O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a adiar o processo de venda do TikTok para empresas fora da China. Com a nova decisão, o aplicativo da ByteDance ganhou um prazo adicional de 75 dias para ser comercializado, empurrando a data-limite para 18 de junho de 2025. A medida representa a segunda prorrogação desde o início das negociações, inicialmente estabelecidas durante o governo Biden, ainda em 2024.
A prorrogação surge em meio a declarações recentes da Casa Branca de que o futuro do TikTok nos EUA seria definido nesta semana. Embora o prazo anterior expirasse neste sábado, dia 5 de abril, o governo optou por dar mais tempo para que um acordo definitivo seja fechado com investidores norte-americanos. Caso nenhuma venda seja concluída até a nova data, o aplicativo poderá ser banido do território norte-americano.
Venda do TikTok está condicionada a empresa dos EUA
A proposta em análise prevê que o TikTok seja transferido para um grupo de investidores sediados nos Estados Unidos, o que reduziria a influência chinesa sobre a plataforma. Entre os interessados estão nomes de peso como Andreessen Horowitz, Blackstone e Silver Lake, todos já envolvidos em negociações com empresas de tecnologia.
Segundo informações divulgadas por fontes ligadas à administração norte-americana, o acordo ainda depende da aprovação de diversos órgãos reguladores, o que motivou o novo adiamento. Em publicação recente em seu perfil na Truth Social, Trump afirmou que “o acordo exige mais trabalho” e garantiu que não deseja que o TikTok deixe de existir, especialmente por causa de sua enorme base de usuários no país.
TikTok tem mais de 170 milhões de usuários nos EUA
Atualmente, o TikTok conta com mais de 170 milhões de usuários ativos nos Estados Unidos, incluindo jovens, criadores de conteúdo e marcas que utilizam a plataforma como canal estratégico de comunicação e vendas. Por isso, o futuro do TikTok nos EUA se tornou uma pauta sensível, envolvendo não apenas questões econômicas, mas também sociais e políticas.
Trump, que já havia assinado uma ordem executiva em janeiro, concedeu um prazo inicial de 75 dias para que a ByteDance encontrasse um comprador norte-americano. Com o término dessa primeira prorrogação se aproximando, o novo prazo aparece como uma tentativa de preservar o aplicativo no país, mas sob controle local. A iniciativa visa mitigar preocupações de segurança nacional e proteger os dados dos usuários americanos.
Segurança nacional e tensão com a China
Desde que a discussão sobre a venda do TikTok começou, o governo dos Estados Unidos tem argumentado que a rede social representa um risco à segurança nacional, principalmente por conta da possibilidade de transferência de dados para o governo chinês. Essa preocupação tem se intensificado em meio a uma série de tensões comerciais entre Washington e Pequim.
Durante as celebrações do Liberation Day, em 2 de abril, a Casa Branca anunciou a imposição de novas tarifas de 54% sobre produtos chineses, resultado do somatório de duas parcelas de 10% aplicadas em janeiro e outras medidas adicionais anunciadas recentemente. Como resposta, a China informou que aplicará tarifas recíprocas de 34% sobre importações norte-americanas já na próxima semana, aumentando ainda mais o clima de instabilidade econômica entre as duas potências.
Histórico do TikTok nos EUA e medidas do governo Biden
As tensões em torno do futuro do TikTok nos EUA não começaram agora. Em 2024, durante a gestão de Joe Biden, um projeto de lei foi aprovado exigindo a venda da rede social a uma empresa fora da China. Caso contrário, o app seria proibido de operar no país. Essa medida provocou forte repercussão na imprensa internacional e gerou protestos de usuários, influenciadores digitais e até representantes da indústria da tecnologia.
Na época, o TikTok chegou a sair do ar por cerca de 12 horas nos Estados Unidos, o que evidenciou o impacto que uma eventual proibição poderia causar. A instabilidade, embora momentânea, acendeu o alerta sobre a dependência de milhões de usuários da plataforma e sua importância estratégica para a comunicação digital no país.
Empresas americanas interessadas na compra
Entre os investidores que negociam a compra do TikTok, algumas empresas se destacam por sua presença no setor de tecnologia e inovação. A Andreessen Horowitz, por exemplo, é uma das maiores firmas de capital de risco do mundo e já participou de rodadas de investimento em plataformas como Facebook, Airbnb e Instagram. A Blackstone e a Silver Lake também são players relevantes, com participação em grandes grupos de mídia, infraestrutura e tecnologia.
A intenção da Casa Branca é apoiar um acordo que garanta o controle do aplicativo a uma empresa americana ou, no mínimo, com gestão majoritária baseada nos Estados Unidos. Esse novo modelo de governança seria essencial para manter a operação do TikTok em território norte-americano e ao mesmo tempo proteger os dados dos usuários.
TikTok tenta se manter neutro no impasse
Por outro lado, a ByteDance, empresa controladora do TikTok, tem tentado manter uma postura de neutralidade no debate. Em comunicados oficiais, a companhia reafirma que cumpre as leis de proteção de dados em todos os países onde atua e que tem buscado soluções para manter o app operando nos Estados Unidos de forma transparente.
A empresa também iniciou ações internas de reestruturação, criando centros de dados nos EUA e investindo em auditorias externas para reforçar a confiança das autoridades. No entanto, mesmo com esses esforços, a exigência de venda continua sendo um ponto inegociável por parte do governo americano.
Decisão final pode influenciar outras plataformas
O que acontecer com o TikTok nos próximos meses servirá como referência para outras plataformas tecnológicas com sede fora dos Estados Unidos. Dependendo da forma como a transação for conduzida, o caso poderá criar um precedente jurídico e político para regular redes sociais com atuação global.
Especialistas alertam que, embora a justificativa do governo americano esteja centrada na segurança nacional, o impacto pode ir além e influenciar a geopolítica digital. A relação entre Estado, empresas de tecnologia e usuários está cada vez mais interligada, e decisões como essa tendem a moldar o futuro da liberdade de expressão, da privacidade e da governança digital.
O novo adiamento da venda do TikTok amplia o tempo para negociações, mas também aumenta a tensão entre os envolvidos. Enquanto os usuários aguardam uma definição sobre o destino do aplicativo, investidores e autoridades tentam encontrar uma solução que seja economicamente viável, juridicamente segura e politicamente aceitável.
Até o momento, o futuro do TikTok nos EUA permanece incerto. Com o prazo estendido até 18 de junho, cresce a expectativa de que um acordo seja concretizado. Do contrário, os Estados Unidos podem dar um passo inédito ao banir uma das redes sociais mais populares do mundo, com consequências imprevisíveis para o mercado global de tecnologia.