Os planos de saúde no Brasil estão passando por mudanças significativas, com um aumento expressivo de beneficiários idosos e uma diminuição no número de crianças vinculadas. Essa transformação demográfica exige que as operadoras se adaptem às novas necessidades de saúde da população, enfocando a longevidade e a qualidade do atendimento.
A saúde suplementar no Brasil está em transformação. Em um estudo recente, observou-se um crescimento significativo dos beneficiários idosos, refletindo o aumento da longevidade e as mudanças nos planos de saúde.
Enquanto isso, a quantidade de crianças vinculadas aos planos tem diminuído, levantando questões sobre o futuro do sistema e os cuidados adequados para essa nova realidade demográfica.
Transformação demográfica na saúde suplementar
A transformação demográfica no Brasil traz reflexos diretos no setor de saúde suplementar. Com o aumento da expectativa de vida e a redução da natalidade, o perfil etário dos beneficiários tem mudado de forma significativa. O crescimento populacional entre aqueles com 65 anos ou mais é um indicativo claro da necessidade de adaptação dos serviços de saúde para atender a esse público crescente.
Estudos recentes demonstram que, no último ano, houve um acréscimo de 142 mil beneficiários acima dos 65 anos, enquanto o número de crianças até 4 anos caiu em 99 mil. Essa mudança não é apenas numérica; ela aponta para a urgência em adequar as políticas de assistência à saúde. A atenção deve ser voltada para a promoção de um envelhecimento saudável, que não apenas prolongue a vida, mas também assegure qualidade e autonomia para aqueles que estão vivendo mais.
Aumento de beneficiários idosos

O aumento de beneficiários idosos nos planos de saúde é um reflexo direto do envelhecimento da população brasileira e da crescente longevidade. Nos últimos 12 meses, as faixas etárias a partir dos 65 anos viram um crescimento considerável, com destaque para as idades de 75 a 79 anos, que tiveram um aumento de 4,3%, totalizando 43,9 mil novos vínculos. Essa tendência exige que as operadoras de saúde desenvolvam estratégias específicas para acolher e atender as necessidades dessa clientela, que, muitas vezes, busca não apenas cuidados médicos, mas também serviços de prevenção e promoção da saúde.
A adaptação dos planos de saúde se torna fundamental, visto que esses novos beneficiários trazem consigo demandas diferentes em relação aos mais jovens, incluindo cuidados crônicos e a necessidade de uma atenção mais frequente e especializada. Portanto, é crucial que as operadoras não apenas ampliem suas carteiras de serviços, mas também aprimorem a formação de seus profissionais para atender essa faixa etária com a devida atenção.
Diminuição de beneficiários infantis
A recente queda no número de beneficiários infantis nos planos de saúde brasileiros é um fenômeno que merece atenção. Nos últimos anos, o Brasil observou uma diminuição de aproximadamente 99 mil vínculos entre crianças de 0 a 4 anos. Essa tendência pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo a redução na taxa de natalidade e mudanças nas preferências familiares. Com menos crianças se inscrevendo em planos de saúde, as operadoras enfrentam um desafio significativo em ajustar seus serviços para atender a uma base de clientes cada vez mais envelhecida.
Além disso, essa diminuição pode afetar a sustentabilidade financeira das operadoras, que precisam encontrar formas de equilibrar as carteiras de beneficiários para manter a viabilidade dos serviços oferecidos. A reflexão sobre como os planos de saúde podem se adaptar a essa nova realidade demográfica se torna essencial, pois garantir a saúde das crianças no início da vida é fundamental para o futuro da saúde pública no Brasil.
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Desempenho dos Planos de Saúde
O setor de saúde suplementar no Brasil apresenta um desempenho misto, refletindo as mudanças nas características demográficas de seus beneficiários. Segundo dados recentes, o total de beneficiários de planos médico-hospitalares cresceu para 52,6 milhões em maio de 2025, representando um aumento de 2,2% em relação ao ano anterior. Este crescimento é impulsionado principalmente pelos planos coletivos empresariais, que ganharam 4,2% e acumularam 38,1 milhões de vínculos.
Entretanto, enquanto os planos coletivos se expandem, os planos individuais e familiares enfrentam desafios, incluindo uma redução significativa de 1,6%, resultando na perda de 143,7 mil vínculos. Essa discrepância revela uma mudança nas preferências dos consumidores, que estão optando cada vez mais por opções coletivas, frequentemente associadas ao aumento do emprego formal no país. O crescimento do setor demanda que as operadoras se adaptem e inovem em suas ofertas para atender a um público diversificado.
Impactos do emprego formal na saúde
O desempenho do setor de saúde suplementar está intrinsecamente ligado aos níveis de emprego formal no Brasil. Entre maio de 2024 e maio de 2025, o país gerou 1,6 milhão de novos postos de trabalho com carteira assinada, um aumento de 3,5%. Esse crescimento impulsiona a adesão a planos coletivos, que representam a maior parte dos vínculos, com 72% do total de contratos médico-hospitalares.
Além de garantir acesso a cuidados de saúde, os planos de saúde coletivos muitas vezes são mais acessíveis financeiramente, o que os torna atraentes para os novos trabalhadores. Esta interligação entre emprego formal e saúde suplementar reforça a importância de políticas públicas que promovam tanto a criação de postos de trabalho quanto a inclusão desses trabalhadores em sistemas de saúde que possam atender às suas necessidades. Assim, o fortalecimento do mercado de trabalho imediato se reflete em benefícios para a saúde coletiva, indicando que uma abordagem integrada pode render frutos significativos para a sociedade.
Evolução dos Planos de Saúde individuais
Os planos de saúde individuais, que historicamente foram a principal opção para muitos brasileiros, estão enfrentando um período de retração no mercado. Em um ano, houve uma diminuição de 1,6%, resultando em cerca de 143,7 mil vínculos a menos, totalizando 8,6 milhões de beneficiários. Essa queda é indicativa das mudanças nas preferências dos consumidores e das dificuldades financeiras enfrentadas por muitos, que optam por alternativas coletivas mais vantajosas.
Contudo, uma luz se destaca neste cenário: a faixa etária de 80 anos ou mais demonstrou um crescimento de 4,2% nos planos individuais. Isso implica que, enquanto o número total de beneficiários diminui, os idosos estão começando a ser um nicho importante para o mercado. As operadoras têm reconhecido esse nicho, oferecendo planos especificamente adaptados para as necessidades dessa população, enfatizando a importância de um atendimento que promova saúde e bem-estar no envelhecer.
Fonte: Infomoney