A cidade de Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, deu um passo significativo em direção a uma alimentação escolar mais nutritiva, sustentável e inovadora. A Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Educação, promoveu um encontro técnico focado nas Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), capacitando as merendeiras da rede para enriquecer o cardápio dos alunos com a vasta biodiversidade local.
Desvendando o universo das PANC
Muitos talvez nunca tenham ouvido falar em PANC, mas esses alimentos fazem parte da nossa cultura e biodiversidade há séculos. Nomes como ora-pro-nóbis, taioba, serralha, beldroega e capuchinha se encaixam nesta categoria. São plantas com alto potencial nutritivo, ricas em vitaminas, fibras e proteínas, que não estão nas gôndolas tradicionais dos supermercados.
As PANC representam um resgate de sabores e saberes ancestrais. Além de seu valor nutricional, são plantas rústicas, adaptadas aos ecossistemas locais, o que torna seu cultivo mais sustentável, com menor necessidade de agrotóxicos e irrigação. Integrá-las à dieta diária é uma forma de diversificar a alimentação e fortalecer a segurança alimentar.
A iniciativa de Lagoa Santa reconhece este potencial e o transforma em política pública, começando pela base da formação de hábitos: a escola. Ao levar este conhecimento para a cozinha das escolas, o projeto impacta diretamente a saúde e o bem-estar de milhares de crianças e adolescentes.
Uma iniciativa estratégica para a educação alimentar

O “Encontro de Hortaliças Não Convencionais” foi mais do que um simples treinamento. O evento representou um marco na promoção da Educação Alimentar e Nutricional contínua dentro do ambiente escolar, alinhando conhecimento técnico à prática diária das profissionais da cozinha.
O encontro na prática
Realizado no auditório da Escola Municipal Dr. Lund, o evento reuniu um público estratégico: as merendeiras, que são as protagonistas na preparação dos alimentos, e os vice-diretores das 25 escolas da Rede Municipal de Ensino. Essa união entre cozinha e gestão é fundamental para garantir que as novas práticas sejam implementadas com sucesso.
O objetivo central foi claro: promover a troca de conhecimento e experiências sobre as PANC. As participantes aprenderam a identificar, higienizar e preparar diversas receitas, transformando ingredientes antes vistos como “mato” em pratos saborosos, nutritivos e visualmente atraentes para as crianças.
Parceria que Gera Frutos
A ação foi cuidadosamente planejada pela Diretoria de Inovação Tecnológica e pelo setor de nutrição da Secretaria de Educação. Essa colaboração demonstra uma visão integrada, onde a tecnologia e a inovação andam de mãos dadas com a saúde e a sustentabilidade. A presença de diferentes setores reforça a seriedade e o compromisso da gestão municipal com o tema.
O encontro serviu como um catalisador para incentivar o desenvolvimento de novos projetos e a multiplicação dos saberes. A ideia é que as merendeiras e gestores se tornem agentes multiplicadores em suas respectivas comunidades escolares, promovendo atividades de Educação Alimentar de forma contínua.
O impacto direto na merenda e na saúde dos alunos
A introdução das PANC nos cardápios escolares traz benefícios que vão muito além do prato. Trata-se de uma estratégia com impacto direto na saúde dos estudantes, na economia local e na preservação ambiental.
Cardápios mais ricos e diversificados
Com as PANC, a merenda escolar se torna um laboratório de sabores e nutrientes. A variedade de plantas permite a criação de pratos coloridos e diversificados, como bolinhos de ora-pro-nóbis, refogados de taioba e saladas com flores de capuchinha. Isso não só melhora o aporte nutricional, mas também educa o paladar das crianças para novos alimentos.
A formação de hábitos alimentares saudáveis na infância é um dos maiores legados que a escola pode deixar. Ao apresentar um universo de possibilidades além do convencional, o projeto combate a monotonia alimentar e contribui para a prevenção de doenças crônicas no futuro.
Sustentabilidade e valorização local
A utilização de PANC incentiva a agricultura familiar e a criação de hortas nas próprias escolas. Muitas dessas plantas crescem espontaneamente, e seu cultivo em pequena escala é simples e de baixo custo, fortalecendo a economia local e criando um ciclo virtuoso de produção e consumo.
Essa abordagem está perfeitamente alinhada aos princípios da sustentabilidade. Ao valorizar espécies nativas e adaptadas, o município reduz a pegada ecológica da alimentação escolar, promovendo um modelo mais resiliente e conectado com o meio ambiente.
A iniciativa da Prefeitura de Lagoa Santa é um exemplo inspirador de como a inovação pode ser aplicada na gestão pública para gerar resultados concretos. Ao investir na capacitação de suas equipes e na valorização da biodiversidade local, o município não está apenas servindo comida, mas nutrindo o futuro, a cultura e a saúde de toda uma geração. O projeto posiciona a cidade como uma referência em educação alimentar e nutricional.













