Investigação de fraudes no INSS: O golpe bilionário que atingiu Aposentados e Pensionistas

Investigação de fraudes no INSS: O golpe bilionário que atingiu Aposentados e Pensionistas
Sede do Instituto Nacional do Seguro Social, em Brasília. — Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Uma recente investigação envolvendo fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) trouxe à tona um esquema complexo que lesou aposentados e pensionistas em todo o Brasil. Com valores que podem ultrapassar R$ 6 bilhões em prejuízos e milhares de beneficiários afetados, o caso gerou indignação entre os mais vulneráveis, principalmente idosos que dependem de seus benefícios para sobreviver.

Este artigo explica como o esquema funcionava, quem são os envolvidos, as medidas tomadas pelas autoridades e como os cidadãos podem identificar e resolver possíveis irregularidades em seus extratos de pagamento.

Detalhes do Esquema de Fraude

fraudes no INSS - veículos de luxo apreendidos
Uma Ferrari está entre os veículos de luxo apreendidos. Foto: Divulgação/PF

Como o golpe era aplicado

O esquema de fraudes no INSS, identificado na “Operação Sem Desconto”, consistia em cobranças fraudulentas via desconto de “mensalidades associativas” nos benefícios previdenciários, sem o consentimento ou conhecimento dos beneficiários. Associações usavam dados pessoais de aposentados e pensionistas para cadastrar e autorizar falsamente os débitos diretamente dos contracheques.

Números impressionantes:

  • R$ 1,3 bilhão movimentados e identificados como fraudes.
  • Estimativa de até R$ 6,3 bilhões em prejuízos potenciais.

Os valores desviados eram lavados por meio de associações que se apresentavam como legítimas, mas na verdade existiam apenas para operar o esquema ilegal.

Principais alvos:

A fraude operava em âmbito nacional, sendo três associações com sede em Fortaleza diretamente investigadas por participação ativa no golpe.

Os Envolvidos no Esquema

natjo e cecilia fraude inss
O empresário e a advogada viajaram juntos pelo menos 15 vezes nos últimos meses. Foto: Reprodução/Redes Sociais

Três nomes ganharam destaque nas investigações:

Natjo de Lima Pinheiro

Empresário tido como principal gestor de associações suspeitas, Natjo foi apontado pela Justiça Federal como uma peça-chave. Ele teria articulado as transações financeiras utilizando valores obtidos de milhares de descontos fraudulentos em benefícios. Além de ter uma rede de negócios no setor de saúde, sua vida de luxo gerou evidências significativas, como:

  • Uma Ferrari e um Rolls-Royce apreendidos.
  • Uma casa avaliada em R$ 27 milhões.

Cecília Rodrigues Mota

Advogada e presidente de associações fraudulentas, Cecília desempenhava o papel de liderança financeira. Ela foi acusada de:

  • Realizar transações fraudulentas no montante de R$ 400 mil diretamente ligadas a Natjo.
  • Viajar 33 vezes em menos de um ano para destinos como Dubai, Paris e Lisboa, sinalizando um alto poder aquisitivo incompatível com suas atividades declaradas.

Maria Gorete Pereira

Ex-deputada federal, Gorete assinou acordos de cooperação técnica entre uma das associações e o INSS, dando poderes amplos às entidades investigadas. Entre 2018 e 2023, a ex-parlamentar movimentou cerca de R$ 245 mil em transações suspeitas.

Ação da Polícia e do Governo

Operação Sem Desconto

Deflagrada em abril de 2025, a operação envolveu a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU). Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em 13 estados, com grande foco no Ceará. Além de apreender bens de luxo, como carros, joias e obras de arte, a operação suspendeu as atividades de diversas associações envolvidas no esquema, como:

  • AAPB e AAPEN, duas das principais entidades identificadas no golpe.

Medidas Adotadas

  1. Suspensão de acordos entre o INSS e entidades associativas.
  2. Nomeação de um novo presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, e promessa de um plano de ressarcimento aos aposentados lesados.
  3. Ofertas de canais para os beneficiários registrarem queixas e pedirem exclusão de cobranças fraudulentas via o aplicativo “Meu INSS”.

Consequências para Aposentados e Pensionistas

A história de idosos como Odilon Guimarães, que perdeu mais de R$ 6.500 em descontos indevidos ao longo de 15 anos, exemplifica a gravidade do problema. Entre os relatos:

  • Cobranças aparecem nos extratos como “contribuição associativa” ou “mensalidade”.
  • Dificuldade em cancelar os débitos, mesmo após contatos recorrentes com atendentes do INSS.

Como verificar e resolver o problema

  • Consultar o extrato do INSS por meio do site ou aplicativo “Meu INSS”.
  • Para suspeitas de cobranças indevidas, requerer serviço de exclusão de mensalidades associativas pela plataforma ou pela central 135.
  • Caso necessário, registrar uma denúncia em portais como Consumidor.gov.

Implicações Políticas

Com tamanha repercussão, o caso do INSS ganhou destaque no cenário político, envolvendo propostas de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). No entanto, líderes como Davi Alcolumbre, presidente do Senado, mostraram resistência à criação de uma investigação formal, alegando tensões políticas e impacto no cronograma legislativo.

Análise da resistência à CPMI

Enquanto parlamentares pressionam para uma apuração profunda, outros preferem evitar uma comissão que poderia gerar maiores desgastes políticos e atrasar projetos em andamento.

O Que Podemos Aprender

A fraude no INSS é um alerta importante sobre a necessidade de vigilância, transparência e ações firmes contra irregularidades. Cabe aos cidadãos monitorar seus extratos frequentemente e denunciar qualquer desconto suspeito. Ao mesmo tempo, as autoridades devem criar legislações mais robustas para evitar que aposentados e pensionistas sejam alvos fáceis de golpes.

Para os leitores, ficar atento e buscar compreender os próprios direitos é uma parte essencial para se proteger de fraudes e evitar perdas financeiras.

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