Bombardeios e avanço terrestre aumentam pressão sobre a Cidade de Gaza; ONU alerta para crise humanitária
O Exército de Israel anunciou nesta quarta-feira (17) a abertura de um novo corredor de fuga para civis da Cidade de Gaza, em meio ao avanço da ofensiva terrestre lançada na segunda-feira (16). A nova rota ficará disponível por 48 horas e tem como objetivo acelerar a retirada da população em direção ao sul do território palestino.
Segundo militares israelenses, mais de 350 mil moradores já deixaram a Cidade de Gaza rumo a zonas humanitárias montadas pela ONU. Antes da ofensiva, entre 900 mil e 1 milhão de pessoas estavam no local. Israel estima que entre 200 mil e 300 mil civis ainda permaneçam na região.
Avanço terrestre e bombardeios
Na terça-feira (16) e quarta-feira (17), Israel afirmou ter atacado mais de 150 alvos do Hamas na Cidade de Gaza. De acordo com o Ministério da Saúde local, controlado pelo grupo palestino, pelo menos 30 pessoas morreram, sendo 19 dentro da cidade.
Tanques israelenses avançaram em direção ao centro e oeste de Gaza por três frentes, mas sem conquistas significativas até o momento. Autoridades de Tel Aviv preveem que a operação pode se estender até janeiro de 2026.
O chefe do Estado-Maior de Israel, general Eyal Zamir, declarou que o Hamas sofreu “duros golpes” e que grande parte de seu poderio militar foi derrotado. Apesar disso, Zamir já havia expressado preocupação com os riscos da ofensiva para os 48 reféns israelenses ainda mantidos pelo grupo.
Crise humanitária e acusações
A retirada forçada da população tem levado milhares de palestinos a enfrentar longos engarrafamentos, deslocamentos a pé e aumento nos custos de transporte.
A ONU e organizações humanitárias criticaram a operação, classificando-a como um deslocamento em massa. Nesta semana, uma Comissão de Inquérito da ONU acusou Israel de cometer genocídio em Gaza, a acusação foi rejeitada por Tel Aviv como “falsa e distorcida”.
Israel declara que a ofensiva busca eliminar o Hamas, grupo responsável pelo ataque de outubro de 2023, quando cerca de 1.200 israelenses foram mortos e 251 feitos reféns.
Conflitos com os Houthis
Paralelamente, Israel enfrenta ataques dos rebeldes houthis, no Iêmen, apoiados pelo Irã. Desde março, os houthis lançaram 84 mísseis balísticos e 37 drones contra Israel. Em resposta, forças israelenses realizaram 18 ataques aéreos no Iêmen, incluindo ações no porto de Hodeida, importante ponto de abastecimento do grupo.
Segundo fontes locais, os bombardeios danificaram docas utilizadas pelos rebeldes. Antes da operação, o Exército de Israel havia emitido alertas para que civis deixassem a área.
Momento decisivo
O cenário em Gaza permanece incerto e marcado pela escalada militar. Enquanto parte da população busca refúgio no sul, ofensivas continuam atingindo a Cidade de Gaza e novos confrontos se abrem em outras frentes, como no Iêmen. As próximas semanas devem ser decisivas para definir a duração do conflito e a possibilidade, ainda distante, de um cessar-fogo.