O mês de janeiro de 2025 foi marcado por um dos maiores desastres naturais da história recente de Minas Gerais. A região do Vale do Aço, localizada no leste do estado, sofreu com chuvas intensas e ininterruptas que provocaram enchentes e deslizamentos de terra em várias cidades, incluindo Ipatinga, Santana do Paraíso e Coronel Fabriciano.
As fortes tempestades, que ocorreram entre os dias 12 e 13, deixaram um saldo de 26 mortes confirmadas, além de dezenas de desaparecidos e mais de 85 mil pessoas impactadas direta ou indiretamente. Além disso, o governo estadual decretou estado de calamidade pública em diversos municípios da região, o que permitiu a liberação de recursos emergenciais para atendimento à população.
Ipatinga e Santana do Paraíso entre as cidades mais afetadas
Em Ipatinga, principal cidade do Vale do Aço, o rio Piracicaba transbordou, alagando bairros inteiros e forçando a evacuação de centenas de famílias. O volume de chuva registrado superou 180 mm em menos de 48 horas, um índice considerado extremamente crítico pelos meteorologistas. A Defesa Civil municipal montou abrigos temporários em escolas e ginásios para atender os desabrigados.
Em Santana do Paraíso, deslizamentos de terra causaram destruições em áreas de encosta, resultando em sete óbitos. Várias casas foram soterradas e o acesso a determinadas regiões ficou comprometido por dias. A cidade também declarou estado de emergência e recebeu reforço de equipes da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil do Estado.

Resposta rápida e desafios da reconstrução
Diante do agravamento da situação, o governador Romeu Zema mobilizou as secretarias estaduais de Desenvolvimento Social, Saúde, Obras Públicas e Defesa Civil para prestar apoio imediato aos municípios atingidos.
O governo federal também se pronunciou, garantindo apoio financeiro e logístico através da liberação de verbas do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional. Ainda assim, os desafios para reconstruir as infraestruturas destruídas e realocar as famílias são enormes.
Ruas foram destruídas, escolas ficaram inoperantes, hospitais foram danificados e o abastecimento de água potável foi interrompido em vários pontos. Além disso, autoridades locais destacam a importância de reforçar as políticas de prevenção para evitar que tragédias semelhantes se repitam.
Voluntariado e mobilização social
A resposta da população às enchentes também foi comovente. Diversos grupos de voluntários, organizações religiosas, ONGs e moradores se mobilizaram para arrecadar alimentos, água, roupas, colchões e produtos de higiene para os afetados.
Campanhas solidárias se espalharam pelas redes sociais e diversos pontos de coleta foram organizados em cidades vizinhas como Timóteo e Caratinga. A solidariedade mineira se manifestou de forma massiva, tornando-se um fator essencial para amenizar os efeitos imediatos da catástrofe. A participação ativa da sociedade civil também pressionou o poder público a agilizar as ações de suporte e reconstrução.
Avaliação de riscos e infraestrutura urbana
Especialistas em urbanismo e defesa civil apontam que grande parte das áreas afetadas já eram consideradas de risco. Mesmo assim, a falta de fiscalização, o crescimento urbano desordenado e a ocupação de áreas de encosta contribuíram para agravar os danos. Além disso, muitos dos sistemas de drenagem estavam obsoletos ou entupidos, impedindo o escoamento adequado da água da chuva.
Para os especialistas, é fundamental que os investimentos públicos em infraestrutura urbana sejam ampliados, com foco em obras de contenção de encostas, canalização de águas pluviais e requalificação das vias de acesso. A prevenção precisa se tornar prioridade nos orçamentos municipais.
Questões ambientais e responsabilidade compartilhada
As enchentes também acenderam um alerta sobre os impactos das mudanças climáticas e a falta de gestão ambiental. A ocupação irregular de áreas de preservação permanente, o desmatamento de margens de rios e a impermeabilização do solo urbano agravam o cenário em épocas de chuvas intensas.
Ambientalistas e engenheiros florestais defendem que a gestão do solo urbano seja integrada com políticas ambientais e planos diretores mais rigorosos. A responsabilidade é compartilhada entre poder público, empresas e população, sendo essencial criar uma cultura de respeito ao meio ambiente e de planejamento territorial sustentável. Escrito por Lucas Machado