O Parlamento do Irã aprovou, no domingo (22 de junho de 2025), o fechamento do Estreito de Ormuz, uma das principais rotas marítimas do mundo e ponto crucial para o escoamento do petróleo global. A decisão, amplamente divulgada pela mídia local, ocorre horas após um ataque coordenado dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas, incluindo as bases de Fordow, Natanz e Isfahan. O governo iraniano classifica a medida como retaliação direta à ofensiva americana, que foi anunciada pelo ex-presidente Donald Trump como “muito bem-sucedida”.
Embora aprovada pelo Parlamento, a medida ainda depende da validação do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã e do aval do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, para entrar em vigor. O processo político interno pode, portanto, adiar ou até mesmo impedir a efetivação do bloqueio, como já ocorreu em outras ocasiões de tensão internacional.
Importância estratégica do Estreito de Ormuz
O Estreito de Ormuz, localizado entre Omã e o Irã, é a única saída marítima para os navios petroleiros que partem do Golfo Pérsico, responsável por cerca de 20% do petróleo consumido globalmente. A região é vital para o abastecimento energético de países como Arábia Saudita, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Catar, além do próprio Irã.
A navegação comercial no estreito é protegida pela 5ª Frota da Marinha dos Estados Unidos, baseada no Bahrein. O controle militar americano sobre a região é uma garantia de segurança para o fluxo de petróleo, mas também um ponto de tensão constante com o Irã, que historicamente ameaça fechar a passagem em momentos de crise.

Repercussão nos mercados globais
A simples ameaça de fechamento do Estreito de Ormuz já é suficiente para causar volatilidade nos mercados financeiros. Desde o início das ofensivas entre Israel e Irã, na sexta-feira (13 de junho), o preço do barril de petróleo Brent subiu mais de 13%, ultrapassando os US$ 78, e analistas do JP Morgan estimam que o bloqueio efetivo poderia levar a cotação a patamares próximos de US$ 130.
A alta nos preços do petróleo impacta diretamente a inflação mundial, os custos de transporte e a produção industrial. Países importadores, como China, Índia e boa parte da Europa, seriam especialmente afetados, enfrentando pressão sobre suas balanças comerciais e riscos de desaceleração econômica.
Tensão geopolítica e resposta internacional
O fechamento do Estreito de Ormuz seria uma ação sem precedentes, com potenciais consequências para a estabilidade do Oriente Médio e das relações internacionais. Os Estados Unidos já reforçaram sua presença militar na região, enviando dois porta-aviões para o Golfo Pérsico, enquanto aliados estratégicos como Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos monitoram a situação com preocupação.
O governo brasileiro, assim como outros países, já se manifestou condenando os ataques americanos ao Irã e pedindo o retorno ao diálogo. O Papa Leão XIV também fez um apelo público pela paz, destacando a necessidade de evitar uma escalada do conflito.
Alternativas logísticas e energéticas
O risco de fechamento do Estreito de Ormuz reacende o debate sobre a necessidade de diversificação das rotas de escoamento de petróleo e gás natural. Países produtores e consumidores buscam alternativas, como oleodutos terrestres e rotas marítimas alternativas, mas nenhuma delas tem capacidade para substituir plenamente o fluxo pelo estreito.
A situação também estimula investimentos em fontes de energia renovável e em tecnologias de eficiência energética, reduzindo a dependência global do petróleo do Oriente Médio. Contudo, a transição energética é um processo de longo prazo e não oferece solução imediata para a crise atual.
Análise aprofundada: possíveis cenários
Caso o bloqueio seja efetivado, o impacto seria sentido em cadeia, afetando desde os produtores de petróleo até os consumidores finais em todo o mundo. Analistas apontam que o Irã, ao bloquear o estreito, poderia perder parte de sua própria capacidade de exportação, mas o gesto seria visto como uma medida extrema para pressionar a comunidade internacional.
Por outro lado, a reação dos Estados Unidos e de seus aliados seria decisiva. A Marinha americana já colocou suas forças em alerta máximo, pronta para garantir a liberdade de navegação, o que aumenta o risco de confrontos diretos entre as potências.
Perspectivas para os próximos dias
O Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã deve se reunir nos próximos dias para deliberar sobre o fechamento do Estreito de Ormuz. Enquanto isso, o mercado de petróleo permanece em alerta, com oscilações bruscas e expectativas de novas altas caso a tensão persista.
A comunidade internacional acompanha atentamente os desdobramentos, com chamados à moderação e ao diálogo. A possibilidade de uma solução diplomática ainda existe, mas o cenário permanece incerto e volátil.
Considerações finais sobre risco e oportunidade
Em meio à crise, investidores e governos buscam se proteger contra os riscos de desabastecimento e alta dos preços. Empresas do setor energético monitoram de perto os movimentos das forças militares e as decisões políticas, enquanto países consumidores aceleram planos de estoque estratégico e diversificação de fontes.
O episódio reforça a importância do Estreito de Ormuz para a economia global e destaca a fragilidade do sistema energético mundial diante de conflitos geopolíticos. A busca por alternativas energéticas e logísticas ganha novo impulso, mas a solução definitiva para a dependência do petróleo do Oriente Médio ainda está distante.