O Governo de Minas Gerais, em parceria com a mineradora Anglo American, anunciou o lançamento oficial da Estrada Cênica da Cordilheira do Espinhaço, projeto inovador que irá conectar a cidade de Lagoa Santa a Diamantina por meio de uma rodovia contemplativa com cerca de 250 quilômetros.
A rota, que percorre paisagens deslumbrantes da região do Espinhaço, representa um marco no turismo estadual e promete transformar o corredor em uma referência nacional em turismo de natureza, cultura e gastronomia mineira.
Rota inédita será a primeira estrada cênica de Minas Gerais
A estrada será a primeira com perfil contemplativo no estado, com o objetivo de unir municípios e atrativos culturais ao longo da Cordilheira do Espinhaço, uma das regiões mais ricas em biodiversidade e patrimônio histórico de Minas Gerais.
O ponto de partida da rota será em Lagoa Santa, cidade estratégica por estar próxima ao Aeroporto Internacional de Confins, considerada a principal porta de entrada para turistas que chegam a Minas. A estrada segue por municípios do interior mineiro até chegar a Diamantina, joia do barroco brasileiro e Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco.
Além disso, o trajeto inclui outros destinos de grande apelo turístico, como o Parque Nacional da Serra do Cipó, as famosas cachoeiras de Conceição do Mato Dentro, as montanhas de Morro do Pilar e os centros históricos de Serro e Diamantina. Com isso, o visitante poderá vivenciar experiências que envolvem ecoturismo, espiritualidade, história e o sabor do legítimo Queijo Minas Artesanal.
Quatro circuitos turísticos conectados por uma única estrada

A Estrada Cênica irá integrar quatro grandes roteiros mineiros já consolidados: o Circuito das Grutas, o Circuito Serra do Cipó, as Trilhas do Rio Doce e o Circuito dos Diamantes. Com isso, será possível percorrer em um único trajeto vários patrimônios naturais e culturais que antes exigiam deslocamentos independentes. Entre os destaques, estão as formações rochosas do Parque Estadual do Sumidouro, as trilhas da Serra do Cipó e os casarões coloniais que marcaram o ciclo do diamante no Brasil.
A rota será um elo entre o presente e o passado, promovendo o resgate da história mineira ao mesmo tempo em que fortalece o turismo sustentável. “Estamos diante de uma nova fronteira para o turismo nacional. A estrada vai gerar renda, proteger o meio ambiente e preservar tradições locais”, afirmou Ana Cunha, diretora de Assuntos Corporativos da Anglo American, durante o lançamento do projeto.
Municípios que farão parte da nova rota contemplativa
O percurso total da Estrada Cênica atravessará 11 cidades mineiras, todas com forte vocação turística e ambiental. São elas: Lagoa Santa, Jaboticatubas, Santana do Riacho, Morro do Pilar, Conceição do Mato Dentro, Congonhas do Norte, Alvorada de Minas, Dom Joaquim, Santo Antônio do Itambé, Serro e Diamantina.
A maior parte do trajeto segue pela rodovia MG-010, que será a espinha dorsal do projeto até a cidade de Serro, de onde se conecta à histórica Estrada Real. Em cada uma dessas localidades, serão implementadas sinalizações, mirantes, pontos de apoio ao visitante e estrutura mínima de segurança.
De acordo com Gustavo Campos, secretário de Turismo de Conceição do Mato Dentro, a proposta surgiu ainda na época de criação dos circuitos turísticos e das Instâncias Regionais de Governança (IGRs). “A ideia era conectar grutas, montanhas e diamantes. Diferente das estradas-parque, que cortam áreas de preservação, a estrada cênica valoriza o entorno e convida o turista a apreciar as paisagens e as comunidades ao redor”, explicou.
Estrutura turística será implantada ao longo dos próximos anos
Embora o trajeto físico já exista, ainda serão necessárias obras para tornar a estrada cênica completa. Entre as melhorias previstas estão a pavimentação de trechos críticos, instalação de sinalização turística, construção de mirantes panorâmicos, implantação de câmeras de segurança e áreas de descanso com acessibilidade.
Campos projeta que a estruturação total da estrada possa levar de cinco a seis anos, desde que o governo federal e estadual atuem de forma coordenada e contínua.
Segundo ele, “é uma estrada que nunca vai ficar totalmente pronta”, mas que estará em constante aprimoramento. A expectativa é que, à medida que o turismo aumente, os próprios municípios também invistam na melhoria da infraestrutura local. Além disso, a implementação de políticas públicas permanentes será essencial para manter a segurança, a conservação ambiental e a qualidade da experiência do visitante.
Cordilheira do Espinhaço será protagonista do novo turismo mineiro
A Cordilheira do Espinhaço, que corta o estado de Minas Gerais no sentido norte-sul, é considerada pela Unesco uma Reserva da Biosfera. A região abriga uma rica diversidade de flora e fauna, além de expressivos marcos históricos, culturais e geológicos. Com a implantação da estrada cênica, esse patrimônio natural ganha visibilidade e pode ser convertido em fonte de desenvolvimento local.
Para o secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas, Leônidas Oliveira, o Brasil ainda desconhece o verdadeiro valor da cordilheira. “Estamos falando de um território que abriga a Serra do Cipó, os centros históricos de Serro e Diamantina e o Queijo Minas Artesanal, agora reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco. Transformar essa riqueza em experiência é colocar Minas no mapa do turismo internacional”, destacou.
Sustentabilidade e economia criativa como motores da rota
O projeto da Estrada Cênica da Cordilheira do Espinhaço nasceu dentro do Programa de Desenvolvimento Regional Colaborativo (DRC) da Anglo American e foi incorporado pelo Governo de Minas como parte de sua política de turismo sustentável.
A proposta une setores público e privado em torno de um objetivo comum: impulsionar o desenvolvimento regional a partir da valorização da cultura, da gastronomia, do meio ambiente e das comunidades locais.
Segundo os idealizadores, a expectativa é que a rota gere empregos diretos e indiretos, fomente pequenos negócios, fortaleça o turismo rural e incentive o turismo de base comunitária. Além disso, iniciativas de capacitação, apoio à produção artesanal e promoção de eventos culturais serão fomentadas ao longo da estrada. Com isso, o projeto se apresenta não apenas como um produto turístico, mas como uma verdadeira política de desenvolvimento regional integrada.
Experiências que vão além do visual: turismo sensorial e afetivo
Mais do que uma estrada bonita, o trajeto pretende entregar experiências completas, que envolvem todos os sentidos. O som das cachoeiras, o sabor do Queijo Minas Artesanal, o cheiro da vegetação nativa e as histórias dos moradores formam um conjunto imersivo. A intenção é que o visitante saia da rota transformado, com lembranças vivas da hospitalidade mineira e da riqueza cultural do interior.
Para isso, haverá também a criação de roteiros temáticos, como o caminho das águas, o roteiro do queijo, trilhas da fé e rotas gastronômicas. Essa diversidade de experiências será fundamental para atrair perfis distintos de turistas, desde os aventureiros até famílias, casais e estrangeiros em busca de autenticidade.