A instalação de pedágios no Vetor Norte da RMBH gerou insatisfação popular e críticas de parlamentares. Com tarifas elevadas e impacto na mobilidade, o projeto enfrenta resistência de moradores e movimentos sociais. O governo defende a medida como necessária para modernizar rodovias, mas a falta de diálogo intensifica o debate.
A proposta de instalação de pedágios no Vetor Norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) tem gerado intensos debates e mobilizações. Durante audiência pública realizada na Câmara Municipal de Belo Horizonte, no dia 20 de março de 2025, parlamentares, representantes municipais e moradores expressaram insatisfação com o projeto de concessão rodoviária do governo estadual, liderado por Romeu Zema.
A medida prevê a instalação de 12 praças de pedágio em rodovias estratégicas, como a MG-10, que conecta a capital ao Aeroporto de Confins.
O cerne da insatisfação

O principal ponto de discórdia é o custo elevado da tarifa, estipulado em R$ 0,40 por quilômetro, considerado um dos mais altos do estado. Comparativamente, o valor supera o cobrado em rodovias federais, como a BR-381, onde a tarifa é de R$ 0,04 por quilômetro.
Além disso, o modelo de cobrança free flow, que utiliza sensores para leitura de placas sem a necessidade de praças físicas, foi criticado por parlamentares e moradores. O sistema, que exige pagamento via aplicativo ou site, foi apelidado de “multa livre”, devido à estimativa de 18% de inadimplência no primeiro ano.
Impactos econômicos e sociais
Os impactos econômicos e sociais foram amplamente discutidos. Representantes de cidades como Vespasiano, Pedro Leopoldo e Confins destacaram que a medida prejudicará trabalhadores que dependem das rodovias para deslocamento diário. Vespasiano, por exemplo, é uma cidade-dormitório, com muitos moradores que trabalham ou realizam tratamentos médicos em Belo Horizonte. O presidente da Câmara Municipal de Vespasiano, Dorivaldo Oliveira (PSDB), afirmou que a instalação de pedágios “impactará diretamente a mobilidade e a economia local”.
Motoristas de aplicativos e transportadores autônomos também se posicionaram contra a medida. João Paulo de Castro Dias, representante do Sincavir-MG, enfatizou que os custos adicionais recairão sobre os trabalhadores, que já enfrentam dificuldades financeiras. “O motorista por aplicativo está sangrando. Essa conta sempre estoura nas costas do trabalhador”, declarou.
Defesa do governo estadual
O governo estadual, por sua vez, defendeu a concessão como uma solução para modernizar a infraestrutura rodoviária e atrair investimentos. O subsecretário de Concessões e Parcerias, Vitor Costa, argumentou que os recursos estaduais são insuficientes para grandes obras e que as concessões são uma alternativa viável. Ele destacou que o projeto prevê melhorias significativas nas rodovias, como redução de acidentes e menor tempo de viagem.
No entanto, a justificativa não convenceu os críticos. Parlamentares de diferentes espectros políticos, como Bella Gonçalves (PSOL) e Bruno Engler (PL), uniram-se contra a medida, apontando a falta de diálogo com as comunidades afetadas. Movimentos como “BH Sem Pedágio” também ganharam força, com mais de 28 mil assinaturas em uma petição online contra a instalação das tarifas.
Próximos passos e mobilizações
A audiência pública evidenciou a crescente mobilização contra os pedágios. Propostas legislativas para barrar a medida estão em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), mas enfrentam resistência de deputados aliados ao governo. Além disso, ações judiciais estão sendo consideradas por vereadores e movimentos sociais.
Enquanto o governo estadual mantém sua posição, a insatisfação popular continua a crescer, com moradores e representantes locais exigindo maior diálogo e transparência. A questão dos pedágios no Vetor Norte promete ser um dos temas mais debatidos na política mineira nos próximos meses.