A Origem e Evolução do Strogonoff pelo Mundo
O strogonoff, hoje famoso em muitos países, teve suas origens na Rússia do século XVI, no Palácio Stroganov, em São Petersburgo. Durante esse período, ele se destacou como um prato requintado, cuja receita original consistia em cubos de filé mignon com creme azedo. No entanto, foi somente com a Revolução Comunista de 1917 que a receita se espalhou pela Europa, sendo levada pelos exilados russos. Assim, o prato chegou à França, onde ganhou versões com cogumelos, e eventualmente se popularizou no restaurante Maxim’s, um dos mais renomados de Paris. Com o tempo, o strogonoff viajou pelo mundo e passou por diversas adaptações em diferentes países.
A Chegada do Strogonoff ao Brasil
No Brasil, o strogonoff foi introduzido após a Segunda Guerra Mundial, pelas mãos do imigrante austríaco Max von Stuckart, que chegou ao Rio de Janeiro no final da década de 1940. Max, que havia trabalhado em renomados restaurantes da Europa, rapidamente encontrou seu lugar no Copacabana Palace. Em 1947, ele fundou a famosa Boate Vogue em Copacabana, onde o prato se destacou no cardápio. A adaptação brasileira do strogonoff incluiu o uso de creme de leite misturado com molho de tomate, geralmente servido com arroz branco e batata palha. Desde então, o strogonoff se tornou um prato clássico em muitos lares e restaurantes brasileiros, assim como outras receitas sofisticadas que estavam em alta na época.
A Sofisticação do Strogonoff e Outros Pratos nos Restaurantes Brasileiros
Nos anos 1940 a 1980, o strogonoff era sinônimo de sofisticação, sendo servido em ocasiões especiais em lares brasileiros. Ao lado dele, pratos como steak au poivre, filé à belle meunière e tornedor ao molho de cogumelos também eram populares em restaurantes que buscavam uma aura de refinamento. Essas receitas, inspiradas na culinária francesa e italiana, dominavam os cardápios de estabelecimentos que queriam se destacar. Servir strogonoff em um jantar em casa era visto como um gesto de grande hospitalidade e elegância, em substituição a pratos mais simples, como frango com quiabo ou carne assada.
O Movimento de Valorização da Gastronomia Brasileira
Foi somente no início dos anos 2000 que se iniciou um movimento para valorizar a gastronomia autenticamente brasileira. Liderado pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o Festival Belô Sabor, que ocorreu entre 2001 e 2005 em Belo Horizonte, foi o marco dessa mudança. A ideia era deixar de lado a obsessão por pratos internacionais e destacar a rica culinária nacional, repleta de ingredientes e tradições regionais.
A partir de 2006, o festival evoluiu para o Brasil Sabor, promovido em diversas regiões do país. O evento reuniu centenas de restaurantes, cada um valorizando os ingredientes típicos de sua localidade. Esse resgate da culinária regional, longe de ser um gesto nacionalista, era uma forma de celebrar a diversidade gastronômica do Brasil e colocá-la no mesmo patamar que os pratos internacionais.
Globalização e a Gastronomia Brasileira: A Síntese do Local e Global
A globalização, embora tenha trazido receitas como o strogonoff ao Brasil, também permitiu que a culinária brasileira ganhasse destaque no cenário internacional. O conceito de “glocalização”, que mistura global com local, adotado pelo movimento Slow Food, é fundamental para entender esse processo. Ao mesmo tempo em que continuamos a apreciar pratos como o strogonoff, devemos valorizar nossa gastronomia e contar a história de pratos regionais, como o arroz de carreteiro, a moqueca capixaba e o pato no tucupi.
Hoje, a Abrasel continua sua missão de promover a gastronomia brasileira de Norte a Sul do país. Ao fazer isso, ajuda a preservar nossa rica cultura culinária, enquanto nos conectamos com o mundo. Assim, celebramos tanto o strogonoff quanto as receitas que nasceram em solo brasileiro, em uma fusão harmoniosa de tradições e inovação culinária.
