O burnout parental é uma questão crescente que impacta significativamente as mães no Brasil. Em um ambiente cada vez mais desafiador, 90% das mães relatam sentir os efeitos desse esgotamento. Compreender as causas do burnout e seu impacto na saúde mental dessas mulheres é crucial. Além disso, alcançar a equidade de gênero requer uma abordagem que considere as complexidades da maternidade e o impacto desse esgotamento no cotidiano.
O que é burnout parental?
O termo “burnout” foi introduzido em 1974 pelo psicanalista Herbert Freudenberger, descrevendo um esgotamento extremo, tanto físico quanto emocional. Este conceito é especialmente relevante para mães que enfrentam uma sobrecarga diária, sentindo-se no limite. No Brasil, um em cada quatro brasileiros sofre de burnout, colocando o país no topo dos índices de ansiedade e depressão na América Latina, com cerca de 19 milhões de pessoas afetadas.
Pesquisa sobre burnout parental no Brasil
Entre abril e julho de 2024, a B2Mamy e a Kiddle Pass conduziram uma pesquisa com 2.000 mães para avaliar o burnout parental no Brasil. Os resultados foram alarmantes: mais da metade das mães já recebeu algum diagnóstico relacionado à saúde mental. O estudo incluiu perguntas sobre a frequência com que essas mães se sentiam sobrecarregadas ao tentar equilibrar trabalho e responsabilidades familiares, destacando a importância de entender como o burnout afeta essas mulheres diariamente.
Os impactos do burnout parental
O burnout parental afeta principalmente as mães, resultando em esgotamento emocional, episódios de raiva ou apatia em relação aos cuidados com os filhos e uma sensação de distanciamento que compromete a realização pessoal na parentalidade. Muitas mães se comparam negativamente a outras figuras parentais, agravando a sensação de insuficiência. Essas questões são parte da rotina de muitas mães que lutam para equilibrar trabalho, família e saúde mental.
A saída do mercado de trabalho
Um dado preocupante é que 75% das mães entrevistadas consideraram deixar o mercado de trabalho devido ao burnout e problemas de saúde mental. Mais da metade já foi diagnosticada com algum transtorno mental, e 20% das mães relataram não ter uma rede de apoio, agravando a situação. A dificuldade de abordar questões familiares no ambiente de trabalho é evidente, com 30% das mães afirmando que não se sentem seguras para falar sobre suas famílias no emprego.
A desigualdade racial no burnout parental
A pesquisa também destacou a desigualdade racial no burnout parental. Mães negras apresentaram níveis de esgotamento 24% superiores aos das mães brancas, evidenciando a necessidade de uma abordagem mais inclusiva que considere as particularidades de cada grupo.
A penalidade da maternidade no mercado de trabalho
Mesmo com esforços para equilibrar trabalho e família, as mães enfrentam a “penalidade da maternidade”, refletida em menores salários, menos oportunidades de promoção e dificuldades para manter a empregabilidade. Segundo a FGV, 48% das mães deixam o mercado de trabalho até o segundo ano após a licença-maternidade.
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Empreendedorismo como alternativa para mães
Diante dessas dificuldades, muitas mães optam pelo empreendedorismo como solução. No entanto, uma pesquisa da Boston Consulting Group (BCG) e Mass Challenge revelou que startups fundadas por mulheres recebem, em média, menos investimentos em comparação às fundadas por homens, apesar de gerarem retornos maiores a longo prazo. Isso mostra que, mesmo no empreendedorismo, as mulheres enfrentam barreiras significativas.
O papel das empresas no combate ao burnout parental
Para combater o burnout parental e promover um ambiente mais inclusivo para mães, as empresas precisam tomar medidas concretas:
- Reconhecer que o burnout e a desigualdade de gênero têm um custo financeiro e de reputação;
- Investir em políticas de benefícios que atendam às necessidades das mães e pais;
- Criar ambientes de trabalho acolhedores, onde líderes e equipes compreendam a importância da diversidade e parentalidade.
A pesquisa revelou uma crise silenciosa que afeta muitas mães no Brasil. Portanto, é essencial que empresas, governo e sociedade trabalhem juntos para enfrentar esse desafio.