Neste domingo, a cidade de Lagoa Santa será palco de uma iniciativa emocionante voltada à inclusão e ao acolhimento: a Caminhada pela Conscientização do Autismo. O evento acontece na orla da Lagoa Central e marca a principal ação da campanha “Informação gera empatia, empatia gera respeito”, alusiva ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado oficialmente em 2 de abril.
Organizado com o objetivo de promover conhecimento e combater o preconceito em relação ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), o evento promete reunir moradores, famílias e profissionais da saúde em um grande gesto coletivo de respeito à diversidade humana.
A concentração dos participantes será no Areião, ponto tradicional de encontros na cidade. Com roupas azuis — cor símbolo da causa — os presentes também receberão adesivos com o símbolo do autismo, reforçando a mensagem visual de apoio. A caminhada seguirá pela orla da lagoa, oferecendo não apenas visibilidade ao tema, mas também momentos de convivência e troca entre a população.
Cordão de girassol: visibilidade para deficiências não aparentes
Uma das ações que chamará a atenção durante a caminhada será a entrega do cordão de girassol, acessório reconhecido oficialmente no Brasil pela Lei nº 4.782/22. Esse item tem ganhado importância como uma forma de identificar pessoas com deficiências ocultas — aquelas que não se manifestam fisicamente, mas que impactam diretamente a vida do indivíduo.
Durante o evento, pessoas que apresentarem laudo médico comprovando esse tipo de condição poderão receber o cordão, que ajuda a sensibilizar a sociedade sobre a importância da paciência, compreensão e empatia em situações cotidianas. Entre as deficiências não aparentes estão o autismo, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), a doença de Crohn, a fibromialgia, algumas condições de saúde mental, entre outras.
Campanha vai além da caminhada
A mobilização em Lagoa Santa não se resume ao evento na orla. A prefeitura e instituições parceiras também estão promovendo uma campanha educativa com distribuição de panfletos informativos, com o intuito de ampliar o conhecimento da população sobre o TEA. Os materiais explicam as principais características do transtorno, desmistificam comportamentos comuns e orientam sobre como oferecer suporte e respeito às pessoas autistas e suas famílias.
Criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2008, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo tem como missão chamar a atenção para a importância da inclusão, da compreensão e da valorização das diferenças. A data tem se consolidado como um momento de reflexão global e, em cidades como Lagoa Santa, também como um chamado à ação.
Rede de apoio estruturada e especializada
A atenção ao público com transtornos do neurodesenvolvimento em Lagoa Santa vai além das datas comemorativas. A cidade dispõe de uma rede estruturada de atendimento, com foco no acompanhamento contínuo de crianças e adolescentes com autismo e outras condições neurológicas.
Essa rede inclui o Centro de Atenção Integrada à Saúde (CAIS), o Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPS IJ), a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e a Santa Casa – Hospital Lindouro Avelar. Juntas, essas instituições oferecem uma gama de serviços especializados e multidisciplinares, com profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos, assistentes sociais, psiquiatras, pediatras e neuropediatras.
Além dos atendimentos clínicos, muitas dessas unidades promovem oficinas terapêuticas e grupos de apoio para familiares, reforçando o papel da rede como um espaço de cuidado integral. A atuação conjunta permite uma abordagem mais eficiente e humanizada, garantindo o suporte necessário não só para o diagnóstico, mas também para o desenvolvimento e bem-estar das crianças.
Compreensão das deficiências ocultas: um passo para a inclusão plena
Um dos aspectos mais importantes da campanha em Lagoa Santa é justamente a conscientização sobre as chamadas deficiências ocultas. Muitas vezes invisíveis aos olhos, essas condições exigem um esforço maior da sociedade em reconhecer sinais sutis e agir com empatia.
Pessoas com TDAH, autismo leve, depressão severa, ansiedade generalizada, demência em estágio inicial, entre outras condições, podem não demonstrar limitações físicas. No entanto, enfrentam desafios significativos no dia a dia, como dificuldade de concentração, sensibilidade a ruídos, crises de ansiedade ou exaustão mental.
Nesse sentido, atitudes simples — como oferecer lugar em filas, dar mais tempo para a pessoa se expressar ou respeitar sinais de sobrecarga sensorial — fazem toda a diferença. A campanha “Informação gera empatia, empatia gera respeito” propõe justamente isso: transformar o conhecimento em atitudes concretas de inclusão.
A força das famílias e o papel da comunidade
Por trás de cada criança ou jovem com TEA, há uma família que muitas vezes enfrenta um caminho longo e desafiador em busca de diagnóstico, tratamento e acolhimento. Em Lagoa Santa, o envolvimento da comunidade e o fortalecimento dos laços familiares são vistos como pilares essenciais para uma sociedade mais justa.
Iniciativas como rodas de conversa, grupos de apoio entre mães e pais, atividades educativas nas escolas e ações nas redes sociais têm contribuído para quebrar tabus e construir uma convivência mais empática. Quanto mais se fala sobre o autismo, menos espaço há para o preconceito.
Além disso, professores, educadores, profissionais da saúde e gestores públicos têm papel fundamental nesse processo. Com formação adequada e sensibilidade, é possível criar ambientes mais acolhedores em creches, escolas e espaços públicos.
Lagoa Santa como exemplo de mobilização
A realização da caminhada e da campanha de conscientização mostra que Lagoa Santa está trilhando um caminho importante. Em vez de limitar-se a ações pontuais, o município aposta na construção de uma cultura permanente de respeito às diferenças. Isso é possível graças ao envolvimento de diversos setores — saúde, educação, assistência social, sociedade civil — e ao engajamento das famílias.
O azul que vai colorir a orla neste domingo simboliza muito mais do que uma causa: representa o compromisso coletivo com um futuro mais inclusivo. Um futuro onde cada pessoa, independentemente de seu modo de se comunicar, interagir ou perceber o mundo, possa encontrar respeito, compreensão e oportunidade de desenvolver seu potencial.
Para refletir e agir
A Caminhada pela Conscientização do Autismo é um convite para que todos nós olhemos ao redor com mais atenção. Muitas vezes, a empatia começa com um simples gesto: ouvir, acolher, perguntar, aprender. E quando nos informamos, conseguimos enxergar o outro para além das aparências.
Por isso, se você estiver em Lagoa Santa neste domingo, vista-se de azul, caminhe ao lado das famílias, distribua sorrisos e leve para casa uma nova maneira de ver o mundo. Porque quando a informação gera empatia, e a empatia se transforma em respeito, estamos construindo uma sociedade melhor para todos.
