Uma medida anunciada pelo governo norte-americano, que impõe novas tarifas a produtos brasileiros, incluindo o café, está gerando apreensão no setor e já reflete nos mercados internacionais. A decisão, que tem como pano de fundo uma disputa sobre impostos digitais, pode encarecer o produto para o consumidor final.
A recente decisão dos Estados Unidos de aplicar tarifas sobre diversas exportações brasileiras acendeu um sinal de alerta no mercado de café. A medida, que pode entrar em vigor em breve, foi uma retaliação a um imposto sobre serviços digitais proposto pelo Brasil. Como resultado, os preços do café arábica na bolsa de Nova York (ICE), que servem como referência global, registraram alta.
A origem da disputa comercial
A imposição das tarifas não é um ato isolado. Ela surge como resposta do governo dos EUA ao que considera uma taxação injusta sobre suas empresas de tecnologia que operam no Brasil. O governo americano argumenta que o imposto digital brasileiro penaliza desproporcionalmente as companhias norte-americanas, justificando, assim, a aplicação de medidas retaliatórias.
Impacto imediato no setor cafeeiro
O anúncio teve repercussão direta e imediata nas cotações do café. O receio de que a sobretaxa dificulte a entrada do produto brasileiro no mercado americano – um dos maiores consumidores do mundo – levou a um aumento na procura por contratos futuros, elevando os preços. O Brasil é um fornecedor crucial para os Estados Unidos, respondendo por uma parcela significativa do café consumido no país.
Os principais produtos afetados pela medida, caso ela se concretize sem isenções, seriam:
- Café torrado
- Extratos e essências de café
- Preparações à base de café
Posição do setor e incertezas
Entidades que representam o setor cafeeiro brasileiro, como o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), manifestaram grande preocupação. Representantes do setor têm se mobilizado para demonstrar a importância do café brasileiro para o mercado americano, na tentativa de reverter a inclusão do produto na lista de taxação. A expectativa é que o governo dos EUA possa reconsiderar e criar uma lista de exceções, mas, por enquanto, o cenário permanece indefinido.
A situação gera incerteza tanto para os produtores e exportadores brasileiros quanto para a indústria de café nos EUA, que depende da matéria-prima do Brasil. Caso as tarifas sejam mantidas, a tendência é de um realinhamento nos fluxos comerciais e uma pressão de alta nos preços, que poderá, eventualmente, ser sentida pelos consumidores em ambos os países.