Abril Vermelho em Minas Gerais: ocupações do MST reacendem debate sobre a reforma agrária

Abril Vermelho em Minas Gerais

Em abril de 2025, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) intensificou suas ações em Minas Gerais com o Abril Vermelho, promovendo ocupações de áreas improdutivas em várias regiões do estado. Mais de 600 famílias ocuparam um latifúndio no Vale do Rio Doce, marcando o início das mobilizações.

Outras ocupações ocorreram no Norte de Minas, Zona da Mata e Região Metropolitana de Belo Horizonte. O objetivo é destacar o ritmo lento da reforma agrária no Brasil e reivindicar políticas públicas para regularização fundiária, agricultura familiar e segurança alimentar.

Estratégia do MST e cobrança por ações governamentais

Abril Vermelho em Minas Gerais - MST
Imagem: Reprodução

Neste ano, o MST adotou uma abordagem ainda mais articulada, combinando ocupações de terra com ações de base como feiras de alimentos orgânicos, aulas públicas e encontros com a população. O lema “Ocupar para o Brasil alimentar” resume a proposta de estimular a produção de alimentos saudáveis em terras que atualmente não cumprem função social.

O Abril Vermelho em Minas Gerais também tem o propósito de pressionar o governo federal, especialmente o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a ampliar os investimentos no setor e acelerar a entrega de lotes para famílias cadastradas em programas de reforma agrária.

O movimento denuncia que houve redução orçamentária no INCRA, atraso em desapropriações e lentidão na regularização de assentamentos já consolidados. Por isso, os protestos ganham força e legitimidade ao se basearem na Constituição Federal, que determina o uso social da terra como princípio da função agrária.

Ações simultâneas em outros estados ampliam o alcance do movimento

O Abril Vermelho não é exclusivo de Minas Gerais. Em 2025, o MST também realizou ocupações em estados como Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Goiás, mostrando a dimensão nacional da pauta. As ações são organizadas em rede, com coordenação unificada, mas respeitando as especificidades locais de cada território.

No caso de Minas, o Abril Vermelho em Minas Gerais envolve comunidades tradicionais, quilombolas, assentamentos e acampamentos urbanos, demonstrando a pluralidade do movimento. Em todas essas frentes, a narrativa central gira em torno da soberania alimentar, justiça social e direito à terra.

A visibilidade alcançada nas redes sociais tem sido um fator estratégico, já que vídeos, fotos e relatos circulam amplamente, ganhando apoio de artistas, intelectuais, ambientalistas e lideranças religiosas. A população urbana, muitas vezes distante da realidade rural, passa a compreender melhor a importância da reforma agrária para o equilíbrio econômico e ambiental.

Reações políticas e repercussão institucional

As ocupações provocaram reações diversas no meio político. Enquanto parlamentares ligados ao agronegócio criticaram duramente as ações, apontando invasões de propriedade e instabilidade jurídica, setores progressistas do Congresso Nacional manifestaram apoio ao movimento e cobraram mais agilidade do governo federal.

O Abril Vermelho em Minas Gerais também reacendeu debates em assembleias legislativas e câmaras municipais sobre o destino de terras públicas devolutas, o papel das forças de segurança e os impactos sociais da concentração fundiária.

O Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, declarou que acompanha as ações com diálogo e compromisso com os direitos humanos. Representantes do INCRA estiveram presentes em algumas áreas ocupadas para verificar a situação e iniciar levantamentos técnicos.

A mediação entre MST e poder público tem sido buscada como alternativa pacífica para evitar conflitos e construir soluções negociadas.

Papel das mulheres e juventude no Abril Vermelho

As mulheres desempenham papel central nas ações do MST em Minas Gerais. Elas estão à frente da organização dos acampamentos, da comunicação com a comunidade e da produção de alimentos.

No contexto do Abril Vermelho em Minas Gerais, lideranças femininas denunciam a falta de acesso à terra como um dos principais fatores de exclusão e pobreza no meio rural. Além disso, a juventude também tem ocupado espaço com protagonismo, promovendo rodas de conversa, apresentações culturais e formações políticas.

Essas ações buscam envolver as novas gerações na defesa de um modelo de desenvolvimento sustentável e socialmente justo. A presença ativa de jovens e mulheres reforça a identidade do movimento como um espaço plural e democrático, que constrói alternativas baseadas na solidariedade e na autogestão.

A dimensão simbólica e histórica do Abril Vermelho

O mês de abril possui um peso simbólico para os movimentos do campo. É neste período que se recorda o Massacre de Eldorado do Carajás, tragédia que se tornou marco na luta pela terra e gerou a criação do Dia Internacional de Luta Camponesa.

O Abril Vermelho em Minas Gerais resgata essa memória e transforma o luto em ação coletiva. Os atos em homenagem às vítimas ocorrem com caminhadas, celebrações ecumênicas, projeções de filmes e produção de conteúdos educativos.

Ao mobilizar milhares de pessoas, o MST afirma que a questão agrária continua atual e urgente, desafiando o modelo concentrador de terras e desigualdade histórica no Brasil. A memória coletiva é cultivada como forma de resistência e compromisso com o futuro.

Caminhos para a reforma agrária e o fortalecimento da agricultura familiar

Especialistas em desenvolvimento rural apontam que a reforma agrária é um instrumento estratégico para combater a fome, gerar empregos e preservar o meio ambiente. O Abril Vermelho em Minas Gerais reforça essa tese ao propor que áreas ociosas sejam convertidas em unidades produtivas de base agroecológica.

Estudos indicam que a agricultura familiar é responsável por cerca de 70% dos alimentos consumidos no país e que investimentos nesse setor trazem retorno social muito mais amplo do que o agronegócio exportador.

Entre as demandas do MST estão crédito facilitado, acesso à água, regularização fundiária, assistência técnica e políticas públicas de comercialização direta.

Para saber mais sobre as bases legais da reforma agrária e os impactos da concentração fundiária no estado, acesse os conteúdos do Lagoa News sobre direito à terra e conflitos fundiários em Minas Gerais e avanços da agricultura familiar em comunidades assentadas. Informações atualizadas sobre políticas públicas para o campo podem ser consultadas no portal oficial do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

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