Na última sexta-feira, 11 de abril de 2025, o ex-presidente Jair Bolsonaro, de 70 anos, foi hospitalizado após sentir fortes dores abdominais durante um evento político no interior do Rio Grande do Norte. Inicialmente atendido no Hospital Municipal Aluízio Bezerra, em Santa Cruz, ele foi transferido de helicóptero para o Hospital Rio Grande, em Natal.
No sábado, 12 de abril, a pedido da família, Bolsonaro foi transferido para o Hospital DF Star, em Brasília, onde, no domingo, 13 de abril, submeteu-se a uma cirurgia de 12 horas para tratar uma obstrução intestinal relacionada às sequelas do atentado que sofreu em 2018.
Complexidade do procedimento da cirurgia de Jair Bolsonaro
A cirurgia, considerada extremamente complexa, envolveu a liberação de aderências intestinais e a reconstrução da parede abdominal. De acordo com o médico Cláudio Birolini, chefe da equipe cirúrgica, a parede abdominal de Bolsonaro estava bastante danificada devido às múltiplas cirurgias anteriores.
O procedimento foi bem-sucedido, sem intercorrências ou necessidade de transfusão de sangue. Atualmente, o ex-presidente encontra-se na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), estável, sem dor, recebendo suporte clínico, nutricional e medidas de prevenção de infecções.
Histórico e riscos
Desde o atentado de 2018, Bolsonaro passou por seis cirurgias relacionadas ao episódio e enfrentou complicações intestinais recorrentes. A mais recente intervenção foi necessária devido a uma suboclusão intestinal causada por aderências que dificultavam o trânsito intestinal. Além disso, essas aderências são comuns em pacientes que passaram por múltiplas cirurgias abdominais, levando a quadros de obstrução parcial do intestino.
Avaliação médica
O cardiologista Leandro Echenique, integrante da equipe médica, destacou que a cirurgia foi a mais complexa realizada em Bolsonaro desde 2018. Ele ressaltou que o abdômen do ex-presidente já havia sido muito manipulado em cirurgias anteriores, o que aumentou a complexidade do procedimento atual.
As primeiras 48 horas após a cirurgia são críticas, com riscos de infecções e trombose, exigindo monitoramento constante e cuidados específicos. Por essa razão, a recuperação de Bolsonaro será lenta e delicada.
Tempo estimado de internação
Os médicos estimam que ele permanecerá internado por pelo menos duas semanas, com um pós-operatório que pode se estender por até três meses. Durante esse período, ele deverá seguir uma rotina de fisioterapia e restrições alimentares, além de evitar atividades que exijam esforço físico. Ainda assim, a equipe médica enfatizou a importância de limitar visitas e compromissos durante a recuperação para garantir uma convalescença adequada.
Compromissos políticos suspensos
Antes da internação, Bolsonaro estava em uma série de visitas a municípios do Nordeste, incluindo o Rio Grande do Norte, como parte do projeto “Rota 22”, que visa fortalecer a presença do Partido Liberal (PL) na região. A iniciativa busca ampliar a base política do partido, identificar novas lideranças e estruturar um plano de desenvolvimento regional. Com a internação, a agenda foi interrompida, e não há previsão para a retomada das atividades políticas do ex-presidente.
Processo jurídico em curso
Paralelamente às questões de saúde, Bolsonaro enfrenta desafios jurídicos. Em março de 2025, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que ele deve responder a acusações de conspiração para subverter o resultado das eleições de 2022.
Embora já tenha sido declarado inelegível até 2030 por desacreditar o sistema de votação do país, uma eventual condenação no STF pode resultar em penas mais severas, incluindo prisão. No entanto, Bolsonaro nega as acusações e alega ser alvo de perseguição política.
Apoio da família e apoiadores
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro tem acompanhado de perto a recuperação do marido. Ela restringiu visitas ao ex-presidente e pediu compreensão aos aliados, enfatizando a necessidade de um ambiente tranquilo para a recuperação.
Michelle também tem utilizado as redes sociais para atualizar apoiadores sobre o estado de saúde de Bolsonaro, expressando gratidão pelas orações e mensagens de apoio.
Monitoramento intensivo
A equipe médica reforçou que, apesar da estabilidade clínica atual, o ex-presidente não tem previsão de alta e continuará sob cuidados intensivos.
Eles destacaram a importância de seguir rigorosamente as orientações médicas para evitar complicações e garantir uma recuperação completa. A colaboração de familiares, amigos e apoiadores é fundamental nesse processo, respeitando as limitações impostas pelo quadro clínico de Bolsonaro.
Expectativas e próximos passos
Em resumo, Jair Bolsonaro enfrenta mais um desafio em sua saúde, decorrente das sequelas do atentado de 2018. A cirurgia recente foi bem-sucedida, mas a recuperação exigirá tempo, paciência e cuidados específicos. Portanto, suas atividades políticas e jurídicas permanecem em segundo plano, com foco principal na sua plena recuperação.