Libras: A importância da língua Brasileira de sinais na educação e inclusão social

Libras: A importância da língua Brasileira de sinais na educação e inclusão social
Imagem: Reprodução

No dia 23 de setembro, é comemorado o Dia Internacional das Línguas de Sinais. Essa data é comemorada em homenagem à criação, em 1951, da Federação Mundial dos Surdos (World Federation of the Deaf – WFD). Oficializada pela ONU, em 2017, esse dia representa mais do que uma data no calendário, e ao longo dos anos vem mostrando que a comunicação é direito de todos. As Línguas de Sinais são mais do que representações feitas com as mãos, são um marco que leva educação, participação social e inclusão em todos os espaços.

O Início das Libras no Brasil

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) tem sua origem no século XIX. Em 1855, o professor francês Ernest Huet, que era surdo, chegou ao Brasil trazendo a Língua de Sinais Francesa (LSF). No ano seguinte, foi fundado no Rio de Janeiro o Imperial Instituto de Surdos-Mudos (hoje Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES).

A partir desse contato, a LSF se misturou com gestos já usados por surdos brasileiros, dando origem a uma língua própria: a Libras. Com o tempo, ela ganhou estrutura gramatical própria. Os sinais feitos com as mãos, as expressões faciais e corporais funcionam como uma forma visual-espacial, se consolidando como a principal língua da comunidade surda no país.

Importância na Educação

A presença da Libras na escola é fundamental para garantir que estudantes surdos tenham acesso real ao conhecimento. Mais do que um recurso de apoio, ela é a língua de instrução desses alunos, permitindo que aprendam em condições de igualdade com os colegas ouvintes.

Para isso, a legislação brasileira prevê a formação de professores bilíngues e a atuação de intérpretes de Libras nas salas de aula. Além da Lei nº 10.436/2002, que reconhece a Libras como meio legal de comunicação, o Decreto nº 5.626/2005 regulamenta seu uso, estabelecendo seu ensino nas escolas, a formação de profissionais qualificados e o acesso à informação em serviços públicos. Esses profissionais tornam possível a comunicação entre alunos surdos, professores e colegas, favorecendo não só a aprendizagem, mas também a convivência e a inclusão.

Assim, a Libras não é apenas uma ferramenta pedagógica, mas um direito que assegura a participação plena de pessoas surdas na vida escolar.

Inclusão social, cidadania e dados de relevância

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é essencial para garantir que pessoas surdas tenham acesso pleno ao conhecimento, funcionando como língua de instrução e assegurando igualdade com os colegas ouvintes. Além da educação, a Libras é um instrumento de cidadania e inclusão social, permitindo que pessoas surdas acessem serviços públicos, acompanhem notícias, participem de eventos culturais e exerçam plenamente seus direitos.

Apesar dos avanços, barreiras ainda existem: a falta de intérpretes em hospitais, delegacias, repartições públicas e ambientes de trabalho limita a participação plena de muitos surdos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 5% da população brasileira é composta por pessoas surdas, ou seja, mais de 10 milhões de cidadãos. Desses, 2,7 milhões possuem surdez profunda, ou seja, não escutam absolutamente nada. Esses números reforçam a necessidade de difusão e valorização da Libras, mostrando que aprender Libras não é apenas um ato educativo, mas também um gesto de empatia, inclusão e respeito à diversidade.

Formação de profissionais

A qualidade da educação e da inclusão de pessoas surdas depende diretamente da formação de profissionais qualificados. Professores bilíngues e intérpretes de Libras desempenham papel fundamental, garantindo que os alunos surdos compreendam os conteúdos e participem ativamente das atividades escolares.

No Brasil, existem cursos de Letras-Libras e programas de capacitação para intérpretes, voltados para a atuação em escolas, universidades e serviços públicos. Além disso, incentivar que os ouvintes aprendam Libras é essencial para ampliar a comunicação e promover a inclusão em todos os setores da sociedade.

A realidade pede ação

A sociedade brasileira, desde sua consolidação, tem como característica sua miscigenação. Pretos, brancos, pardos e indígenas têm, dia após dia, visto suas causas serem representadas, e juntam forças para terem seus direitos garantidos. Com a comunidade surda não pode ser diferente.

Essa bandeira não pertence apenas àqueles que não conseguem compreender o som das palavras, mas de todos aqueles que acreditam que todo brasileiro deve ter seu lugar e sua voz. Mesmo que essa voz não se manifeste pelos lábios, ela se expressa pelo conjunto de gestos, expressões e sinais que traduzem experiências, sentimentos e direitos. O silêncio não é falta de fala, mas sim a ausência de quem ouça e compreenda.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Lagoa News

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Eyshila Gonçalves - lagoa news

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