A Crise Cultural nos EUA Sob Donald Trump: Uma Nova Era de Polarização

A Crise Cultural nos EUA Sob Donald Trump: Uma Nova Era de Polarização
Foto: Reuters

Desde sua reeleição em 2024, Donald Trump tem promovido uma agenda cultural que está remodelando profundamente os Estados Unidos. Suas ações, que incluem intervenções em instituições culturais, mudanças na educação e revisões de narrativas históricas, têm gerado intensos debates. Para alguns, trata-se de uma correção necessária contra o “woke-ismo”. Para outros, é um movimento autoritário que ameaça a democracia e a liberdade de expressão.

A Reestruturação de Instituições Culturais

Uma das ações mais simbólicas de Trump foi assumir o controle do John F. Kennedy Center for the Performing Arts, em Washington. Ele substituiu membros do conselho por aliados políticos e ordenou mudanças na programação, priorizando eventos que promovem o que chama de “grandeza americana”. Essa intervenção gerou protestos de artistas e intelectuais, além de quedas significativas na bilheteria. Muitos eventos foram cancelados, e ingressos gratuitos começaram a ser distribuídos para atrair público.

Além disso, Trump emitiu ordens executivas direcionando o Smithsonian Institution a promover uma visão mais “patriótica” da história americana. Ele também ordenou a revisão de monumentos públicos e a remoção de conteúdos que, segundo ele, perpetuam uma visão “antiamericana” da história.

Educação e a Revisão de Narrativas Históricas

A educação tem sido um dos principais alvos da agenda cultural de Trump. Ele reativou a “Comissão 1776”, um projeto de “educação patriótica” que busca combater o que considera uma reinterpretação “antiamericana” da história. Programas como o “Projeto 1619”, que reexamina o impacto da escravidão nos EUA, foram banidos em escolas administradas pelo governo federal.

Além disso, Trump ameaçou retirar bilhões de dólares em subsídios federais de universidades que, segundo ele, promovem “ideologias impróprias”. Essa medida gerou protestos e ações judiciais, mas também levou algumas instituições a cederem às pressões.

O Impacto no Setor Privado e na Cultura Popular

Crise Cultural nos EUA com Donald Trump
Presidente dos Estados Unidos Donald Trump • REUTERS/Reba Saldanha

A influência de Trump não se limita ao setor público. Empresas privadas têm abandonado iniciativas de diversidade e inclusão por medo de represálias governamentais. No setor de entretenimento, produções consideradas “progressistas” enfrentam dificuldades para obter financiamento ou espaço em plataformas públicas.

O caso do Kennedy Center é emblemático. Trump cancelou a exibição do musical “Hamilton”, enquanto aprovou a apresentação de “Les Misérables”, que ele considera mais alinhado com os valores tradicionais. Essa mudança na programação reflete uma tentativa de moldar a cultura popular de acordo com sua visão política.

Reações e Divisões na Sociedade Americana

As ações de Trump aprofundaram as divisões culturais nos EUA. Seus apoiadores veem suas políticas como uma restauração de valores tradicionais, enquanto seus críticos as comparam a regimes autoritários. Essa polarização reflete uma luta mais ampla sobre a identidade cultural do país.

A decisão de cortar milhões de dólares em subsídios para grupos culturais e educacionais também gerou indignação. Instituições como conselhos estaduais de humanidades, museus e bibliotecas foram severamente impactadas, levando ao cancelamento de projetos e à demissão de funcionários.

O Papel da Mídia e a Percepção Internacional

A mídia desempenha um papel crucial na amplificação dessa crise cultural. Enquanto veículos conservadores celebram as ações de Trump, outros alertam para os riscos de um governo que busca controlar narrativas culturais e históricas. Internacionalmente, a situação tem sido comparada a regimes autoritários, com países como a China observando paralelos com sua própria “Revolução Cultural”.

O Futuro da Cultura Americana

As mudanças promovidas por Trump estão redefinindo a forma como os americanos entendem sua história, identidade e valores. Essa transformação cultural, embora vista por alguns como necessária, levanta questões sobre os limites entre governança e controle ideológico. O impacto dessas políticas será sentido por décadas, moldando não apenas a cultura, mas também a política e a sociedade dos Estados Unidos.

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