Novas misturas de etanol na gasolina e biodiesel entram em vigor em todo o Brasil, com a promessa de impactar o preço na bomba, a economia e o meio ambiente.
A partir de sexta-feira, 1º de agosto, os motoristas brasileiros encontrarão uma nova realidade ao abastecer seus veículos. Entrou em vigor a nova regulamentação que altera a composição da gasolina e do diesel em todo o território nacional. A gasolina comum passará a ter 30% de etanol anidro em sua mistura, sendo chamada de E30, enquanto o diesel comercial terá 15% de biodiesel, tornando-se o Diesel B15.
A mudança, aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), faz parte da estratégia do governo para a transição energética, conhecida como “Lei do Combustível do Futuro”. O objetivo principal é fortalecer a produção de biocombustíveis no país, reduzir a emissão de gases poluentes e diminuir a dependência da importação de petróleo.
Os impactos da mudança para o consumidor e o meio ambiente
A alteração no percentual dos biocombustíveis traz consigo uma série de expectativas, tanto para o bolso do consumidor quanto para a sustentabilidade.
Preço na Bomba: O governo federal estima que o aumento do etanol na gasolina possa levar a uma redução de até R$ 0,20 por litro para o consumidor final. Por outro lado, o Ministério de Minas e Energia projeta um possível aumento de R$ 0,02 no preço do diesel devido à maior mistura de biodiesel.
Desempenho dos Veículos: A maioria dos carros com tecnologia flex está apta a rodar com a nova gasolina E30 sem problemas. No entanto, proprietários de veículos mais antigos, especialmente os movidos apenas a gasolina e que utilizam carburador, devem ficar atentos. Para esses casos, a recomendação pode ser o uso de gasolina premium, que manterá o teor de 27% de etanol.
Benefícios Ambientais: A maior utilização de etanol e biodiesel é uma medida estratégica para a descarbonização. O etanol, derivado da cana-de-açúcar e do milho, e o biodiesel, de óleos vegetais como a soja, são fontes de energia renovável. O CNPE estima que a adoção do E30, por si só, pode reduzir a emissão de poluentes em cerca de 3 milhões de toneladas de CO2eq por ano.
Um passo rumo à soberania energética
A nova política de combustíveis não visa apenas benefícios ambientais, mas também o fortalecimento da economia e da autonomia energética do Brasil. Com o aumento da mistura, o país deve se tornar autossuficiente na produção de gasolina, com potencial para gerar um excedente exportável de 700 milhões de litros por ano.
Essa mudança impulsiona diretamente o agronegócio nacional, em especial os setores sucroenergético e de soja, gerando empregos e atraindo investimentos. A expectativa é que a transição para o E30 mobilize mais de R$ 10 bilhões em investimentos e crie milhares de postos de trabalho.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) continuará sendo a responsável por regular e fiscalizar a qualidade dos combustíveis comercializados nos postos. Os donos de postos foram orientados a se adequar às novas especificações para garantir a qualidade dos produtos oferecidos aos consumidores.