Belo Horizonte sediará o maior evento global sobre terras raras e ímãs permanentes

Belo Horizonte sediará o maior evento global sobre terras raras e ímãs permanentes
Luís Gonzaga Trabasso, do Instituto SENAI de Inovação em Joinville, apresenta a candidatura do Brasil para sediar o congresso em 2027. Foto: Divulgação/FIESC

O Brasil foi escolhido, nesta quarta-feira (13), para receber a edição 2027 do Workshop sobre Terras Raras e os Ímãs Permanentes do Futuro e suas Aplicações (REPM, na sigla em inglês), o evento é o mais importante da categoria.

Lagoa Santa tem um papel fundamental no setor e vem crescendo no cenário nacional dos minérios conhecidos como “terras raras” após a inauguração da planta piloto de ímãs permanentes em 2023.

Além disso, as disputas por esses minerais não tão “raros” têm aumentado nos últimos anos com a evolução da tecnologia e as tentativas de realizar uma transição energética para reduzir as emissões de carbono.

O que são “terras raras” e por que são tão importantes?

Lagoa Santa no mapa das terras raras: Brasil avança em produção estratégica e pode redefinir a liderança global

Minérios com dificuldade para extração e conhecidos por serem utilizados na produção de segmentos de alta tecnologia, como carros elétricos e smartphones, as terras raras despontam como matéria-prima essencial para o desenvolvimento tecnológico, econômico e militar.

Em matéria da BBC Brasil, a geógrafa e pesquisadora Julie Klinger, especialista em mineração, detalhou por que esses elementos se tornaram tão cruciais:

“Eles têm propriedades magnéticas e de condutividade fantásticas, que permitiram a miniaturização dos nossos eletrônicos: para que nossos computadores ficassem do tamanho de celulares e laptops, em vez de serem do tamanho de um prédio.” Permitiram também veículos mais eficientes, por simplesmente torná-los mais leves e resistentes ao mesmo tempo”, afirmou em entrevista concedida em março de 2025.

Edição 2027 em Belo Horizonte

O Workshop sobre Terras Raras e os Ímãs Permanentes do Futuro e suas Aplicações reunirá diversos especialistas nas áreas de tecnologia, transição energética, cadeia de suprimentos, mobilidade, defesa e materiais magnéticos. O objetivo do evento é desenvolver e conectar acadêmicos especializados no assunto para inovar em uma área que cresce muito no Brasil.

A candidatura brasileira foi apresentada pelas Federações de Indústrias dos Estados de Santa Catarina (FIESC) e de Minas Gerais (FIEMG), além da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Na edição 2025 que aconteceu no Japão, a candidatura foi aprovada e assim a capital mineira receberá o workshop. O Brasil já foi anfitrião em 1996, quando São Paulo sediou o encontro.

Retorno importante para o Brasil

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Especialistas do SENAI acompanharam o congresso em Tuksuba, no Japão. Foto: Divulgação/FIESC

Em matéria da FIESC, José Luciano Pereira, gerente de Inovação e Tecnologia do Instituto de Terras Raras (ITR) da FIEMG, destacou a importância do retorno do evento para o Brasil.

“Esse é um dos maiores eventos do mundo e reúne especialistas da área de ímãs permanentes de terras raras de diversos países. Ou seja, é atualmente a principal fonte de conhecimento sobre o tema e trazer esse evento para Belo Horizonte representa uma grande oportunidade para o desenvolvimento do setor no Brasil”, afirmou.

Também é de acordo com a matéria da FIESC, a aprovação da candidatura brasileira é vista como reforço à “relevância nacional na agenda de desenvolvimento da cadeia de suprimentos de ímãs de terras raras”, diz o texto.

A realização da reunião no Brasil é uma forma de trazer os olhos dos investidores nacionais e internacionais sobre as terras raras brasileiras. A planta de ímãs permanentes inaugurada em Lagoa Santa, projeto realizado por meio da parceria entre a FIEMG e o SENAI, é peça essencial nesse processo de transição energética que pode colocar a cidade mineira no centro do desenvolvimento da área no Brasil.

O workshop será também uma oportunidade para fortalecer ainda mais a conexão empresarial entre o SENAI e a FIEMG, com a parceria formada no município mineiro. “O timing é perfeito, pois essa discussão sobre ímãs permanentes de terras raras está em alta, e a FIEMG, por meio do SENAI Minas, conta com o primeiro laboratório-fábrica do hemisfério Sul”, destacou Pereira, referindo-se ao laboratório em Lagoa Santa.

Disputas políticas sobre as “terras raras”

As disputas políticas que envolvem as terras raras são amplas, mesmo os metais possuindo esse nome “raro”, na realidade são encontrados por todo o planeta. A grande questão é que são difíceis de serem extraídos, processados e ainda causam dano ambiental, segundo especialistas. Em matéria da CNN Brasil, de julho deste ano, são abordados os motivos pelos quais países como os EUA e a China buscam essas reservas minerais com urgência. Entre eles, o principal é o uso desse material para produção de produtos de alta tecnologia e baterias.

Também de acordo com a matéria “As terras raras também são essenciais para as forças armadas dos EUA”, que as utilizam na construção de aeronaves, mísseis e mais, segundo uma nota de pesquisa de 2025 do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, o centro realiza análises estratégicas de influências políticas, econômicas e de segurança em todo o globo. A China já disputa terras raras há algum tempo e também tem uma necessidade industrial essencial para esses minérios dentro da sua economia, também de acordo com matéria da CNN Brasil.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Lagoa News

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Davi Tufic Barreto - Lagoa News

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