Marcelo Eduardo Lelis de Oliveira, ou simplesmente Lelis, nasceu em Montes Claros, Minas Gerais, em 30 de julho de 1967. Reconhecido como ilustrador e quadrinista, Lelis possui uma carreira que transcende fronteiras, com publicações no Brasil, França e Sérvia. Sua trajetória é marcada pela paixão pelo desenho desde a infância e pela constante busca por inovação, mesmo em um mercado em transformação. Neste texto, conhecemos mais sobre a vida, inspirações e desafios enfrentados por esse grande nome da ilustração.
Os Primeiros Passos na Arte da Ilustração
Desde os seis anos de idade, Lelis já demonstrava sua inclinação para o desenho. “Sempre desenhava nos meus cadernos de escola, havia mais desenhos que matérias”, relembra, com humor. Apesar do incentivo para se dedicar mais aos estudos, sua paixão pelo desenho sempre falava mais alto. Essa devoção o levou a um caminho que, na infância, era apenas uma brincadeira, mas se transformaria em profissão.
No entanto, o início da carreira não foi simples. Em Montes Claros, nos anos 1980, as oportunidades para ilustradores eram limitadas. “Na minha cidade, não havia de fato um emprego para um ilustrador”, conta. Foi apenas ao mudar para Belo Horizonte que ele descobriu que essa paixão poderia se tornar uma profissão. Durante esse período, Lelis trabalhou em redações de jornais, onde adquiriu valiosas lições de vida e de carreira. Mesmo enfrentando as dificuldades de acesso a referências artísticas no interior, ele encontrou inspiração no artista plástico búlgaro Konstantin Christoff, que o apresentou a obras de artistas nacionais e internacionais.
Influências Artísticas e Conquistas
Ao longo de sua trajetória, Lelis se inspirou em muitos artistas e movimentos. Ele destaca especialmente os ilustradores da era de ouro da ilustração americana como grandes influências em seu trabalho. No entanto, mais do que se apoiar em inspirações externas, ele sempre manteve a criatividade como um ponto central em sua produção.
Para ele, a maior conquista não está em prêmios ou projetos específicos, mas na própria continuidade de sua arte. “Estar vivo e continuar a produzir é uma conquista. O mais significativo sempre está por vir”, afirma, com humildade e gratidão. Essa visão otimista reflete seu compromisso em seguir inovando e explorando novos caminhos na ilustração.
O Processo Criativo e a Arte Tradicional
Lelis não segue um método rígido para desenvolver suas ideias. Para ele, as inspirações surgem em momentos inesperados. “As ideias vêm enquanto realizo atividades corriqueiras ou até mesmo durante o ato de desenhar”, explica. Essa fluidez no processo criativo demonstra sua capacidade de transformar o cotidiano em arte, sem depender de fórmulas prontas.
Quando se trata de técnica, Lelis é categórico: prefere a ilustração tradicional. Ele acredita que o trabalho manual reflete a humanidade do artista e permite que erros e “acidentes” enriqueçam a obra. “É nela que somos desafiados a arriscar mais, como fazemos na vida”, afirma. Embora reconheça a importância das ferramentas digitais, ele valoriza o toque humano que a arte tradicional proporciona.
Além disso, manter uma rotina disciplinada é fundamental para sua criatividade. “Acordo cedo e desenho todos os dias, seja para um trabalho ou para um experimento”, compartilha. E quando enfrenta bloqueios criativos, sua estratégia é simples, mas poderosa: insistir. Essa determinação o ajuda a superar os desafios e continuar produzindo.
Os Desafios e a Realidade do Mercado de Ilustração
O mercado de ilustração apresenta desafios significativos, especialmente em um cenário cada vez mais dominado por inteligência artificial e imagens padronizadas. Para Lelis, o maior desafio é criar algo novo e com um estilo próprio. “Com o surgimento da IA, parece que qualquer um pode ser ilustrador, mas uma hora essa saturação vai acontecer. Precisamos buscar o inédito”, reflete.
Ele enfatiza a importância de não abandonar as técnicas artesanais, que podem ser um diferencial em um mundo digital. “Dedique tempo a aprender pintura tradicional, colagens e desenho”, aconselha aos iniciantes na área. Além disso, ele destaca que tanto a técnica quanto a comunicação são igualmente essenciais para trabalhar com clientes. “Não adianta ter uma técnica primorosa e não saber se comunicar”, alerta.
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Inspiração e Estilo
A infância de Lelis no sertão de Minas Gerais continua sendo uma fonte inesgotável de inspiração para seu trabalho. “Tudo que faço se reflete nos meus olhos de criança: cores, formas, composições”, revela. Essa conexão com suas raízes é evidente em suas ilustrações, que frequentemente carregam uma sensibilidade única e autêntica.
Ele reconhece que seu estilo evoluiu ao longo do tempo, acompanhando seu amadurecimento pessoal e profissional. Para ele, mudar faz parte do processo artístico e enriquece o trabalho. Ainda assim, ele ressalta a importância de desenvolver um estilo próprio, algo que distingue o artista em um mercado competitivo.
Quando perguntado sobre com quem gostaria de colaborar, Lelis não hesita: John Singer Sargent, pintor italiano do século XIX, seria sua escolha. Essa referência reflete sua admiração por mestres clássicos e sua busca contínua por excelência na arte.
Conclusão: A Arte como Reflexo da Vida
A trajetória de Lelis é marcada pela dedicação à ilustração e pela busca incessante por inovação e autenticidade. Desde os primeiros desenhos nos cadernos escolares até suas obras publicadas internacionalmente, ele demonstra que a arte é um reflexo de quem somos e do que vivemos.
Com uma visão otimista sobre o futuro e uma sólida conexão com suas origens, Lelis continua a inspirar outros artistas e a contribuir para o mundo da ilustração com sua habilidade única e visão humana. Para ele, cada nova criação é uma oportunidade de explorar o desconhecido e reafirmar o valor da arte tradicional em um mundo em constante transformação.