Um Tesouro chamado Sabedoria

Um Tesouro chamado Sabedoria

Conhecimento e sabedoria são dois conceitos bastante próximos — e talvez nem caiba dizer que são “difíceis de desassociar”, mas sim que é desnecessário separá-los, já que estão profundamente entrelaçados.

Enquanto o conhecimento nos remete a algo adquirido com esforço, dedicação, renúncia e estudo (não à toa, um de seus principais símbolos é o livro), a sabedoria representa o conhecimento que foi absorvido e transformado em prática de vida. A sabedoria passa a ser um traço do nosso “eu”, refletido em como agimos, sentimos, enxergamos e lidamos com a vida.

O apóstolo Tiago nos ensina que “se alguém tem falta de sabedoria, peça a Deus, e Ele a concederá”. Para Tiago, a sabedoria é um presente de Deus, dado àqueles que a desejam sinceramente. Nesse sentido, ela não é apenas fruto da cognição, mas da graça — o conhecimento iluminado pelo Espírito e traduzido em atitudes moldadas pelo Divino.

O conhecimento é o acúmulo de repertório: vem de ouvir, ler, estudar, observar. A sabedoria é o que você decide fazer com o que conheceu. Conhecimento por si só não torna ninguém sábio. Conheço pessoas cultas, eruditas, intelectualmente brilhantes — mas vazias de sabedoria. E conheço outras com pouca instrução formal, mas tão cheias de sentido, humanidade e discernimento, que chegam a nos impactar profundamente.

Um Tesouro chamado Sabedoria - Por Pablo Henrique

Isso acontece porque a sabedoria muitas vezes não se aprende em livros. Ela se adquire no cotidiano, na escuta, na experiência, na dor e na simplicidade.

Conta-se a história de um pai que enviou seu filho para aprender a Torá com um velho rabino. Meses depois, ao visitar os pais, o filho disse que estava gostando das aulas, mas que o rabino mal falava com ele, nem seguia um formato convencional. O pai sorriu e respondeu:

“Meu filho, você não foi estudar com o rabino para ter aulas… você foi para ver como ele amarra as botas.”

A sabedoria, muitas vezes, está justamente no modo como amarramos as botas — como tratamos as pessoas, como enfrentamos os problemas, como vivemos o ordinário com dignidade. Não está em parecer inteligente, mas em ser íntegro, presente e verdadeiro.

O conhecimento sem sabedoria emburrece a alma. Ele pode nos tornar argumentativamente poderosos, capazes de “calar” os outros com lógica, mas ainda assim distantes da humildade, do amor e da compaixão. Deus, porém, nos chama a um tipo diferente de conhecimento — o conhecimento dEle: do Seu caráter, da Sua vontade, do Seu amor. Por isso o profeta declarou:
“Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor.”

Diante do conhecimento de Deus, experimentamos o assombro. Nossa reação é como a do profeta Isaías ao ver o Senhor: “Ai de mim…”. Esse é o tipo de conhecimento que gera sabedoria: aquele que nos quebra, purifica e transforma.

Seja luz. Seja exemplo. Que pessoas possam desejar “amarrar as botas” como você. Mas nunca perca a pureza de aprender com o outro — pois o verdadeiro sábio sabe que sempre pode aprender mais.

🙏 Que Deus nos conceda sabedoria.

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