A casa caiu.
Caiu diante dos meus olhos, diante da minha história, diante de tudo o que um dia sonhei.
Por anos, ela foi construída tijolo a tijolo.
Por anos, recebeu reformas, cuidados, reparos.
Por anos, foi lar, foi festa, foi riso.
Mas agora…
agora é só silêncio e poeira.
Escute.
Você ouve?
São vozes vindas de todos os lados, perguntando o que aconteceu, quem errou, por que tudo acabou.
A casa era bonita… tão bonita! Sempre cheia de gente, decorada, viva.
Mas hoje… hoje é apenas um cenário de ruínas, um espetáculo de horrores.
A rua está fechada.
O perigo é real.
A queda daquela casa ameaça a vizinhança inteira.
Será que resta algo?
Sempre resta. Sempre.
Mas o que resta ainda está enterrado, escondido, ferido.
Ninguém nos ensinou a perder.
Ninguém nos preparou para o dia em que tudo iria ruir.
E quando isso acontece, o desespero chega como um vento forte.
Mas, diga-me… de que adianta se desesperar?
Isso reconstrói paredes?
Isso levanta tetos?
Não.
O que se deve fazer primeiro é simples… mas doloroso:
remover os entulhos.
Afastar pedra por pedra, pó por pó.
Porque debaixo das ruínas existem coisas valiosas.
Estão quebradas, é verdade.
Mas podem ser restauradas.
E para começar… é preciso subir.
Subir a um lugar alto.
Olhar de cima o estrago.
Enxergar por onde começar.
Ou melhor… por onde recomeçar.

Hoje eu vejo…
vejo utensílios preciosos debaixo dos escombros.
Quero falar sobre eles.
Mas antes, é preciso dizer:
Ninguém limpa entulho sozinho.
Que Deus te abençoe.