Guerra comercial EUA X BRASIL – Cronologia e desdobramentos

Guerra comercial EUA X BRASIL – Cronologia e desdobramentos.

Tarifas de 50%, reações diplomáticas e agressão à soberania nacional.

Na quarta-feira, dia 9, Trump anunciou que uma tarifa de 50% será aplicada ao Brasil a partir de 1º de agosto. O anúncio vem após uma crescente troca de farpas entre Lula e o atual presidente dos EUA. A cúpula dos BRICS e o documento final sobre o encontro dos países presentes trouxeram algumas declarações importantes no cenário da política e economia internacional, principalmente entre o Brasil e os Estados Unidos.

Os fatos que antecedem o anúncio

Domingo (6): O governo “Trumpista”, como parte da mídia vem se referindo ao segundo mandato do presidente americano, anuncia no domingo tarifas de 10% contra “qualquer país que se alinhar a políticas antiamericanas do Brics”, no entanto, não esclarece o que ele considera políticas antiamericanas.

Segunda (7): Lula defende o BRICS e diz que a cúpula “não nasceu para afrontar ninguém”. No mesmo dia, Trump sai em defesa do ex-presidente Bolsonaro, na sua rede Truth Social. O presidente americano critica a maneira como o julgamento do ex-presidente está sendo conduzido no Brasil. Lula responde dizendo que o Brasil não aceitaria interferência e ainda afirma que “ninguém está acima da lei” no Brasil.

Quarta (9): Trump envia carta endereçada ao presidente Lula anunciando tarifa de 50% e sai em defesa de Bolsonaro afirmando que é “uma vergonha internacional” o julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF). O Itamaraty convoca encarregado de negócios dos EUA após a carta, ação é vista dentro da diplomacia como maneira de resolver um mal-entendido.

“Propulsores” e alegações do Trump.

Entre os que podem ter sido “propulsores” para a guerra comercial entre as soberanias americana e brasileira, a “desdolarização” sugerida na cúpula dos BRICS, que seria uma tentativa de substituir o dólar usado em transações comerciais por moedas locais entre os países integrantes do mecanismo internacional (BRICS). E a defesa do ex-presidente e réu pelo Supremo Tribunal Federal, Jair Bolsonaro, feita por Trump ilustram os motivos para a possível tarifa contra o Brasil.

Trump justificou a tarifa, declarando que a relação entre os dois países tem sido “muito injusta” e “não recíproca” e citando supostos déficits dos EUA com o Brasil (na carta). Porém, de acordo com pesquisa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), os EUA não têm déficit com o Brasil há 17 anos.

O que disse o Lula

O presidente do Brasil reagiu reafirmando a soberania brasileira e declarando que o país não pode ter seus instrumentos democráticos questionados por interferência externa. Também se manifestou sobre as críticas ao sistema judicial brasileiro envolvendo o julgamento do réu por tentativa de golpe, Jair Bolsonaro.

“O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”, disse em nota oficial após a carta de Trump.

“O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de Estado é de competência apenas da Justiça brasileira e não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”, complementou.

A tarifa e o balanço na economia

O anúncio causou uma desvalorização do real, que fechou em R$ 5,61 na quarta-feira. O balanço da economia pode ser maior, mas não é possível saber ainda o que a taxa vai causar, à medida que só está programada para ser implementada no primeiro dia de agosto e até lá algumas mudanças podem ocorrer.

Trump acrescentou que, caso o Brasil decida “abrir seus mercados e eliminar barreiras comerciais”, os EUA podem rever as tarifas. No entanto, o presidente americano deixou claro que, se o Brasil decidir aumentar suas tarifas, o país vai retaliar em cima dos 50%, adicionando uma porcentagem à tarifa já existente.

O que a tarifa pode causar à economia dos dois países

Caso seja implementada, a tarifa de 50% aos produtos brasileiros que são exportados aos Estados Unidos pode inviabilizar a exportação de alguns setores e também impedir a expansão de outros setores da economia. Entre os produtos mais exportados para os EUA, a carne bovina faz parte do consumo rotineiro do cidadão americano e tem sido importante para complementar o setor na América, com a queda do rebanho no país.

No Brasil, as tarifas podem afetar diversos setores, como o café, o suco de laranja e até mesmo o setor aeronáutico. A Embraer, de acordo com o site Info Money, exporta 60% das suas produções para o país presidido por Trump, e por isso pode ser uma das empresas brasileiras mais prejudicadas na bolsa nacional.

Fonte: Mdic (dados desde jan. 2025, no cálculo ‘free-on-board’).

Mídia internacional reage

A mídia internacional reagiu à tarifa anunciada pelo Presidente Trump. No jornal alemão Der Spiegel, houve uma ressalva ao fato de que, pela primeira vez, o presidente americano justificou tarifas por motivos políticos, fazendo referência à defesa que o americano fez ao Bolsonaro já no início da carta endereçada a Lula.

Outros jornais, como o New York Times e o El País, também sublinharam as motivações políticas de Trump e desmentiram a afirmação de uma relação comercial deficitária entre os EUA e o Brasil.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Lagoa News

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