Nesta terça-feira (26), o presidente Lula voltou a defender a soberania nacional na segunda reunião ministerial de 2025. O discurso nacionalista se repetiu em um apelo para os ministros em seus próximos discursos.
Do ponto de vista do governante, as ações do presidente Trump são descabidas, mesmo assim o governo brasileiro se mantém aberto para negociações. Além disso, o presidente brasileiro também voltou a tecer críticas ao conflito na Faixa de Gaza. Lula reafirmou que Israel está cometendo um “genocídio”.
Reunião ministerial
A reunião reuniu os ministros do governo brasileiro, nesta terça-feira (26), no Palácio do Planalto, para discutir os assuntos mais importantes do momento, entre eles a defesa da soberania nacional. O presidente e outros ministros participaram da reunião com bonés nacionalistas com a frase: “Brasil é dos brasileiros” em caixa alta.
Em apelo para os seus ministros, Lula pediu que se atentem a defesa da soberania nacional nas falas que tiverem:
“É importante que cada ministro, nas falas que fizerem daqui para frente, façam questão de retratar a soberania desse país. Nós aceitamos relações cordiais com o mundo inteiro, mas não aceitamos desaforo e ofensas, petulância de ninguém. Se a gente gostasse de imperador, o Brasil ainda seria monarquia. A gente não quer mais. A gente quer esse país democrático e soberano, republicano”, acrescentou.
Durante o evento, Lula fez críticas duras ao presidente dos EUA, repetindo a retórica em defesa da posição de igualdade desejada pelo Estado brasileiro para fazer negociações. Também acrescentou que não aceitará “desaforo e ofensas, petulância de ninguém”.
“Estamos dispostos a sentar na mesa em igualdade de condições. O que não estamos dispostos é a sermos tratados como se fôssemos subalternos. Isso nós não aceitamos de ninguém. É importante saber que o nosso compromisso é com o povo brasileiro”, disse Lula.
Em relação ao conflito na faixa de Gaza, o presidente brasileiro manteve o posicionamento e continua a acusar Israel de “genocídio”. O conflito entre o Hamas e Israel iniciou em 2023 após ataques do Hamas a Israel. Porém, em matéria da CNN, o número de mortos em Gaza chegou a 62 mil nesta segunda-feira (25), de acordo com a ministra de Estado das Relações Exteriores da Autoridade Palestina, Varsen Aghabekian.
“Temos a continuidade do genocídio na Faixa de Gaza, que não para, todo dia mais gente morre”, declarou Lula (fonte: g1).
O tarifaço
O tarifaço imposto pela Casa Branca tem raízes políticas, como demonstrado na carta enviada ao presidente Lula no dia 8 de julho. Em matéria produzida na época o Lagoa News apontou os possíveis “propulsores”, entre eles estaria “desdolarização” sugerida na cúpula dos BRICS, que seria uma tentativa de substituir o dólar usado em transações comerciais por moedas locais entre os países integrantes do mecanismo internacional (BRICS).
Também é citado na carta, a defesa do ex-presidente e réu pelo Supremo Tribunal Federal, Jair Bolsonaro, feita por Trump ilustram os motivos para a possível tarifa contra o Brasil. No entanto, Trump afirma, oficialmente, que as taxas são necessárias para reverter uma possível perda de competitividade. Afirmação que não se confirma no Brasil, que é deficitário em relação aos Estados Unidos há 17 anos.
Além disso, o presidente estadunidense faria pouco tempo depois diversas críticas ao que ele chama de “medidas secretas” do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes feitas as empresas de tecnologia americanas conhecidas como Big Techs. Inclusive isso provocaria a aplicação de uma sanção baseada na Lei Magnistinky ao ministro brasileiro.
“Brasil soberano” e reação nas exportações
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, que coordena as negociações, encarregou-se de apresentar os últimos índices do tarifaço sobre o Brasil. Segundo ele, 35,6% de tudo que é exportado pelo Brasil ao país norte-americano estão sob uma tarifa de 50%.
Com a imposição do tarifaço, o governo brasileiro precisou reagir com uma medida provisória nomeada de “Brasil Soberano”, um plano de suporte a exportadores que inclui diversos mecanismos de apoio, como linha de crédito no valor de R$ 30 bilhões para exportadores, mudança nas regras do seguro de crédito à exportação e em fundos garantidores, suspensão de tributos incidentes sobre insumos importados (drawback) e compras governamentais de gêneros alimentícios que deixaram de ser exportados.
Objetivos até o fim do mandato
Atualmente, Lula tem 38 ministros e almeja executar projetos em diferentes áreas até o final de 2026, quando se encerra o atual mandato do presidente. As principais pautas são a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais e o avanço de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O Novo PAC é um programa de investimentos coordenado pelo governo federal em parceria com o setor privado, estados, municípios e movimentos sociais, feito a partir de medidas institucionais o projeto permite investimentos diretos em obras acelerando o desenvolvimento do país.
A reunião ministerial acontece há quase um ano das eleições presidenciais em que Lula deve concorrer à reeleição e ao inédito quarto mandato. No momento, pesquisas apontam Lula na frente dos outros candidatos.