doações.

O crowdfunding também ganhou força, com o público apoiando diretamente projetos jornalísticos independentes. Essa diversificação permitiu que muitos produtores de conteúdo mantivessem sua independência editorial, mesmo em um cenário competitivo.

O impacto das plataformas de streaming

As plataformas de streaming continuaram a revolucionar o consumo de mídia em 2024. Netflix, Amazon Prime Video, Disney+ e HBO Max ampliaram seus catálogos com produções originais de altíssima qualidade, enquanto serviços regionais conquistaram públicos locais com conteúdos adaptados à cultura de cada país.

Além do entretenimento, os streamings investiram em documentários e programas jornalísticos, tornando-se concorrentes diretos das emissoras de TV tradicionais. Esse movimento redefiniu o conceito de televisão e gerou debates sobre a fragmentação do público e a necessidade de regulamentação no setor.

Mídia e representatividade

A representatividade na mídia foi amplamente discutida em 2024, com avanços e desafios evidentes. A inclusão de pessoas negras, LGBTQIA+, indígenas e portadoras de deficiência em programas de TV, filmes, comerciais e campanhas publicitárias foi celebrada como uma conquista importante.

No entanto, também houve críticas sobre a superficialidade de algumas iniciativas, que muitas vezes priorizavam a aparência de diversidade sem mudanças estruturais reais nas empresas de comunicação. Esses debates ressaltaram a importância de uma mídia mais inclusiva e comprometida com a igualdade.

2024 foi um ano de transformações intensas e reflexões profundas sobre o papel da mídia em um mundo em rápida mudança. A evolução tecnológica, a necessidade de combater a desinformação e os debates sobre ética e representatividade moldaram o cenário de maneira irreversível.

Enquanto os desafios permanecem significativos, as oportunidades de inovar e construir uma mídia mais acessível, diversificada e confiável são igualmente grandes. O que fica claro é que, independentemente do formato ou da plataforma, o objetivo central da mídia continuará sendo conectar pessoas, contar histórias e promover o entendimento em uma sociedade cada vez mais complexa e interconectada.

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