Criadores de Música e Audiovisual podem Perder R$116 Bilhões para IA até 2028

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Lucas Machado

Um estudo encomendado pela Confederação Internacional de Sociedades de Autores e Compositores (CISAC) alerta para o impacto significativo da inteligência artificial (IA) sobre os setores de música e audiovisual nos próximos cinco anos. A pesquisa, conduzida pela empresa de dados PMP Strategy, projeta que criadores humanos podem enfrentar uma perda de R$ 116,82 bilhões em receitas até 2028.

Impacto da IA nos Setores Criativos

De acordo com o levantamento, o mercado de conteúdos musicais e audiovisuais criados por IA crescerá exponencialmente, saltando de R$ 15,93 bilhões em 2023 para impressionantes R$ 339,84 bilhões em 2028. Enquanto isso, as receitas de provedores de IA generativa devem aumentar substancialmente, resultando em perdas de 24% e 21% nas receitas de criadores de música e audiovisual, respectivamente.

No setor musical, isso equivale a uma perda de R$ 53,10 bilhões, enquanto no audiovisual as perdas podem atingir R$ 63,72 bilhões. Este avanço tecnológico coloca em risco uma parcela significativa das receitas de artistas e profissionais criativos.

Música Gerada por IA: Crescimento e Desafios

Música Gerada por IA: Crescimento e Desafios

No campo musical, a pesquisa estima que, até 2028, cerca de 20% das receitas de plataformas de streaming e 60% das de bibliotecas musicais serão provenientes de música gerada por IA. As receitas de provedores de IA no setor saltarão de R$ 0,53 bilhão em 2023 para R$ 21,24 bilhões anuais em cinco anos.

Este crescimento reflete o aumento da presença da IA no mercado, competindo diretamente com obras criadas por humanos e substituindo fontes tradicionais de receita. A substituição não se limita à geração de novos conteúdos, mas também envolve o uso não autorizado de obras existentes como base para treinar modelos de IA.

Setor Audiovisual: Profissionais Mais Impactados

O estudo também destaca que tradutores, dubladores e legendadores serão os mais afetados no setor audiovisual, com 56% de suas receitas em risco. Roteiristas e diretores, por sua vez, podem enfrentar perdas entre 15% e 20% de suas receitas tradicionais. No total, as receitas geradas por IA no audiovisual devem crescer de R$ 1,06 bilhão em 2023 para R$ 26,55 bilhões em 2028.

Essas mudanças reforçam o desafio para os criadores, que precisam lidar não apenas com a competição direta, mas também com o uso não autorizado de suas obras por modelos de IA generativa.

Transferência Econômica e Preocupações Éticas

O estudo identifica uma transferência de valor econômico dos criadores para as empresas de tecnologia. Essa mudança ocorre de duas formas principais: pela reprodução não licenciada de conteúdos criados por humanos e pela substituição de produtos originais por outputs gerados por IA. O impacto dessa transferência vai além das perdas financeiras, ameaçando a sustentabilidade da criatividade humana em diversos setores.

Björn Ulvaeus, presidente da CISAC, ressaltou em nota a necessidade de proteger os direitos dos criadores e desenvolver políticas que garantam um ambiente equilibrado. Segundo ele, é essencial valorizar a criatividade e a cultura humanas frente ao avanço da inteligência artificial.

Metodologia do Estudo

Os resultados do levantamento foram obtidos por meio de uma combinação de análises qualitativas e quantitativas. O estudo inclui estudos de caso sobre a aplicação de IA generativa e sua penetração no mercado, além de projeções baseadas em benchmarks relevantes e entrevistas com especialistas da indústria.

Entre os consultados estão organizações de gestão coletiva (CMOs), criadores, empresas de tecnologia, produtores, editoras, plataformas digitais e representantes institucionais do setor. Essas informações também serviram para estimar potenciais esquemas de remuneração que poderiam beneficiar os criadores.

Reflexão para o Futuro

Com o mercado de IA crescendo rapidamente, o estudo aponta para a urgência de regulamentações que assegurem direitos justos aos criadores e evitem que a tecnologia desvalorize suas contribuições. O equilíbrio entre inovação tecnológica e preservação da criatividade humana será crucial para o futuro das indústrias de música e audiovisual.

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