Dia Mundial do Café celebra tradição e aponta desafios para o setor
O Dia Mundial do Café é comemorado em 14 de abril e representa um momento especial para milhões de brasileiros. Mais do que uma simples bebida, o café é um símbolo da nossa cultura, presente em casas, padarias, escritórios e bares. Desde o início do dia até a última reunião, ele está lá, conectando pessoas e proporcionando momentos de pausa.
Inflação do café pressiona bares e restaurantes

Nos últimos meses, o preço do café subiu significativamente, afetando principalmente o setor de alimentação fora do lar. Segundo o IBGE, o café moído acumulou uma inflação de 77,78% nos últimos 12 meses até março de 2025. Para efeito de comparação, a inflação geral do mesmo período foi de apenas 5,48%. Isso significa que manter no cardápio ficou muito mais caro.
No entanto, repassar esses aumentos ao consumidor não tem sido fácil. De acordo com a Abrasel, 32% dos estabelecimentos não conseguiram reajustar os preços, enquanto 22% fizeram ajustes abaixo da inflação. Esse cenário desafia a sustentabilidade dos negócios, que precisam equilibrar custos sem perder clientes.
Cafés especiais ganham destaque mesmo com custos mais altos
Apesar da alta de preços, uma tendência tem se consolidado: a valorização dos cafés especiais. Diferente dos grãos comuns, eles passam por uma rigorosa avaliação de qualidade, com notas superiores a 80 em critérios como acidez, aroma, sabor e ausência de defeitos. Isso tem despertado o interesse de consumidores mais exigentes e atentos à origem dos produtos.
Segundo Lucas Parizzi, sócio da A Pão de Queijaria, marca conhecida por sua proposta criativa, o público está cada vez mais curioso sobre o que consome. “As pessoas buscam entender o que estão tomando, de onde vem o grão e como ele foi torrado. Isso gera valor e transforma a xícara em uma experiência”, explica. Essa transformação no consumo tem sido positiva para quem aposta na diferenciação como estratégia.
Arábica valorizado desafia produtores e empreendedores
Por outro lado, os grãos da variedade arábica, base dos cafés especiais, sofreram forte valorização no mercado internacional. Isso elevou o custo de produção e impactou diretamente os preços finais. Diante disso, muitos empresários estão buscando alternativas para manter a rentabilidade.
Uma saída possível é o uso de grãos conilon, geralmente mais baratos e de sabor menos complexo. Com técnicas modernas de torra, o conilon pode atingir bons níveis de qualidade. Ao criar blends personalizados e ajustar o paladar da bebida, é possível manter a margem de lucro sem comprometer tanto a experiência do consumidor.
Criatividade impulsiona o mercado de cafeterias
O cenário atual também incentiva a inovação. Em várias cidades brasileiras, surgem cafeterias com propostas autorais, que buscam surpreender o cliente com novas formas de servir a bebida. Misturas com especiarias, bebidas geladas, coquetéis à base e métodos de preparo diferenciados são algumas das apostas.
Na A Pão de Queijaria, o diferencial está na união entre o café e o pão de queijo mineiro. “A gente serve café com doce de leite, com frutas e até com sorvete. A ideia é oferecer algo que o cliente não encontre em outro lugar”, diz Parizzi. Essa estratégia de diferenciação é essencial para quem deseja se manter competitivo no mercado.
Experiência do cliente é o novo foco das marcas
Mais do que vender uma bebida, as marcas estão investindo em experiências completas. Isso inclui ambiente agradável, atendimento qualificado e comunicação visual coerente. Tudo isso contribui para fidelizar o público e justificar preços mais elevados.
Com mais cafeterias abrindo em todo o Brasil, o consumidor tem à disposição diversas opções. Por isso, criar identidade própria e valor agregado é fundamental. Investir em storytelling, destacar a origem do grão e valorizar o trabalho do produtor são formas de estreitar o vínculo com o cliente final.
Estratégias de gestão fazem a diferença em tempos difíceis
Para os empreendedores que atuam no setor, a gestão precisa ser cada vez mais estratégica. Monitorar custos, buscar fornecedores confiáveis e aproveitar datas comemorativas como o Dia Mundial do Café são medidas que fazem diferença no faturamento.
Também é importante acompanhar tendências de consumo, avaliar a viabilidade de cardápios sazonais e investir em treinamento de equipe. Ter baristas capacitados e informados pode aumentar o valor percebido pelo cliente, melhorando a experiência e elevando o tíquete médio por atendimento.
O futuro do café exige inovação e responsabilidade
O Dia Mundial do Café de 2025 convida empresários, consumidores e produtores a refletirem sobre o futuro da bebida. A cadeia do café é extensa, vai do campo à xícara e envolve uma série de decisões conscientes. Valorizar o café brasileiro passa por apoiar práticas sustentáveis, promover inclusão no campo e garantir qualidade do grão até o ponto de venda.
Apesar das dificuldades, o mercado também apresenta oportunidades. A busca por produtos autênticos, a valorização de sabores locais e o desejo por experiências sensoriais abrem espaço para novos negócios. Para aproveitar esse momento, será essencial alinhar tradição com inovação, mantendo o café como símbolo de identidade e hospitalidade.