O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman (MBS), visita os Estados Unidos nesta terça-feira para um encontro decisivo com o presidente Donald Trump. A viagem, a primeira desde o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em 2018, busca redefinir a relação estratégica entre os dois países, com foco em segurança, petróleo, tecnologia de inteligência artificial e avanços na área nuclear.
Repercussão
Apesar da repercussão internacional do caso Khashoggi, tanto Washington quanto Riad querem virar a página. Os EUA pretendem aproveitar a promessa saudita de investir US$ 600 bilhões na economia americana, enquanto MBS tenta obter garantias de segurança diante das tensões crescentes no Oriente Médio.
Arábia Saudita quer avançar em pacto de defesa com os EUA
O principal objetivo do príncipe é negociar um acordo formal de defesa. A parceria histórica, petróleo a preços estratégicos em troca de proteção militar americana, ficou fragilizada após ataques do Irã a instalações sauditas em 2019 e a recente ofensiva israelense no Catar, que reacendeu temores regionais.
Riad deseja um pacto ratificado pelo Congresso americano, semelhante a alianças que os EUA mantêm com outros parceiros estratégicos. Trump, porém, tem sinalizado um modelo mais limitado, semelhante ao acordo firmado recentemente com o Catar: um compromisso para consultas imediatas em caso de ameaça, mas sem obrigação de defesa automática.
Diplomatas e analistas acreditam que ambos os lados devem sair da reunião com menos do que desejam, um resultado comum em negociações de alto nível.
IA, energia nuclear e rivalidade regional no centro das negociações
O príncipe saudita também pretende avançar em acordos de tecnologia avançada, especialmente na área de inteligência artificial. Riad quer acesso a chips de última geração para tornar o país um polo global de IA e competir com os Emirados Árabes Unidos, que recentemente fecharam um acordo bilionário com os EUA para um centro de dados avançado.
Outro ponto-chave é a negociação de um programa nuclear civil saudita. O reino busca diversificar sua economia, reduzir a dependência do petróleo e igualar o avanço nuclear dos Emirados e do Irã. No entanto, as discussões travaram porque os EUA querem impedir que a Arábia Saudita enriqueça urânio, etapa sensível que também pode ser usada para produzir armas.
Mesmo com entraves, existe expectativa de que Trump e MBS (Mohammed bin Salman) anunciem algum tipo de avanço, seja um acordo preliminar ou um comunicado conjunto sobre progresso nas negociações.













