Enchentes no Vale do Aço deixam rastro de destruição em Minas Gerais

Enchentes no Vale do Aço deixam rastro de destruição em Minas Gerais
Comerciantes do bairo Canaã lidam com os estragos causados pelo temporal — Foto: Samuel Carlos/Inter TV dos Vales

O mês de janeiro de 2025 foi marcado por um dos maiores desastres naturais da história recente de Minas Gerais. A região do Vale do Aço, localizada no leste do estado, sofreu com chuvas intensas e ininterruptas que provocaram enchentes e deslizamentos de terra em várias cidades, incluindo Ipatinga, Santana do Paraíso e Coronel Fabriciano.

As fortes tempestades, que ocorreram entre os dias 12 e 13, deixaram um saldo de 26 mortes confirmadas, além de dezenas de desaparecidos e mais de 85 mil pessoas impactadas direta ou indiretamente. Além disso, o governo estadual decretou estado de calamidade pública em diversos municípios da região, o que permitiu a liberação de recursos emergenciais para atendimento à população.

Ipatinga e Santana do Paraíso entre as cidades mais afetadas

Em Ipatinga, principal cidade do Vale do Aço, o rio Piracicaba transbordou, alagando bairros inteiros e forçando a evacuação de centenas de famílias. O volume de chuva registrado superou 180 mm em menos de 48 horas, um índice considerado extremamente crítico pelos meteorologistas. A Defesa Civil municipal montou abrigos temporários em escolas e ginásios para atender os desabrigados.

Em Santana do Paraíso, deslizamentos de terra causaram destruições em áreas de encosta, resultando em sete óbitos. Várias casas foram soterradas e o acesso a determinadas regiões ficou comprometido por dias. A cidade também declarou estado de emergência e recebeu reforço de equipes da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil do Estado.

Enchentes no Vale do Aço 2025 - Ipatinga e Santana do Paraíso
(Redes Sociais/Reprodução)

Resposta rápida e desafios da reconstrução

Diante do agravamento da situação, o governador Romeu Zema mobilizou as secretarias estaduais de Desenvolvimento Social, Saúde, Obras Públicas e Defesa Civil para prestar apoio imediato aos municípios atingidos.

O governo federal também se pronunciou, garantindo apoio financeiro e logístico através da liberação de verbas do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional. Ainda assim, os desafios para reconstruir as infraestruturas destruídas e realocar as famílias são enormes.

Ruas foram destruídas, escolas ficaram inoperantes, hospitais foram danificados e o abastecimento de água potável foi interrompido em vários pontos. Além disso, autoridades locais destacam a importância de reforçar as políticas de prevenção para evitar que tragédias semelhantes se repitam.

Voluntariado e mobilização social

A resposta da população às enchentes também foi comovente. Diversos grupos de voluntários, organizações religiosas, ONGs e moradores se mobilizaram para arrecadar alimentos, água, roupas, colchões e produtos de higiene para os afetados.

Campanhas solidárias se espalharam pelas redes sociais e diversos pontos de coleta foram organizados em cidades vizinhas como Timóteo e Caratinga. A solidariedade mineira se manifestou de forma massiva, tornando-se um fator essencial para amenizar os efeitos imediatos da catástrofe. A participação ativa da sociedade civil também pressionou o poder público a agilizar as ações de suporte e reconstrução.

Avaliação de riscos e infraestrutura urbana

Especialistas em urbanismo e defesa civil apontam que grande parte das áreas afetadas já eram consideradas de risco. Mesmo assim, a falta de fiscalização, o crescimento urbano desordenado e a ocupação de áreas de encosta contribuíram para agravar os danos. Além disso, muitos dos sistemas de drenagem estavam obsoletos ou entupidos, impedindo o escoamento adequado da água da chuva.

Para os especialistas, é fundamental que os investimentos públicos em infraestrutura urbana sejam ampliados, com foco em obras de contenção de encostas, canalização de águas pluviais e requalificação das vias de acesso. A prevenção precisa se tornar prioridade nos orçamentos municipais.

Questões ambientais e responsabilidade compartilhada

As enchentes também acenderam um alerta sobre os impactos das mudanças climáticas e a falta de gestão ambiental. A ocupação irregular de áreas de preservação permanente, o desmatamento de margens de rios e a impermeabilização do solo urbano agravam o cenário em épocas de chuvas intensas.

Ambientalistas e engenheiros florestais defendem que a gestão do solo urbano seja integrada com políticas ambientais e planos diretores mais rigorosos. A responsabilidade é compartilhada entre poder público, empresas e população, sendo essencial criar uma cultura de respeito ao meio ambiente e de planejamento territorial sustentável. Escrito por Lucas Machado

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