A Justiça dos Estados Unidos manteve a proposta de divisão do Google, reforçando a necessidade de venda do navegador Chrome. A decisão, que já havia sido imposta no governo de Joe Biden, foi reafirmada pelo Departamento de Justiça (DOJ) e agora segue como uma medida para fomentar a concorrência no setor de buscas online.
A big tech é acusada de manter um monopólio no segmento de buscas ao pagar fabricantes de smartphones e outros navegadores para priorizar o Chrome nos dispositivos. A determinação visa criar um ambiente mais competitivo, permitindo que novos concorrentes se estabeleçam no mercado digital.
Decisão judicial e impacto no mercado digital

A decisão judicial surgiu após um julgamento realizado em agosto de 2024, no qual foi apontado que o Google monopolizou ilegalmente o setor de buscas. O DOJ argumenta que a companhia dificultou o crescimento de outros mecanismos de pesquisa ao adotar estratégias anticompetitivas.
A gigante da tecnologia se defendeu alegando que os usuários optam espontaneamente pelo Chrome devido à sua qualidade e eficiência em relação a concorrentes como Bing, da Microsoft, e DuckDuckGo. No entanto, a Justiça entendeu que a empresa utilizou seu domínio para dificultar o acesso a outras opções e impôs a venda do navegador como solução para reduzir sua influência no mercado.
Inteligência artificial e nova regulação
Apesar da imposição sobre o Chrome, o governo norte-americano suavizou algumas determinações relacionadas à inteligência artificial. Diferente da proposta inicial, que sugeria a venda de parte dos investimentos da empresa no setor, agora o Google apenas precisará notificar autoridades federais e estaduais sobre seus investimentos em IA.
Essa mudança busca equilibrar a regulação do mercado sem impedir o avanço tecnológico, garantindo que a empresa não monopolize ferramentas emergentes, ao mesmo tempo que mantém sua capacidade de inovação. A medida visa evitar que o setor de IA fique sob domínio absoluto de uma única empresa, o que poderia restringir a concorrência e limitar novas soluções no mercado.
Próximos passos: audiência e decisão final
O caso ainda terá uma nova audiência marcada para abril, onde o juiz Amit P. Mehta ouvirá os argumentos do DOJ e da defesa do Google. A expectativa é que a decisão final seja proferida até o final de agosto. Além disso, a empresa enfrenta outras ações antitruste relacionadas à sua divisão de publicidade digital (adtech), o que pode levar a novas sanções e ajustes na estrutura corporativa da Alphabet, controladora do Google.
Relação entre big techs e o governo Trump
A decisão também surpreendeu a companhia, que esperava um afrouxamento das políticas antitruste sob a gestão do ex-presidente Donald Trump. No entanto, a nova administração da Federal Trade Commission (FTC) demonstrou preocupações sobre a influência das big techs no discurso digital e no acesso à informação.
Gail Slater, indicado para liderar a divisão antitruste do DOJ, destacou que poucas plataformas atualmente controlam a disseminação de notícias, o que poderia prejudicar a diversidade de fontes e a liberdade de escolha dos consumidores. Segundo ele, a crescente concentração do mercado digital pode levar ao desaparecimento de concorrentes, restringindo ainda mais o espaço para inovação.
Conflitos antitruste envolvendo outras gigantes da tecnologia
O Google não é a única empresa sob escrutínio das autoridades norte-americanas. Outras big techs também enfrentam investigações por práticas anticompetitivas, incluindo:
- Apple: Acusada de monopolizar o mercado de smartphones nos EUA, dificultando a concorrência e impondo custos elevados a desenvolvedores e consumidores;
- Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp): Investigada por eliminar concorrentes ao adquirir plataformas como Instagram e WhatsApp, consolidando seu domínio no setor de redes sociais;
- Amazon e OpenAI: Monitoradas por práticas de mercado que podem limitar o crescimento de novas empresas e influenciar diretamente a inovação tecnológica.
Além disso, grandes nomes do setor, como Tim Cook (Apple) e Sundar Pichai (Google), participaram da cerimônia de posse de Trump em janeiro. Outras empresas, como Meta, OpenAI, Amazon e Perplexity, chegaram a doar US$ 1 milhão cada para o evento. Esse cenário levanta questionamentos sobre a relação entre as big techs e o governo e como as regulamentações podem ser conduzidas nos próximos anos.
O futuro do mercado digital diante das novas regulações
As decisões tomadas pelo DOJ e pela Justiça dos EUA impactam diretamente a estrutura do setor de tecnologia. A venda do Chrome pode abrir espaço para novas empresas entrarem no mercado, aumentando a concorrência e promovendo inovação. Ao mesmo tempo, a flexibilização das regras para inteligência artificial garante que a evolução tecnológica continue sem barreiras excessivas.
O desfecho desse caso pode servir de referência para outros países que buscam regulamentar as atividades das big techs. Com o aumento da pressão sobre gigantes como Google, Apple e Meta, é provável que novas medidas sejam adotadas globalmente para garantir um ambiente digital mais equilibrado.