O Aeroporto Internacional de Belo Horizonte mais uma vez demonstra que sustentabilidade e eficiência operacional podem andar lado a lado. Pelo quinto ano consecutivo, o BH Airport recebeu o reconhecimento de Aeroporto Verde pelo ACI-LAC (Airports Council International – Latin America & Caribbean), desta vez pelo inovador projeto Passagem de Fauna.
Este reconhecimento não representa apenas mais um prêmio na estante. Ele simboliza o compromisso genuíno de uma infraestrutura aeroportuária com a preservação ambiental e a criação de soluções sustentáveis que beneficiam tanto a operação quanto o ecossistema local.
O projeto premiado vai além das práticas convencionais de sustentabilidade, oferecendo uma solução concreta para um dos maiores desafios ambientais enfrentados por aeroportos localizados em áreas de grande biodiversidade: como permitir o desenvolvimento da infraestrutura sem comprometer a vida selvagem local.
Como funciona a passagem de fauna do BH Airport
A estrutura que garantiu o quinto selo verde ao aeroporto é um túnel subterrâneo de aproximadamente 2 metros de altura e 60 metros de comprimento. Construída sob a rodovia LMG 800, principal acesso ao BH Airport, esta passagem cria um corredor ecológico seguro para os animais silvestres da região.
O projeto permite que a fauna local circule livremente entre dois grandes fragmentos florestais, mantendo o fluxo gênico essencial para a preservação das espécies. Esta solução engenhosa conecta habitats que anteriormente eram separados pela infraestrutura rodoviária, restaurando rotas naturais de migração e forrageamento dos animais.
Monitoramento tecnológico da biodiversidade
A equipe de manejo da fauna silvestre do BH Airport utiliza armadilhas fotográficas estrategicamente posicionadas para documentar o uso da passagem pelos animais. Este sistema de monitoramento permite acompanhar quais espécies utilizam o túnel, com que frequência e em quais horários.
Os dados coletados não servem apenas para controle interno. O aeroporto disponibiliza essas informações para pesquisadores e trabalhos científicos, contribuindo para o conhecimento sobre a fauna da Área de Proteção Ambiental Carste de Lagoa Santa.
Diversidade surpreendente de espécies beneficiadas
Desde 2023, quase 20 espécies diferentes foram registradas utilizando a passagem subterrânea. A lista inclui mamíferos silvestres típicos dos biomas Mata Atlântica and Cerrado, muitos deles classificados como ameaçados ou vulneráveis à extinção.
Entre os animais documentados estão tamanduás-mirins, veados-catingueiro, iraras, ouriços-cacheiros, quatis, jaguatiricas, cachorros-do-mato, furões, tatus, gambás, capivaras, tapitis, morcegos e pacas. Esta variedade demonstra a eficácia da estrutura em atender diferentes espécies com necessidades e comportamentos distintos.
Resultados mensuráveis de conservação
Os números comprovam o sucesso da iniciativa. Nos dois primeiros anos de monitoramento, foi observada uma redução de aproximadamente 83% nos atropelamentos de animais silvestres ao longo da rodovia. Este resultado impressionante não apenas protege a biodiversidade local, mas também aumenta a segurança viária.
A redução significativa de acidentes com animais beneficia motoristas, reduz custos de manutenção da rodovia e, principalmente, preserva espécies nativas que enfrentam pressões crescentes devido à fragmentação de habitat.
Contexto ambiental único da região
O BH Airport está localizado em uma das regiões mais ricas em biodiversidade do país. A área abriga mais de 300 hectares de vegetação nativa, distribuídos entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado, formando um ecossistema integrado a outras áreas preservadas.
O cenário se destaca também pela diversidade geológica, paleontológica, arqueológica e hidrológica. O sistema cárstico local apresenta uma paisagem única, caracterizada por rochas solúveis que formam cavernas, dolinas e aquíferos subterrâneos essenciais para a preservação da biodiversidade.
Patrimônio histórico e científico
A região da APA Carste possui importância histórica mundial. Foi aqui que se descobriu “Luzia”, o fóssil humano mais antigo das Américas, localizado a apenas 3 km da pista do aeroporto. Esta descoberta revolucionou teorias sobre a origem e migração dos primeiros habitantes do continente americano.
A presença de vestígios de megafauna extinta e povos pré-históricos torna a área ainda mais valiosa para a ciência, reforçando a importância de iniciativas de conservação como a passagem de fauna.
Critérios rigorosos para o reconhecimento verde
O Green Airport Recognition do ACI-LAC avalia projetos com base em critérios específicos e exigentes. Os aeroportos devem demonstrar envolvimento ativo da alta administração, benefícios mensuráveis de sustentabilidade apoiados por dados quantitativos, engajamento efetivo das partes interessadas e elementos de inovação.
O projeto Passagem de Fauna do BH Airport atendeu todos esses requisitos, destacando-se pela abordagem científica e pelos resultados concretos alcançados. A iniciativa contribui diretamente para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, especialmente aqueles relacionados à vida terrestre e parcerias para a implementação dos objetivos.
Um modelo replicável de sustentabilidade aeroportuária
O sucesso do projeto do BH Airport oferece um modelo que pode ser adaptado e replicado por outros aeroportos localizados em áreas de alta biodiversidade. A experiência demonstra que soluções criativas podem resolver conflitos aparentes entre desenvolvimento de infraestrutura e conservação ambiental.
“Atuamos tanto para minimizar o impacto da aviação no meio ambiente quanto para trazer soluções ao criarmos um ecossistema de proteção e conservação da biodiversidade”, destaca Daniel Miranda, CEO do BH Airport. Esta filosofia representa uma mudança de paradigma na gestão aeroportuária, onde a sustentabilidade deixa de ser um custo para se tornar um investimento em legitimidade social e ambiental.
O quinto reconhecimento consecutivo como Aeroporto Verde consolida o BH Airport como referência em sustentabilidade no setor aeroportuário latino-americano, provando que excelência operacional e responsabilidade ambiental são objetivos complementares e alcançáveis.
