Entrevista de Lula ao NY Times mantém em alta a proximidade das tarifas

Entrevista de Lula ao NY Times mantém em alta a proximidade das tarifas
Presidente Lula em entrevista. Créditos: REUTERS

O presidente Lula (PT) dá entrevista ao New York Times. Com a data das tarifas se aproximando, o Governo Federal continua buscando diálogo com Washington, mas as tratativas não avançam. Enquanto a Casa Branca não abre conversas para a comitiva brasileira nos EUA, Trump diz que não dá para negociar com todo mundo até o final do prazo e que “espera” aplicar tarifas entre 15% e 20% aos países que não fecharem acordo até sexta-feira (01).

Lula é entrevistado pelo NY Times depois de 13 anos e mantém postura crítica.

“O que está nos impedindo é que ninguém quer conversar”, disse Lula (PT) ao NYT.

Em entrevista publicada nesta quarta-feira (30), Lula (PT) disse que tem tentado dialogar com Trump, mas “ninguém quer conversar” sobre a sobretaxa de 50% que, até o momento, se abaterá no Brasil em 1° de agosto.

O presidente do Brasil não era entrevistado pelo jornal americano há 13 anos. Lula manteve o discurso que vem entoando sobre as tarifas e a defesa da soberania nacional, além de reiterar a declaração de que não tem intenção de conduzir as negociações sobre o tarifaço como se fosse um “país pequeno contra um país grande”.

O NYT escreveu: “talvez não haja nenhum líder mundial desafiando o presidente Trump tão fortemente quanto o senhor Lula”. O jornal também aponta o presidente brasileiro como uma das figuras políticas latino-americanas mais importantes do último século.

Alguns dias atrás, Lula também manteve as críticas sobre a forma como Trump vem tratado a política diplomática americana, com uso de tarifas como pressão política. E, por fim, sublinhou a posição do presidente americano: “Não podemos deixar o Presidente Trump esquecer que ele foi eleito para governar os EUA.” Ele não foi eleito para ser o imperador do mundo”, afirmou o presidente.

Governo brasileiro tenta conversar

Chanceler brasileiro, grupo de senadores e alguns ministros do governo brasileiro tentam abrir conversas sobre o tarifaço, mas não são respondidos. No começo da semana, o Chanceler brasileiro, Mauro Vieira, esteve em uma Conferência da ONU em Nova York que discutiria uma solução de dois Estados no conflito Israel-Hamas. Mesmo sem expectativa de ser recebido, a comitiva do Chanceler em Washington mandou recados a autoridades americanas sobre a disposição de dialogar, mas não houve retorno, de acordo com apuração da Folha de S. Paulo.

Entrevista de Lula ao NY Times mantém em alta a proximidade das tarifas
Presidente Donald Trump em entrevista. Créditos: REUTERS

Um manifesto produzido por parlamentares brasileiros juntamente com o empresariado nacional pede ao presidente Trump que adie a implementação das tarifas. Os parlamentares tentaram conversar com senadores republicanos (políticos do partido de Trump), mas só conseguiram falar com um deles. Thom Tillis, um republicano com quem a comitiva se reuniu, foi recentemente criticado por Trump, após se opor à implementação de uma lei fiscal sugerida pelo presidente dos EUA, apelidada de “Big Beautiful Bill” (grande e bonito projeto de lei).

Ministros brasileiros tentaram conversar com seus correspondentes no governo americano, mas também não foram respondidos.

“Eu designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que todos conversem com seus equivalentes nos EUA para entender qual é a possibilidade de conversa. Até agora, não foi possível”, afirmou Lula.

Sem tempo para conversa

Os EUA estão negociando com diversos países ao mesmo tempo, esse processo faz com que muitos países não consigam fechar acordos comerciais. Dessa maneira, Trump espera que a taxa para os países que não alcançarem tratados tarifários até sexta (01) seja parecida.

“A tarifa mundial ficaria em algum lugar na faixa de 15% a 20%”, afirmou Trump.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) soltou uma nota informando que tem tentado negociar desde o anúncio da sobretaxa, do ponto de vista comercial, sem envolver motivações ideológicas.

“Reiteramos que a soberania do Brasil e o estado democrático de direito são inegociáveis.” No entanto, o governo brasileiro continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais, em uma postura que já é clara também para o governo norte-americano”, declarou o MDIC, em nota à imprensa.

O anúncio da tarifa de 50% sobre o Brasil veio endereçado em uma carta que alegava uma “caça às bruxas” e, ao justificar a elevação da tarifa sobre o Brasil, Trump citou Jair Bolsonaro e disse ser “uma vergonha internacional” o julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF).

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Davi Tufic Barreto - Lagoa News

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