A Nigéria, maior economia da África e país mais populoso do continente, enfrenta uma grave crise de segurança em 2025. Nos últimos meses, uma série de ataques armados devastou comunidades nos estados de Benue e Plateau, resultando em centenas de mortes e milhares de deslocados.
A violência, frequentemente atribuída a conflitos entre pastores Fulani e agricultores locais, reflete tensões étnicas, religiosas e disputas por recursos naturais.
Ataques recentes deixam dezenas de mortos

Estado de Benue: 55 mortos em ataques coordenados
Entre os dias 17 e 18 de abril de 2025, homens armados atacaram as comunidades de Logo e Ukum, no estado de Benue, deixando pelo menos 55 mortos. Segundo o governador Hycinth Alia, as forças de segurança continuam a recuperar corpos, enquanto confrontos com os agressores persistem. Testemunhas locais identificaram os atacantes como pastores Fulani, que frequentemente entram em conflito com agricultores cristãos devido a disputas por terras e recursos.
A porta-voz da polícia estadual, Catherine Anene, confirmou que 17 pessoas foram mortas inicialmente, mas o número de vítimas aumentou à medida que mais corpos foram encontrados. A violência em Benue é parte de um padrão mais amplo de ataques que têm assolado a região central da Nigéria.
Estado de Plateau: mais de 100 mortos em abril
No estado de Plateau, a situação é igualmente alarmante. Em 14 de abril, pelo menos 51 pessoas foram mortas em ataques nas aldeias de Zike e Kimakpa, no distrito de Bassa. Apenas uma semana antes, outros 52 civis foram assassinados em ataques semelhantes no distrito de Bokkos. A violência forçou o deslocamento de quase 2.000 pessoas, com muitas buscando abrigo em campos improvisados.
A Anistia Internacional condenou os ataques e pediu uma investigação independente sobre as falhas de segurança que permitiram a continuidade da violência. A região de Plateau, localizada no chamado “Cinturão Médio” da Nigéria, é conhecida por sua diversidade étnica e religiosa, mas também por conflitos recorrentes entre criadores de gado muçulmanos e agricultores cristãos.
Contexto dos conflitos: disputas por terras e mudanças climáticas
Os ataques na Nigéria são frequentemente descritos como conflitos étnico-religiosos, mas as causas subjacentes são mais complexas. A competição por terras férteis e recursos naturais é exacerbada pela crise climática, que tem reduzido as áreas de pastagem e aumentado a pressão sobre os agricultores. Além disso, a expansão agrícola e a mineração ilegal intensificam as tensões.
O estado de Plateau, por exemplo, está situado na fronteira entre o norte predominantemente muçulmano e o sul cristão, tornando-o um ponto de encontro para diferentes grupos étnicos e religiosos. Essa divisão geográfica e cultural contribui para a escalada da violência, que muitas vezes é alimentada por milícias armadas e gangues criminosas.
Impacto humanitário: milhares de deslocados e destruição generalizada
A violência na Nigéria em 2025 resultou em uma crise humanitária significativa. De acordo com a Agência Nacional de Gestão de Emergências (NEMA), mais de 3.000 pessoas foram deslocadas apenas no estado de Plateau. Muitas dessas famílias perderam suas casas, terras e meios de subsistência, enfrentando condições precárias em campos de deslocados.
A estação chuvosa, que vai de abril a outubro, agrava ainda mais a situação. Agricultores deslocados não conseguem plantar suas colheitas, o que ameaça a segurança alimentar das comunidades afetadas. Além disso, a destruição de escolas e igrejas interrompe a vida cotidiana, deixando crianças sem acesso à educação e comunidades sem locais de culto.
Resposta do governo e apelos internacionais
O presidente Bola Tinubu prometeu uma resposta firme aos ataques, instruindo as forças de segurança a localizar e punir os responsáveis. No entanto, críticos apontam para falhas sistêmicas na segurança e na governança, que permitem que a violência continue sem controle.
Organizações internacionais, como a Anistia Internacional e a Portas Abertas, têm chamado a atenção para a necessidade de assistência humanitária e proteção às comunidades vulneráveis. Líderes religiosos também pedem orações e apoio financeiro para os deslocados, destacando a urgência de uma solução pacífica para os conflitos.
A escalada da violência na Nigéria em 2025 é um lembrete sombrio dos desafios enfrentados pelo país. Enquanto esforços locais e internacionais buscam aliviar o sofrimento das vítimas, a resolução das causas profundas do conflito permanece uma tarefa urgente e complexa.